Por Jandira Feghali
Em 1971, o MDB abrigou em sua legenda os movimentos e políticos de esquerda jogados na clandestinidade pela Ditadura Militar. Diversos comunistas nele se abrigaram como forma de prosseguir na luta política, formando uma das frentes progressistas mais fortes à época. Com votações retumbantes no sistema político bipartidário daquele período, o MDB se contrapunha ao partido do Regime - Arena, e traçou uma trajetória pautada pela defesa da democracia.
Lamentavelmente, essa história de luta democrática foi esquecida por muitos. Hoje, parte dos membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) se somam ao golpe à toque de caixa. Nesta semana, em reunião esvaziada, sem seus principais líderes políticos nacionais, decidiu, em três minutos, o desembarque do Governo Dilma. A figura que comandou este processo dispensa comentário e atende pelo nome de Eduardo Cunha.
O vice-presidente da República e presidente do PMDB Michel Temer sepulta de vez a veia democrática que uma vez dominou o partido. Com figuras importantes para a viabilidade de nossa democracia, como Ulysses Guimarães, pai da Constituição de 1988, Michel equipara-se à turma dos golpistas e oportunistas que tentam chegar mais rápido ao poder, custe o que custar.
É triste que alguns ainda não tenham compreendido o que a História mostrou, um dia, como tragédia, e hoje se repete como farsa. Em plena semana de 1º de abril, aniversário do Golpe Militar, o Brasil vive uma mentira chamada de impeachment. Uma tentativa de derrubar a presidenta com mandato constitucional e eleita legitimamente por mais de 54 milhões de votos.
Há que se registrar que as instituições hoje alinhadas ao golpe moderno são as mesmas que um dia se debandaram para o lado dos militares: a FIESP, a OAB e a Grande Mídia. A própria Ordem alterou sua posição, liderada por Sobral Pinto, Seabra Fagundes e Raimundo Faro, durante a Ditadura, quando viu seus advogados serem tratados arbitrariamente no Estado de Exceção.
Está nos livros de história esse capítulo vergonhoso de suas trajetórias, em que pese todos os acontecimentos que se sucederam da ruptura democrática, como assassinatos, torturas, perseguições e desaparecimentos de ativistas políticos, movimentos sociais e representantes de minorias sociais. Um período que durou mais de duas décadas e que achávamos ter sido uma lição para que nunca mais se repetisse.
Quero crer que ainda há, no PMDB, homens e mulheres fiéis à história do partido. Os que defendem o Estado Democrático de Direito. Aqueles que resistem ao “canto de sereia” e mantêm a convicção de que apesar de instrumento constitucional, o atual pedido de impeachment não tem nenhum crime que o sustente. Se atrelar a isto para promover o golpe é fazer parte de um enredo ilusório e de inimagináveis retrocessos democráticos e sociais para nosso povo.
* Jandira Feghali é médica e deputada federal (PCdoB/RJ).
Em 1971, o MDB abrigou em sua legenda os movimentos e políticos de esquerda jogados na clandestinidade pela Ditadura Militar. Diversos comunistas nele se abrigaram como forma de prosseguir na luta política, formando uma das frentes progressistas mais fortes à época. Com votações retumbantes no sistema político bipartidário daquele período, o MDB se contrapunha ao partido do Regime - Arena, e traçou uma trajetória pautada pela defesa da democracia.
Lamentavelmente, essa história de luta democrática foi esquecida por muitos. Hoje, parte dos membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) se somam ao golpe à toque de caixa. Nesta semana, em reunião esvaziada, sem seus principais líderes políticos nacionais, decidiu, em três minutos, o desembarque do Governo Dilma. A figura que comandou este processo dispensa comentário e atende pelo nome de Eduardo Cunha.
O vice-presidente da República e presidente do PMDB Michel Temer sepulta de vez a veia democrática que uma vez dominou o partido. Com figuras importantes para a viabilidade de nossa democracia, como Ulysses Guimarães, pai da Constituição de 1988, Michel equipara-se à turma dos golpistas e oportunistas que tentam chegar mais rápido ao poder, custe o que custar.
É triste que alguns ainda não tenham compreendido o que a História mostrou, um dia, como tragédia, e hoje se repete como farsa. Em plena semana de 1º de abril, aniversário do Golpe Militar, o Brasil vive uma mentira chamada de impeachment. Uma tentativa de derrubar a presidenta com mandato constitucional e eleita legitimamente por mais de 54 milhões de votos.
Há que se registrar que as instituições hoje alinhadas ao golpe moderno são as mesmas que um dia se debandaram para o lado dos militares: a FIESP, a OAB e a Grande Mídia. A própria Ordem alterou sua posição, liderada por Sobral Pinto, Seabra Fagundes e Raimundo Faro, durante a Ditadura, quando viu seus advogados serem tratados arbitrariamente no Estado de Exceção.
Está nos livros de história esse capítulo vergonhoso de suas trajetórias, em que pese todos os acontecimentos que se sucederam da ruptura democrática, como assassinatos, torturas, perseguições e desaparecimentos de ativistas políticos, movimentos sociais e representantes de minorias sociais. Um período que durou mais de duas décadas e que achávamos ter sido uma lição para que nunca mais se repetisse.
Quero crer que ainda há, no PMDB, homens e mulheres fiéis à história do partido. Os que defendem o Estado Democrático de Direito. Aqueles que resistem ao “canto de sereia” e mantêm a convicção de que apesar de instrumento constitucional, o atual pedido de impeachment não tem nenhum crime que o sustente. Se atrelar a isto para promover o golpe é fazer parte de um enredo ilusório e de inimagináveis retrocessos democráticos e sociais para nosso povo.
* Jandira Feghali é médica e deputada federal (PCdoB/RJ).
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