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Preparem os estômagos: vem aí o famigerado – e nauseante – colunismo chapa-branca que elevou o jornalismo brasileiro ao ridículo a partir de meados da última década do século XX. A autoproclamada grande imprensa do eixo São Paulo-Rio certamente voltará a ser, de longe, a pior, a mais sabuja.
O que veremos nos próximos meses será a reedição de um fenômeno muito bem descrito por uma das expressões máximas do jornalismo brasileiro, o jornalista Janio de Freitas, quem, apesar de hoje ser um estranho no ninho Folha de São Paulo, mantém-se como integrante do Conselho Editorial desse veículo por força de suas credenciais éticas e profissionais.
Trocando em miúdos: o jornal não tem peito de demiti-lo em razão das críticas mortais que faz à dita “grande imprensa” brasileira sobretudo por seu servilismo, por seu sabujismo durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
No vídeo [aqui], Janio relata como se “insurgiu” com o comportamento da mídia ao longo do governo FHC. Assista trecho do programa Roda Viva em que o jornalista fez essa declaração desmoralizante para o jornalismo corporativo brasileiro.
Bem, esse comportamento dos impérios de mídia que o Brasil não assistia desde o fim do governo FHC, agora começa a voltar com força.
Uma das bajuladoras mais servis do tucanato foi sempre a colunista Eliane Cantanhêde, aquela que chama o PSDB de “partido da massa cheirosa”; para ela, ser “perfumado” seria inerente ao maior poder aquisitivo de políticos e eleitores do PSDB, acredite quem quiser.
A coluna dela no Estadão dá o tom do tratamento que terá o governo Temer da imprensa. Torna-se óbvio que a imprensa corporativa pretende blindá-lo de críticas, como fazia com FHC.
É uma beleza. Quer dizer que reclamar da repressão de Temer a protestos é sabotagem? A mocinha chapa-branca reclama de pneus queimados interrompendo o tráfego, mas nunca reclamou das bombas e incêndios que os manifestantes antipetistas usaram contra sedes do PT.
Eliane quer que um grupo político alvo do que boa parte da comunidade brasileira e internacional considera um golpe se mostre plenamente cordato e fique em casa rezando para não atrapalhar o governo Temer, que, ao contrário do governo Dilma, tem que ter condições de trabalhar.
Bem, não vai rolar. Temer usurpou o cargo de presidente com a ajuda de Eduardo Cunha, que acolheu um processo de destituição presidencial criticado no mundo inteiro e pela maioria dos juristas brasileiros por conter razão insuficiente para jogarem fora o voto popular majoritário em Dilma Rousseff.
A partir de agora, porém, será bastante interessante mostrar a mudança diametral de comportamento da imprensa. Além de esconder ou tentar constranger críticas ao governo, o jornalismo chapa-branca nascente tratará de promover culto à personalidade do usurpador, golpista encastelado no Palácio do Planalto.
Uau!, mas que matéria, hein, pessoal! Descobrimos que “primeira-dama” não é cargo público e que a mulher de Temer é “bacharela” (“presidenta” não pode, mas “bacharela” pooode) em direito.
Quem consegue lembrar do que acontecia uma mísera década pouco atrás – e há muito velho, ou melhor, muito velhaco que finge que não lembra – sabe que, com o Brasil falindo em 1998, a grande mídia não divulgava absolutamente nada sobre a situação econômica do país.
Daqui em diante, irá diminuir drasticamente a reportagem de más notícias no Brasil. Mesmo que tudo esteja pegando fogo, assim como em 1998, essa mídia golpista e ridícula vai pintar um Éden na Terra. Tudo estará caminhando para nos tornarmos todos ricos (um dia) e qualquer crítica será tratada como crime de lesa-pátria, como era feito na era FHC.
Todos sabemos, porém, que o PT e seus aliados não terão força parlamentar para impedir nada que o governo temerário que tem hoje o Brasil queira fazer. Ainda assim, a mídia tentará enganar a sociedade jogando nas costas da esquerda os efeitos das políticas desastrosas que a direita prepara CONTRA o povo brasileiro.
Agora, como nunca, as pessoas que percebem esse jogo imundo que está sendo jogado têm que tomar posição, tomar partido, engajarem-se na luta para mostrar à sociedade o conto do vigário no qual ela caiu ao acreditar que tirar Dilma Rousseff do cargo permitiria às pessoas recuperarem o padrão de vida alto que alcançaram durante os governos do PT.
Isso sem falar que vai ser uma delícia mostrar o que, de fato, é jornalismo chapa-branca.
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