segunda-feira, 9 de maio de 2016

Cunha atuou na anulação do impeachment?

Por Renato Rovai, em seu blog:

A decisão de anular a votação do impeachment na Câmara tomada pelo presidente interino da Casa, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), não parece ser exatamente um ato de patriotismo ou algo relacionado a uma jogada casada com o governo. Pelo que este blogue apurou quem estaria por trás dessa decisão é Eduardo Cunha.

Em nota divulgada à imprensa, Maranhão diz que a petição da AGU que pedia o cancelamento da votação ainda não havia sido analisada pela Casa e que, ao tomar conhecimento dela, resolveu acolher. Na decisão, ele argumenta “ocorreram vícios que tornaram nula de pleno direito a sessão em questão”.

Não há nada de errado nem na fala de Maranhão e nem na sua decisão. Há elementos que justificam o cancelamento da sessão. Mas o fato é que a decisão tomada tem mais elementos políticos do que técnicos.

Maranhão esteve na sexta-feira com Cunha e esse tema teria sido discutido entre eles. O presidente afastado da Casa está se sentindo abandonado pelos antigos aliados e percebeu que não conseguiria se livrar da prisão e nem influenciar em mais nada no Congresso se porventura Dilma viesse a ser afastada nesta quarta-feira.

E Maranhão também percebeu que se não tiver tempo para buscar uma base para garantir sua permanência na presidência da Casa também será varrido da cadeira que está em pouco tempo.

Ou seja, para ambos o melhor é que o processo de Dilma se arraste por mais um tempo. E para garantir este tempo, Cunha não se opõe nem sequer a uma aproximação de Maranhão com o governo Dilma.

As peças se reposicionaram de novo. O Supremo deve ser chamado para tratar deste assunto. E pode vir a se manifestar contra a decisão de Maranhão e voltar as peças para onde estavam.

Mas não será uma decisão simples.

Por outro lado, a equipe de Temer deve estar buscando formas de se reaproximar de Cunha. Ficou mais do que claro agora que Cunha não estaria para brincadeira quando disse a alguns aliados, neste final de semana, que o governo Temer pode acabar antes de começar. Cunha não perdoará o vice se ele o abandonar pelo caminho.

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