Por Bepe Damasco, em seu blog:
Como jornalista, blogueiro e militante, me orgulho de ter feito parte de um grupo pequeno de ativistas da esquerda brasileira que se insurgiu e denunciou a gigantesca farsa montada por Joaquim Barbosa, e endossada pela maioria do STF, durante o julgamento da Ação Penal 470.
A blogosfera progressista em peso e guerrilheiros digitais em geral travaram uma guerra desigual contra as manipulações e as mentiras da mídia golpista, contra a narrativa sem pé nem cabeça criada por Barbosa para dar vazão à sua obsessão de criminalizar o PT, contra o cerceamento do direito de defesa, contra a liquidação da presunção de inocência, contra a condenação sem provas via interpretação canhestra de teorias estranhas ao bom direito, contra as seguidas violações do Código Penal, do Código de Processo Penal e da Constituição.
Não faltaram alertas à sociedade sobre o precedente perigosíssimo que se abria. Chamamos a atenção para o "monstro institucional" em que se transformara o Ministério Público, para os riscos de uma Polícia Federal sem controle republicano, para a nível absurdo de seletividade e partidarização de amplos setores do Judiciário e, claro, para o o massacre midiático diário que os réus petistas sofriam.
Embora juristas e jornalistas respeitados tenham cerrado fileiras entre os que condenavam os métodos do julgamento, essa pregação, infelizmente, encontrou escassa ressonância no governo e no PT. O partido praticamente durante todo o processo se limitou a emitir notas oficiais. Em nenhum momento mobilizou sua militância para enfrentar o bicho de sete cabeças que se erguia no horizonte.
Tomados por uma mistura de pragmatismo político-eleitoral desmedido e por um republicanismo ingênuo, grande parte da cúpula do partido, a presidenta Dilma e seus ministros, e até o ex-presidente Lula, deixaram o barco rolar. Era voz corrente entre eles que a simples menção ao tema "mensalão" tinha o condão de provocar um estrago eleitoral de proporções vulcânicas.
A popularidade de Dilma estava nas alturas na ocasião. Já o PT despontava disparado como o partido preferido dos brasileiros. Por tudo isso, sabia-se que se governo e partido tivessem se posicionado em relação ao julgamento com a contundência crítica necessária, o resultado poderia ter sido outro. Tanto no sentido de impedir condenações sem provas como para minimizar o rombo na imagem do PT.
No quesito solidariedade aos companheiros massacrados, o PT também deixou muito a desejar. O grosso dos seus militantes e dirigentes se dividiam entre os que consideravam (às vezes de forma velada e escamoteada) que os acusados mereciam a condenação e os que faziam de tudo para se proteger do contágio político.
Lembro de um dos réus contando, nos bastidores de um dos debates, palestras e conferências sobre o assunto, que ao procurar um petista graduado ouviu dele a sentença : "Infelizmente, não podemos socorrer os companheiros feridos na guerra." É inaceitável que quadros políticos experientes e preparados não tenham enxergado ali a serpente chocando seu ovo golpista.
Ovo que acabou quebrado na Lava Jato e no golpe de estado em curso. Sem os abusos e as injustiças praticadas a céu aberto pelo "mensalão", a Lava Jato não ousaria ir tão longe. O terreno devidamente adubado por Barbosa não tardou em ser pisado gloriosamente por Moro, sob os aplausos da legião de analfabetos políticos cevados pela mídia no 'mensalão' e ávida por mais uma oportunidade de destruir o PT.
Mesmo correndo risco de cometer injustiças, pois não há espaço para listar todos, mas, ao lembrar do embate de David contra Golias do "mensalão" é impossível não citar os dirigentes da CUT-RJ José Garcia Lima e Marcelo Rodrigues (hoje presidente), parceiros que não hesitaram em remar contra a maré e tiveram papel destacado nessa trincheira de luta aqui no Rio de Janeiro.
Como jornalista, blogueiro e militante, me orgulho de ter feito parte de um grupo pequeno de ativistas da esquerda brasileira que se insurgiu e denunciou a gigantesca farsa montada por Joaquim Barbosa, e endossada pela maioria do STF, durante o julgamento da Ação Penal 470.
A blogosfera progressista em peso e guerrilheiros digitais em geral travaram uma guerra desigual contra as manipulações e as mentiras da mídia golpista, contra a narrativa sem pé nem cabeça criada por Barbosa para dar vazão à sua obsessão de criminalizar o PT, contra o cerceamento do direito de defesa, contra a liquidação da presunção de inocência, contra a condenação sem provas via interpretação canhestra de teorias estranhas ao bom direito, contra as seguidas violações do Código Penal, do Código de Processo Penal e da Constituição.
Não faltaram alertas à sociedade sobre o precedente perigosíssimo que se abria. Chamamos a atenção para o "monstro institucional" em que se transformara o Ministério Público, para os riscos de uma Polícia Federal sem controle republicano, para a nível absurdo de seletividade e partidarização de amplos setores do Judiciário e, claro, para o o massacre midiático diário que os réus petistas sofriam.
Embora juristas e jornalistas respeitados tenham cerrado fileiras entre os que condenavam os métodos do julgamento, essa pregação, infelizmente, encontrou escassa ressonância no governo e no PT. O partido praticamente durante todo o processo se limitou a emitir notas oficiais. Em nenhum momento mobilizou sua militância para enfrentar o bicho de sete cabeças que se erguia no horizonte.
Tomados por uma mistura de pragmatismo político-eleitoral desmedido e por um republicanismo ingênuo, grande parte da cúpula do partido, a presidenta Dilma e seus ministros, e até o ex-presidente Lula, deixaram o barco rolar. Era voz corrente entre eles que a simples menção ao tema "mensalão" tinha o condão de provocar um estrago eleitoral de proporções vulcânicas.
A popularidade de Dilma estava nas alturas na ocasião. Já o PT despontava disparado como o partido preferido dos brasileiros. Por tudo isso, sabia-se que se governo e partido tivessem se posicionado em relação ao julgamento com a contundência crítica necessária, o resultado poderia ter sido outro. Tanto no sentido de impedir condenações sem provas como para minimizar o rombo na imagem do PT.
No quesito solidariedade aos companheiros massacrados, o PT também deixou muito a desejar. O grosso dos seus militantes e dirigentes se dividiam entre os que consideravam (às vezes de forma velada e escamoteada) que os acusados mereciam a condenação e os que faziam de tudo para se proteger do contágio político.
Lembro de um dos réus contando, nos bastidores de um dos debates, palestras e conferências sobre o assunto, que ao procurar um petista graduado ouviu dele a sentença : "Infelizmente, não podemos socorrer os companheiros feridos na guerra." É inaceitável que quadros políticos experientes e preparados não tenham enxergado ali a serpente chocando seu ovo golpista.
Ovo que acabou quebrado na Lava Jato e no golpe de estado em curso. Sem os abusos e as injustiças praticadas a céu aberto pelo "mensalão", a Lava Jato não ousaria ir tão longe. O terreno devidamente adubado por Barbosa não tardou em ser pisado gloriosamente por Moro, sob os aplausos da legião de analfabetos políticos cevados pela mídia no 'mensalão' e ávida por mais uma oportunidade de destruir o PT.
Mesmo correndo risco de cometer injustiças, pois não há espaço para listar todos, mas, ao lembrar do embate de David contra Golias do "mensalão" é impossível não citar os dirigentes da CUT-RJ José Garcia Lima e Marcelo Rodrigues (hoje presidente), parceiros que não hesitaram em remar contra a maré e tiveram papel destacado nessa trincheira de luta aqui no Rio de Janeiro.
O "republicanismo" do Lula e da Dilma , foi suicida !!!
ResponderExcluirConcordo plenamente. O PT ao contrário do difundido na mídia venal, não soube ser poder. Tentou ao contrário, agradar às elites e proteger o PSDB com a extinção da operação Sathiagraha, resultando já daí, a insatisfação na Polícia Federal, mesmo essa tendo sido tão beneficiada com concursos para aumento do quadro e recursos. Lula chegou a ser chamado às falas,por um Gilmar Mendes. E poderia citar muitos mais equívocos.
ResponderExcluirMas tudo realmente começou com o transcurso da ação 470. Ali ele já demonstrou que não sabia manejar as rédeas do poder, como se diz aqui no Nordeste, e sua fraqueza . Deixou ao léu seus principais quadros. Dali em diante, foi o sair da inércia do nazifascismo que estava entoado nos diversos membros da classe média que tinham cargos de poder, como delegados de PF, membros do MP e juízes como o de Curitiba.