Por Emir Sader, no site da Adital:
Temer disse que, como não será candidato à reeleição (nem poderia, por ser ficha suja), pode tomar medidas impopulares. Suas mesas e as dos seus ministros estão cheias delas, em um ajuste fiscal sem precedentes, porque vem depois do maior processo de democratização social que o pais já viveu. SUS, Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, além do corte de recursos para educação e saúde, entre tantas outras medidas que punem claramente os que mais necessitam das politicas sociais do governo, para favorecer o 1% mais rico, que o governo interino representa.
Temer se presta assim a ser uma espécie de homem-bomba do Estado social brasileiro, fazendo o que ele chama de "dar uma arranjada na situação”, isto é, reacomodar os interesses do 1% mais ricos, às custas dos 99%. A enxurrada já leva a cultura, os direitos humanos, a igualdade racial, os direitos das mulheres, os das empregadas domesticas, e ameaça seguir seu poder devastador.
O fato de não ter voto para isso – foi eleito vice de uma chapa com um programa radicalmente oposto a esse e chegou à presidência interina pela votação vergonhosa daquele dia 17/4 na Câmara e de uma sessão correspondente no Senado, portanto sem nenhum voto do povo brasileiro -, o deixa, segundo ele, livre de buscar popularidade e levado ao sacrifício de dar um arranjo em coisas que estariam fora do lugar.
Um ex-ministro do STF usou a expressão "freio de arrumação” na democracia, destacando que se trata de um parêntesis na democracia, para recolocar os interesses dos que sempre tinham se apropriado do Estado e mandado no pais, de novo no que seria seu lugar natural. Lugar natural seria os dos ricos e poderosos mandando no pais, os outros obedecendo e sofrendo as agruras de um sistema de exploração e de acumulação desenfreada de riquezas nas mãos das elites brancas – essas mesmas que se representam majoritariamente no Congresso, no Judiciário e no governo interino.
Esse "sacrifício” faria com que Temer escape dos processos de corrupção, coloque seus amigos – igualmente com essas acusações – em posto de governo e possam, a partir dai, nomear seus correligionários, ao mesmo tempo em que goza das benesses do governo e poderá, quando sair do governo, gozar dos favores do 1% mais ricos – quem sabe uma Fundação Michel Temer, como a que recebeu o FHC, que abrigue seus poemas e seus decretos presidenciais e ainda um lugar na Academia Brasileira de Letras, como poeta, ao lado do FHC e do Sarney?
Se trata do maior processo de implosão do Estado social brasileiro, com um evidente espirito de vingança – aquele que as madames expressavam nas manifestações contra o Bolsa Família, como se se estivesse tirando dinheiro delas. Que os pobres voltem para seus lugares, abandonem os aeroportos e retornem para as rodoviárias, que as empregadas domesticas voltem a trabalhar toda a jornada que os seus senhorios necessitem e aceitem receber o que eles decidem lhes pagar. Que os trabalhadores sejam açoitados pelo desemprego estrutural, que os joga nas piores condições de vida e de negociações dos seus salários. Que os sindicatos e todos os movimentos sociais sejam tratados como inimigos, porque empecilhos para o "arranjo” que o mordomo da mansão do 1% pretende fazer.
Tudo para que os banqueiros voltem a assaltar o Estado, com seus representantes nos postos econômicos chave do governo. Voltam as velhas raposas tucanas e outros afins a se apropriar do BNDES, do BB, da Petrobras, da educação. Os políticos mais retrógrados se ocupam a saúde, da educação, da indústria e o comercio, entre tantos outros cargos. Voltam a colocar as arcas do Estado abertas aos que já ganham muito e sonegam impostos.
Esse o "arranjo” com que Temer ameaça o Brasil e sua democracia. Como não recebeu voto popular nenhum para cometer essas monstruosidades, não se sente obrigado a prestar contas ao país e a seu povo. Ao contrário, se esconde fugindo da sua casa cercada pelos manifestantes, agachado num automóvel, protegido por capangas. Nem poderá falar sem ser acompanhado pelo ruído ensurdecedor dos apitos e dos panelaços.
Por essas catástrofes que ameaçam o país e sua democracia é que esse homem-bomba precisa se desativado. O Brasil e seu povo não cabem mais nessa forma estreita que o governo de homens brancos, adultos, conservadores, preconceituosos, quer recoloca-lo. Só poderia ser dar esse arranjo mediante a repressão sistemática das maiores manifestações de repudio que um governo já teve no Brasil, rompendo definitivamente com a democracia, passando do golpe a um tipo de regime autoritário ou diretamente ditatorial.
O Brasil mudou e mudou para melhor. Tornou-se um país mais diverso, menos injusto, menos desigual, não cabe mais nas estreitas bitolas em que a ditadura, como regime de terror colocou à força, a nossa sociedade. Desativar esse homem-bomba, terminar o mais rápido possível com esse governo interino, antes que ele recoloque o Brasil de novo no lugar de pais mais desigual do continente mais desigual, mediante um regime de força, odiado pelo seu povo e por toda a comunidade internacional.
Temer disse que, como não será candidato à reeleição (nem poderia, por ser ficha suja), pode tomar medidas impopulares. Suas mesas e as dos seus ministros estão cheias delas, em um ajuste fiscal sem precedentes, porque vem depois do maior processo de democratização social que o pais já viveu. SUS, Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, além do corte de recursos para educação e saúde, entre tantas outras medidas que punem claramente os que mais necessitam das politicas sociais do governo, para favorecer o 1% mais rico, que o governo interino representa.
Temer se presta assim a ser uma espécie de homem-bomba do Estado social brasileiro, fazendo o que ele chama de "dar uma arranjada na situação”, isto é, reacomodar os interesses do 1% mais ricos, às custas dos 99%. A enxurrada já leva a cultura, os direitos humanos, a igualdade racial, os direitos das mulheres, os das empregadas domesticas, e ameaça seguir seu poder devastador.
O fato de não ter voto para isso – foi eleito vice de uma chapa com um programa radicalmente oposto a esse e chegou à presidência interina pela votação vergonhosa daquele dia 17/4 na Câmara e de uma sessão correspondente no Senado, portanto sem nenhum voto do povo brasileiro -, o deixa, segundo ele, livre de buscar popularidade e levado ao sacrifício de dar um arranjo em coisas que estariam fora do lugar.
Um ex-ministro do STF usou a expressão "freio de arrumação” na democracia, destacando que se trata de um parêntesis na democracia, para recolocar os interesses dos que sempre tinham se apropriado do Estado e mandado no pais, de novo no que seria seu lugar natural. Lugar natural seria os dos ricos e poderosos mandando no pais, os outros obedecendo e sofrendo as agruras de um sistema de exploração e de acumulação desenfreada de riquezas nas mãos das elites brancas – essas mesmas que se representam majoritariamente no Congresso, no Judiciário e no governo interino.
Esse "sacrifício” faria com que Temer escape dos processos de corrupção, coloque seus amigos – igualmente com essas acusações – em posto de governo e possam, a partir dai, nomear seus correligionários, ao mesmo tempo em que goza das benesses do governo e poderá, quando sair do governo, gozar dos favores do 1% mais ricos – quem sabe uma Fundação Michel Temer, como a que recebeu o FHC, que abrigue seus poemas e seus decretos presidenciais e ainda um lugar na Academia Brasileira de Letras, como poeta, ao lado do FHC e do Sarney?
Se trata do maior processo de implosão do Estado social brasileiro, com um evidente espirito de vingança – aquele que as madames expressavam nas manifestações contra o Bolsa Família, como se se estivesse tirando dinheiro delas. Que os pobres voltem para seus lugares, abandonem os aeroportos e retornem para as rodoviárias, que as empregadas domesticas voltem a trabalhar toda a jornada que os seus senhorios necessitem e aceitem receber o que eles decidem lhes pagar. Que os trabalhadores sejam açoitados pelo desemprego estrutural, que os joga nas piores condições de vida e de negociações dos seus salários. Que os sindicatos e todos os movimentos sociais sejam tratados como inimigos, porque empecilhos para o "arranjo” que o mordomo da mansão do 1% pretende fazer.
Tudo para que os banqueiros voltem a assaltar o Estado, com seus representantes nos postos econômicos chave do governo. Voltam as velhas raposas tucanas e outros afins a se apropriar do BNDES, do BB, da Petrobras, da educação. Os políticos mais retrógrados se ocupam a saúde, da educação, da indústria e o comercio, entre tantos outros cargos. Voltam a colocar as arcas do Estado abertas aos que já ganham muito e sonegam impostos.
Esse o "arranjo” com que Temer ameaça o Brasil e sua democracia. Como não recebeu voto popular nenhum para cometer essas monstruosidades, não se sente obrigado a prestar contas ao país e a seu povo. Ao contrário, se esconde fugindo da sua casa cercada pelos manifestantes, agachado num automóvel, protegido por capangas. Nem poderá falar sem ser acompanhado pelo ruído ensurdecedor dos apitos e dos panelaços.
Por essas catástrofes que ameaçam o país e sua democracia é que esse homem-bomba precisa se desativado. O Brasil e seu povo não cabem mais nessa forma estreita que o governo de homens brancos, adultos, conservadores, preconceituosos, quer recoloca-lo. Só poderia ser dar esse arranjo mediante a repressão sistemática das maiores manifestações de repudio que um governo já teve no Brasil, rompendo definitivamente com a democracia, passando do golpe a um tipo de regime autoritário ou diretamente ditatorial.
O Brasil mudou e mudou para melhor. Tornou-se um país mais diverso, menos injusto, menos desigual, não cabe mais nas estreitas bitolas em que a ditadura, como regime de terror colocou à força, a nossa sociedade. Desativar esse homem-bomba, terminar o mais rápido possível com esse governo interino, antes que ele recoloque o Brasil de novo no lugar de pais mais desigual do continente mais desigual, mediante um regime de força, odiado pelo seu povo e por toda a comunidade internacional.
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