Torcedores do Santa Cruz exibem faixa contra a Globo em partida pela Copa do Nordeste |
Esqueça aquele papo de que o futebol é o ópio do povo. No Brasil, as coisas estão esquentando e parece que o golpe em curso contra a democracia, amparado pelos grandes meios de comunicação e, em especial, a Rede Globo, esquentou de vez o clima nas arquibancadas.
Já são incontáveis as manifestações de torcidas e grupos de torcedores nas ruas e nos estádios, e o papel jogado pelo monopólio midiático no processo ilegal de impeachment de Dilma Rousseff deve ser o estopim de uma nova fase de luta e resistência.
Não são poucos os motivos para os torcedores do esporte mais popular do país se indignarem. Mesmo reduzido à condição de mercadoria, o futebol é extremamente mal tratado pelo obscuro casamento entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Rede Globo. Assim como a emissora, devedora bilionária da Receita Federal, a entidade de natureza privada que controla, administra e explora o nosso futebol também tem as mãos sujas na lama dos negócios ilícitos. Largar o osso? Nem pensar.
Os escândalos recentes envolvendo figuras de peso da cartolagem brasileira apenas trazem à tona o que se vê de longe, à superfície: há algo de podre no autoproclamado país do futebol. Não à toa o ex-meio campista Alex, consagrado em suas passagens por Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe-TUR, disparou, ainda em 2013: “Quem cuida do futebol é a Globo, a CBF é só a sala de reuniões”.
Alex tem razão. O jogo às 22 horas - transferido recentemente, em um comovente ato de bondade e generosidade da Globo, para 21h45 - é um exemplo de como a emissora não se importa em destruir o que estiver em seu caminho para fazer valer seus interesses comerciais. Soma-se a isso a arbitrariedade e a interferência dos engravatados globais na elaboração das tabelas e fórmulas de competições e a desvalorização sistemática de clubes de divisões inferiores ou do interior e determinadas regiões do país - estados com quadros tradicionais, como Maranhão, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, ainda são obrigados a assistir o Campeonato Carioca.
Nesse caldeirão, acrescenta-se o ingrediente final: um golpe perpetrado por gangsters, conspiradores e oportunistas sob o comando de ninguém mais, ninguém menos que o correntista suíço Eduardo Cunha, com suporte decisivo da meia dúzia de famílias donas da mídia e da Globo (não apenas a TV, mas seus demais canais, portal, rádios, jornais diários e todo tipo de propriedade cruzada imaginável).
Assim como em São Paulo ocorre atualmente um levante dos uniformizados contra Fernando Capez, deputado tucano que, com a barriga cheia de merenda, ganhou fama ao empreender uma verdadeira cruzada contra as torcidas no estado, o torcedor sabe que o projeto golpista deve muito à Globo. E isso significa, por consequência, mais poder para a emissora, mais monopólio e ainda menos democracia no futebol.
Mas onde há injustiça, há resistência, e torcedores dos mais variados clubes e estados não estão deixando barato para a família Marinho e seus súditos - na final da Copa do Nordeste, por exemplo, a torcida do Santa Cruz conseguiu emplacar uma faixa denunciando o golpismo da Globo na própria Globo, ao vivo.
Se consumado o impeachment, o governo ilegítimo promete açoitar as classes populares e retirar direitos à toque de caixa. A tendência, nesse cenário, é de a ebulição nas ruas e nas arquibancadas aumentar - já seria motivo suficiente para isso o processo de elitização que afasta dos estádios a população pobre, mas vai piorar. Tempos de luta se anunciam. Desta vez, tudo indica que será mais difícil o futebol ser instrumentalizado pela tirania dos inimigos do povo. E o golpismo da mídia monopolista não sairá ileso. As torcidas estão dando o recado.
* Felipe Bianchi é jornalista do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e do Coletivo Futebol Mídia e Democracia.
Não são poucos os motivos para os torcedores do esporte mais popular do país se indignarem. Mesmo reduzido à condição de mercadoria, o futebol é extremamente mal tratado pelo obscuro casamento entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Rede Globo. Assim como a emissora, devedora bilionária da Receita Federal, a entidade de natureza privada que controla, administra e explora o nosso futebol também tem as mãos sujas na lama dos negócios ilícitos. Largar o osso? Nem pensar.
Os escândalos recentes envolvendo figuras de peso da cartolagem brasileira apenas trazem à tona o que se vê de longe, à superfície: há algo de podre no autoproclamado país do futebol. Não à toa o ex-meio campista Alex, consagrado em suas passagens por Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe-TUR, disparou, ainda em 2013: “Quem cuida do futebol é a Globo, a CBF é só a sala de reuniões”.
Alex tem razão. O jogo às 22 horas - transferido recentemente, em um comovente ato de bondade e generosidade da Globo, para 21h45 - é um exemplo de como a emissora não se importa em destruir o que estiver em seu caminho para fazer valer seus interesses comerciais. Soma-se a isso a arbitrariedade e a interferência dos engravatados globais na elaboração das tabelas e fórmulas de competições e a desvalorização sistemática de clubes de divisões inferiores ou do interior e determinadas regiões do país - estados com quadros tradicionais, como Maranhão, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, ainda são obrigados a assistir o Campeonato Carioca.
Nesse caldeirão, acrescenta-se o ingrediente final: um golpe perpetrado por gangsters, conspiradores e oportunistas sob o comando de ninguém mais, ninguém menos que o correntista suíço Eduardo Cunha, com suporte decisivo da meia dúzia de famílias donas da mídia e da Globo (não apenas a TV, mas seus demais canais, portal, rádios, jornais diários e todo tipo de propriedade cruzada imaginável).
Assim como em São Paulo ocorre atualmente um levante dos uniformizados contra Fernando Capez, deputado tucano que, com a barriga cheia de merenda, ganhou fama ao empreender uma verdadeira cruzada contra as torcidas no estado, o torcedor sabe que o projeto golpista deve muito à Globo. E isso significa, por consequência, mais poder para a emissora, mais monopólio e ainda menos democracia no futebol.
Mas onde há injustiça, há resistência, e torcedores dos mais variados clubes e estados não estão deixando barato para a família Marinho e seus súditos - na final da Copa do Nordeste, por exemplo, a torcida do Santa Cruz conseguiu emplacar uma faixa denunciando o golpismo da Globo na própria Globo, ao vivo.
Se consumado o impeachment, o governo ilegítimo promete açoitar as classes populares e retirar direitos à toque de caixa. A tendência, nesse cenário, é de a ebulição nas ruas e nas arquibancadas aumentar - já seria motivo suficiente para isso o processo de elitização que afasta dos estádios a população pobre, mas vai piorar. Tempos de luta se anunciam. Desta vez, tudo indica que será mais difícil o futebol ser instrumentalizado pela tirania dos inimigos do povo. E o golpismo da mídia monopolista não sairá ileso. As torcidas estão dando o recado.
* Felipe Bianchi é jornalista do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e do Coletivo Futebol Mídia e Democracia.
Quer a minha opinião? O Brasil está assim porque trata um supérfluo como o futebol como prioridade. País sério não ficaria se preocupando com a maneira de como o futebol é ou não tratado e sim com o aumento do salário mínimo. A esquerda tem se preocupado muito com supérfluos (consumismo, futebol, funk, sexo, drogas) como se isso pudesse trazer dignidade para a população, jogando o necessário para décimo plano.
ResponderExcluirLembrando que sou esquerdista, mas quero uma esquerda muito melhor do que a que está aí. E que seria salutar se o futebol fosse visto APENAS COM UMA FORMA DE DIVERSÃO e não como um dever cívico, como constantemente acontece na Terra Brasilis.
Não precisamos do futebol. Precisamos de dignidade e justa distribuição de renda. O resto é consequência disso.