Um dos mentores intelectuais do “golpe dos corruptos” no
Brasil, o vaidoso FHC talvez imaginasse que seria recebido como um gênio da
política moderna no congresso anual da Associação de Estudos Latino-Americanos
(LASA), que ocorre em Nova York. Mas seu palanque foi previamente detonado.
Mais de 400 acadêmicos assinaram um abaixo-assinado contra o “príncipe
golpista” e anunciaram um protesto no salão do evento. Com medo das vaias, o
ex-presidente preferiu desistir da sua palestra. Ninguém acreditaria mesmo nas
suas bravatas sobre o “processo legal de impeachment” ou nas suas
explicações sobre as alianças com mafiosos para desestabilizar e derrubar a
presidenta Dilma.
Sem maior alarde, o jornal O Globo
registrou nesta sexta-feira (27): “Após protestos de intelectuais, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cancelou sua participação numa palestra
neste sábado em Nova York sobre a democracia na América Latina. O evento foi
organizado pela Associação de Estudos Latino-Americanos em homenagem aos
50 anos da entidade e FH dividiria um painel de debate com o ex-presidente do
Chile Ricardo Lagos. Em carta enviada a LASA, a que O Globo teve acesso,
FH explicou que desistiu da palestra para não dar discurso às ‘mentes radicais’.
‘Eu peço que vocês entendam que a essa altura da minha vida, aos 85 anos, eu
não desejo dar pretexto para mentes radicais, dirigidas por paixões
partidárias, me usarem em uma luta imaginária ‘contra o golpe’, um golpe que
nunca existiu’”.
Já a Folha tucana lamentou o episódio: “Alvo de ameaças de
protestos contra o seu apoio ao governo do presidente interino Michel Temer, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cancelou sua participação num
congresso acadêmico em Nova York (EUA). FHC participaria do principal evento do
encontro, um debate na manhã de sábado que encerraria o 34º Congresso Internacional da Associação de Estudos
Latino-Americanos, no aniversário de 50 anos da entidade”. O jornal da famiglia
Frias, que sempre blindou o tucano, deu generoso espaço para a carta do
ex-presidente, na qual o cínico arrivista tenta justificar o golpe, critica a
“organização criminosa” do PT e ainda ataca, de forma arrogante e rancorosa, os intelectuais que protestaram contra a sua presença no evento.
A conversa fiada do golpista, porém, não intimidou os
participantes do congresso. Neste sábado (28), vários participantes usaram
camisetas pretas com as inscrições “Brasil, La Democracia de Luto" e "Não ao Golpe" - nesta última, o slogan aparece escrito também em inglês e espanhol. Um manifesto do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) também explicou as razões da revolta: "Respeitamos a decisão da Lasa de convidar a um dos
maiores instigadores e incentivadores do golpe no Brasil, porém também
convocamos a acompanhar a conferência enchendo o auditório de camisetas pretas
em sinal de protesto". O documento contou com a assinatura de 162 membros da entidade e
337 pesquisadores não associados, que solicitaram o cancelamento da conferência de FHC.
O episódio mancha ainda mais a história já apodrecida do velhaco tucano. Ainda sobre o protesto em Nova York, vale conferir o artigo de Paulo Nogueira, no imperdível blog Diário do Centro do Mundo:
*****
A consagração internacional de FHC como golpista e fâmulo da plutocracia
FHC viveu o bastante - 85 anos até aqui - para ver sua consagração internacional como golpista. E em Nova York, a capital do mundo.
O episódio mancha ainda mais a história já apodrecida do velhaco tucano. Ainda sobre o protesto em Nova York, vale conferir o artigo de Paulo Nogueira, no imperdível blog Diário do Centro do Mundo:
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A consagração internacional de FHC como golpista e fâmulo da plutocracia
FHC viveu o bastante - 85 anos até aqui - para ver sua consagração internacional como golpista. E em Nova York, a capital do mundo.
Clap, clap, clap. De pé. Para os responsáveis pelo
reconhecimento.
FHC fora convidado para participar de um encontro de
cientistas políticos para debater a tão ameaçada democracia na América Latina.
É um mistério o que passou pela cabeça dos organizadores ao
chamar o decano do presente golpe no Brasil. É como chamar Alexandre Frota para
debater educação. Mas foi brilhante a reação dos cientistas políticos que sabem
perfeitamente o papel imundo que FHC representou na trama plutocrata que
colocou Temer no Planalto.
Eles prontamente se insurgiram. Diante da insistência da
organização em manter FHC, avisaram que respeitavam a decisão. Mas, diante
dela, alertaram que iriam comparecer de preto ao seminário em protesto contra
um convite tão acintosamente equivocado.
FHC fez o que sempre fez em situações complicadas. Primeiro,
se acoelhou. Fugiu da reunião. Depois, produziu uma nota que é sua alma:
cínica, hipócrita, mentirosa. Nela, evocou o passado. Disse que foi
perseguido pelo golpe de 1964 e coisas do gênero. Acontece que ninguém está falando
de 1964, e sim de 2016. Rechaçou que houve golpe com o argumento de que o
STF monitorou o impeachment.
Ora, ora, ora. Depois de gravações de conversas que expuseram brutalmente a participação do STF na derrubada de Dilma, ele tem a ousadia de citar os eminentes magistrados? Entre estes se destaca, com seu golpismo explícito, Gilmar Mendes, que foi colocado no STF exatamente por FHC.
Apenas para registro, em 1964 o STF também abençoou o golpe.
Se passado valesse, Lacerda - o maior golpista da história da República - poderia, ao estilo de FHC, dizer que foi integrante do Partido Comunista na juventude para tentar ser absolvido pelo papel vergonhoso que desempenhou repetidamente contra a democracia e a favor dos ricos.
Seja o que for que FHC tenha feito num passado remoto, tudo
já foi incinerado pelo que ele é, e não de hoje.
É, numa palavra, um fâmulo da plutocracia.
Lacerda desandou quando passou a falar, demagogicamente, em corrupção para atacar governos progressistas como o de Getúlio e o de Jango. Há quantos anos FHC faz exatamente o mesmo?
Em sua descomunal vaidade, FHC tem a pretensão de ser
conhecido - e respeitado - como um homem de esquerda. Ele sabe que cientistas
políticos de direita são universalmente desprezados.
Mas ele não é mais que isso: um reacionário, um direitista,
um golpista da pior espécie.
Seu julgamento perante a história já foi feito em vida, e
ele foi condenado com desonra.
O símbolo disso foram as camisas pretas em Nova York em repúdio a ele.
*****
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