segunda-feira, 23 de maio de 2016

Dilma promete resistência ao golpismo

Por Raphael Coraccini, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

A presidenta afastada Dilma Rousseff se emocionou ao chegar ao 5º Encontro dos Blogueiros e Ativistas Sociais, em Belo Horizonte, nesta sexta-feira (20). Antes de subir para o evento, no terceiro andar do hotel Othon Palace, no centro da capital mineira, a presidenta foi recepcionada por cerca de 30 mil pessoas na porta do local. Dilma entrou chorando discretamente no salão, onde discursou depois de ser ovacionada pelos mais de 400 presentes.

A quinta edição do Encontro Nacional dos Blogueiros e Ativistas Digitais foi organizada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, pelo Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e pela Comissão Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais. Dilma abriu o encontro, que vai até domingo, acompanhada pelo Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do governo Lula, Patrus Ananias, e pela Secretária-Geral do Barão de Itararé e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Renata Mielli.

Durante sua fala, que demorou para começar por causa da exaltação do público, Dilma disse que vai combater para reverter o impeachment no Senado, no Supremo e nas ruas. Dilma afirmou ainda que aqueles que ocuparam seu espaço provisoriamente no Executivo querem vê-la isolada dentro do Palácio da Alvorada, onde o deputado federal Jorge Viana (PT-AC) disse, na última quinta-feira, que a presidenta estava sitiada, cercada por policiais e com dificuldades até para receber visitas,

Dilma disse ainda que o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, continua a ditar as regras dentro da Casa. “Os jornais não conseguiram ocultar a presença dessa pessoa (Eduardo Cunha) nas decisões da Câmara”, disse a presidenta. "Ele comanda tudo o que é aprovado lá. Por isso, o Congresso e suas comissões estão parados desde o começo do ano, mas a mídia silencia".

Ela mencionou ainda a influência de Cunha no governo Temer e nas indicações, principalmente para os cargos de ministro e do Judiciário. O ministro da Justiça de Temer é Alexandre de Moraes, que foi advogado de Cunha.

A presidenta usou ainda o caráter extremamente conservador do Congresso para explicar o agravamento da crise política, que travou o país nos últimos meses. “Cunha conseguiu colocar cerca de 230 deputados de sua confiança na Câmara, o que travou o funcionamento do país e sabotou nossas tentativas de combater a crise, gerando instabilidade Nenhuma Comissão da Câmara ou Comissão Mista (com deputados e senadores) conseguiu prosperar este ano. Só a do impeachment”, disse.

Dilma se mostrou reticente em relação a qualquer reforma da mídia enquanto a composição do Congresso se manter como a atual, extremamente conservadora. Por isso, a presidenta considera a reforma política como a prioritária para tocar as demais reformas do país.

Desmontando a 'falsa polêmica' do patrocínio

Durante a abertura do 5º Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais, Altamiro Borges, blogueiro e presidente do Barão de Itararé, criticou o comportamento de alguns jornalistas da grande mídia, que repercutiram a ordem de Temer suspender patrocínio da Caixa ao evento. Segundo Miro, a mídia chia quanto ao financiamento público de projetos de democratização da mídia e liberdade de expressão ao mesmo tempo que cala para o financiamento bilionário que o governo dá aos veículos hegemônicos.

Em matéria divulgada na quinta-feira (19), a Folha de S.Paulo criticou o Encontro, que começou hoje em Belo Horizonte, e afirmou que o governo ilegítimo de Temer cancelaria o patrocínio, celebrado em contrato entre os organizadores do encontro e a Caixa Econômica ainda antes de Dilma ser afastada.

Miro afirmou que, no caso de a Caixa Econômica cancelar o patrocínio, o banco será processado. “Acertamos a realização do 5º encontro em setembro do ano passado e assinamos o contrato, que não pode ser rompido. A presença de Dilma na abertura do evento já estava nos planos desde o começo, assim como a presença de mais de mil pessoas no evento, incluindo caravanas de estudantes de jornalismo que viriam do país inteiro. Tivemos que reduzir o número de participantes porque a campanha do golpe afetou diretamente a nossa captação de recursos”, explicou o jornalista antes da chegada da presidenta.

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