Por Renato Rovai, em seu blog:
Um golpe não é, ele vai sendo. Tenho batido nesta tecla há algum tempo porque num certo ponto do processo político, diferentes grupos se alinharam para derrubar a presidenta eleita Dilma Rousseff.
E aos poucos foram construindo as condições políticas para derrubá-la, sem que houvesse motivos legais para isso. Ou seja, esse golpe foi ganhando formas no processo.
E não foi em 2013 que isso aconteceu, como insistem alguns. Pode-se até concordar que algumas tecnologias de mobilização foram criadas lá. Isso é um fato. Mas o golpe começou a ganhar forma no primeiro semestre de 2014, quando a Lava Jato já estava mostrando boa parte dos seus dentes e as ruas passaram a pedir o impeachment.
Muito disso tudo não aconteceu apenas pela dadivosa generosidade do espírito santo e nem tão somente pela capacidade organizativa dos golpistas. Mas também por muitos erros do governo Dilma.
Dito isto, o golpe hoje já tem asas e começa a fazer um voo onde nem todos que embarcaram nessa viagem vão sobreviver.
E para que um golpe consiga se concretizar ele precisa ter o controle da informação. Ele precisa criar formas de controlar aqueles que informam.
E este golpe que não é, mas vem sendo, já começa a dar seus primeiros sinais nesta área.
Após publicarem uma reportagem sobre supersalários de juízes e promotores do Paraná, jornalistas do Gazeta do Povo foram processados por mais de 30 deles em diferentes cidades do estado.
Em um dos processos, eles já foram condenados a pagar 20 mil reais. Ou seja, se todos resultarem na mesma quantia, os supersalários do judiciário vão levar quase 1 milhão de reais do Gazeta do Povo.
A justificativa do juiz que os condenou na primeira instância é a de que teriam sido “descuidados” ao publicar a reportagem. Não que eles publicaram informação falsa.
Ao mesmo tempo, também do Paraná vem o processo contra o jornalista e blogueiro Marcelo Auler.
Ele foi proibido pela Justiça (vejam bem, pela Justiça) de fazer matérias que citem os delegados Igor de Paula, Erika Mialik Marena e Mauricio Moscardi Grillo, da Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Paraná.
Ou seja, Auler está sofrendo censura prévia. E quando tiver alguma denúncia contra os delegados terá de publicar receitas de bolo, já que não pode citá-los.
Mas a censura nunca foi e não se dará dessa vez tão somente por processos judiciais.
Quando um presidente da República, mesmo que interino, como Michel Temer, ordena, é assim que o ANTAgonista disse que ele fez, a Secom do governo federal e as suas agências a cancelarem contratos de publicidades com sites e blogues de opinião, o que ele está fazendo é censura.
Afinal, opinião é o exercício da própria liberdade de imprensa. E todos os veículos de comunicação exercem esse sagrado direto de opinar.
E a censura fica ainda mais clara quando se percebe que a ordem de Temer não se aplica à Revista Veja, mas sim à Revista Fórum. E nem ao jornal O Estado de S. Paulo, mas sim ao GGN.
Ou seja, não terá publicidade do governo quem não tiver a opinião do presidente interino.
Essa é a modalidade mais coronelista de censura e já funciona em praticamente todas as cidades e estados brasileiros. Ou o veículo se curva ao governo ou não recebe o mesadão do governante.
Não se deve, por este motivo, tratar essa prática de forma menos corrosiva e agressiva à liberdade de imprensa.
Ao ordenar que se suprima o direito de um veículo que reúne condições de buscar publicidade governamental simplesmente porque ele tem opinião, Temer dá a letra do cale-se para boa parte da mídia nativa.
Com as raríssimas exceções de sempre, os veículos médios e pequenos que não lhe disserem amém não serão programados pelas agências do governo.
Essa censura escandalosa está sendo comemorada por parte mídia tradicional. Tolinhos. Os veículos independentes vão continuar tocando a vida mesmo sendo judicializados, condenados e sufocados economicamente. Eles não vão se curvar a Temer. E nem fechar as portas. Porque se um sair do ar, serão abertos dois ou três com as mesmas mensagens e objetivos no dia seguinte.
Mas essa regra não vale para a mídia tradicional, com exceção talvez da Globo, da Folha-UOL e de mais um ou dois grandes grupos. No caso deles, o fim será triste. De joelhos, eles vão dizer muito mais do que amém.
Um golpe não é, ele vai sendo. Tenho batido nesta tecla há algum tempo porque num certo ponto do processo político, diferentes grupos se alinharam para derrubar a presidenta eleita Dilma Rousseff.
E aos poucos foram construindo as condições políticas para derrubá-la, sem que houvesse motivos legais para isso. Ou seja, esse golpe foi ganhando formas no processo.
E não foi em 2013 que isso aconteceu, como insistem alguns. Pode-se até concordar que algumas tecnologias de mobilização foram criadas lá. Isso é um fato. Mas o golpe começou a ganhar forma no primeiro semestre de 2014, quando a Lava Jato já estava mostrando boa parte dos seus dentes e as ruas passaram a pedir o impeachment.
Muito disso tudo não aconteceu apenas pela dadivosa generosidade do espírito santo e nem tão somente pela capacidade organizativa dos golpistas. Mas também por muitos erros do governo Dilma.
Dito isto, o golpe hoje já tem asas e começa a fazer um voo onde nem todos que embarcaram nessa viagem vão sobreviver.
E para que um golpe consiga se concretizar ele precisa ter o controle da informação. Ele precisa criar formas de controlar aqueles que informam.
E este golpe que não é, mas vem sendo, já começa a dar seus primeiros sinais nesta área.
Após publicarem uma reportagem sobre supersalários de juízes e promotores do Paraná, jornalistas do Gazeta do Povo foram processados por mais de 30 deles em diferentes cidades do estado.
Em um dos processos, eles já foram condenados a pagar 20 mil reais. Ou seja, se todos resultarem na mesma quantia, os supersalários do judiciário vão levar quase 1 milhão de reais do Gazeta do Povo.
A justificativa do juiz que os condenou na primeira instância é a de que teriam sido “descuidados” ao publicar a reportagem. Não que eles publicaram informação falsa.
Ao mesmo tempo, também do Paraná vem o processo contra o jornalista e blogueiro Marcelo Auler.
Ele foi proibido pela Justiça (vejam bem, pela Justiça) de fazer matérias que citem os delegados Igor de Paula, Erika Mialik Marena e Mauricio Moscardi Grillo, da Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Paraná.
Ou seja, Auler está sofrendo censura prévia. E quando tiver alguma denúncia contra os delegados terá de publicar receitas de bolo, já que não pode citá-los.
Mas a censura nunca foi e não se dará dessa vez tão somente por processos judiciais.
Quando um presidente da República, mesmo que interino, como Michel Temer, ordena, é assim que o ANTAgonista disse que ele fez, a Secom do governo federal e as suas agências a cancelarem contratos de publicidades com sites e blogues de opinião, o que ele está fazendo é censura.
Afinal, opinião é o exercício da própria liberdade de imprensa. E todos os veículos de comunicação exercem esse sagrado direto de opinar.
E a censura fica ainda mais clara quando se percebe que a ordem de Temer não se aplica à Revista Veja, mas sim à Revista Fórum. E nem ao jornal O Estado de S. Paulo, mas sim ao GGN.
Ou seja, não terá publicidade do governo quem não tiver a opinião do presidente interino.
Essa é a modalidade mais coronelista de censura e já funciona em praticamente todas as cidades e estados brasileiros. Ou o veículo se curva ao governo ou não recebe o mesadão do governante.
Não se deve, por este motivo, tratar essa prática de forma menos corrosiva e agressiva à liberdade de imprensa.
Ao ordenar que se suprima o direito de um veículo que reúne condições de buscar publicidade governamental simplesmente porque ele tem opinião, Temer dá a letra do cale-se para boa parte da mídia nativa.
Com as raríssimas exceções de sempre, os veículos médios e pequenos que não lhe disserem amém não serão programados pelas agências do governo.
Essa censura escandalosa está sendo comemorada por parte mídia tradicional. Tolinhos. Os veículos independentes vão continuar tocando a vida mesmo sendo judicializados, condenados e sufocados economicamente. Eles não vão se curvar a Temer. E nem fechar as portas. Porque se um sair do ar, serão abertos dois ou três com as mesmas mensagens e objetivos no dia seguinte.
Mas essa regra não vale para a mídia tradicional, com exceção talvez da Globo, da Folha-UOL e de mais um ou dois grandes grupos. No caso deles, o fim será triste. De joelhos, eles vão dizer muito mais do que amém.
"O golpe não é, ele vai sendo". Em outras palavras, o golpe que se deu contra Dilma é apenas a inauguração de um golpe ainda maior, a ser realizado quando todo o maléfico projeto do governo Michel Temer for posto em prática. A derrubada de Dilma é apenas um aperitivo para essa elite plutocrata, diante da farra que pretendem fazer com o país. Um governo temeroso, diga-se de passagem.
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