Por Michael Knigge, na revista CartaCapital:
Um dos fantasmas que ronda a campanha de Hillary Clinton, cada vez mais próxima de se confirmar como candidata democrata à Casa Branca, é a polêmica em torno do uso por ela de um servidor particular de e-mail entre 2009 e 2013, quando era secretária de Estado do governo Barack Obama.
O governo americano proíbe o trabalho com informação confidencial fora dos seus canais controlados, o que dá margem a ataques de adversários republicanos, que dizem que ela deixou segredos sensíveis vulneráveis a hackers. Para analistas políticos, porém, a campanha de Hillary tem preocupações maiores.
"Um dos maiores problemas de Hillary referentes à eleição é a imagem que ela tem perante a opinião pública", afirma Adam Ramey, especialista em política americana na New York University em Abu Dhabi. "Tanto ela quanto Donald Trump possuem a 'honra' de serem os candidatos mais malquistos de um grande partido numa eleição presidencial, desde o início da coleta de dados."
De acordo com o site Real Clear Politics, atualmente, Hillary é avaliada negativamente por 55,8% dos americanos, e somente 37,6% afirmaram ter uma opinião positiva sobre ela. Os números relativos a Trump são ligeiramente piores – o índice de reprovação está 58%, e o de aprovação, em 35,4%.
As pesquisas de opinião pública mostram que muitos eleitores, mesmo dentro de seu próprio partido, não gostam ou desconfiam de Hillary. O fato de seu rival no Partido Democrata, Bernie Sanders, ter pedido recentemente uma recontagem do resultado da votação apertada no estado de Kentucky mostra como é grande a desconfiança de muitos ativistas liberais frente a ela.
"Sua sinceridade e sua confiabilidade são o principal problema, de onde deriva todo o resto", opina Ramey.
A controvérsia contínua em torno da forma de lidar com seus e-mails privados quando secretária de Estado; a discussão sobre o papel dos chamados "superdelegados" democratas que votarão a favor de Hillary; seu problema em decidir de uma vez por todas a corrida contra Sanders: de acordo com Ramey, tudo isso está ligado ao sentimento negativo em relação a ela.
Num ano eleitoral marcado pela ira populista frente ao chamado establishment, Hillary– ex-secretária de Estado, ex-senadora e ex-primeira-dama – representa um alvo político fácil. E não apenas para Sanders, mas também para Trump, seu provável adversário no pleito presidencial em novembro.
Pois ele conseguiu avançar em direção à candidatura republicana seguindo o caminho da atual onda anti-establishment. Isso não é nenhum bom presságio para Hillary, já que Trump vai continuar usando essa estratégia também na campanha contra a candidata democrata.
Segundo Scott Lucas, especialista em EUA na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, é fascinante observar o sucesso dele como candidato antielite e antissistema – algo extremamente irritante para Hillary, já que o político republicano é, afinal, o protótipo de um candidato das elites e do establishment.
"É um truque", afirma Lucas. "Temos dois candidatos que fazem claramente parte do establishment. No caso de Trump é o sistema econômico; Hillary, por outro lado, está ligada ao aparelho político."
Ao contrário da política democrata, Trump – o magnata do setor imobiliário, a estrela de TV e o autoproclamado bilionário de Nova York – conseguiu convencer os eleitores de que ele não pertence ao tão odiado establishment. Um fator decisivo na campanha eleitoral será conseguir dar prosseguimento à proeza de se apresentar como um candidato antissistema.
"É crucial que Hillary não consiga chegar às pessoas da mesma forma que seu marido, Bill, que sempre chegou e sempre foi bem-recebido", diz Lucas. "Diante do público, ela aparenta ser muito desajeitada, seja em eventos de campanha ou simplesmente no encontro com os eleitores", completa o analista político.
Muitos americanos veem a ex-secretária de Estado como "robótica e não autêntica" e se perguntam, depois de seus comícios, qual é a sua verdadeira opinião sobre determinados temas: "Seu marido Bill também era um mestre em se adaptar ao zeitgeist político, mas com a diferença de personificar uma espécie de acessibilidade e popularidade que Hillary ainda não conseguiu demonstrar", opina, por sua vez, Ramey.
Apesar de - ou justamente por - suas muitas declarações aventureiras, sua natureza agressiva e suas mudanças de filiação partidária, Trump é visto por muitos como uma pessoa autêntica.
"Trump é como um jazz político ruim", afirma Lucas. "Ele simplesmente diz o que lhe vem à cabeça. Será interessante observar como isso pode se voltar contra ele."
Mas, para Hillary, não será suficiente esperar que Trump venha a se prejudicar com afirmações espontâneas: "Se Hillary quiser ter uma chance real, ela terá que irradiar um mínimo de comportamento humano e, de alguma forma, conseguir se comunicar de forma autêntica com os eleitores comuns", frisa Ramey.
Um dos fantasmas que ronda a campanha de Hillary Clinton, cada vez mais próxima de se confirmar como candidata democrata à Casa Branca, é a polêmica em torno do uso por ela de um servidor particular de e-mail entre 2009 e 2013, quando era secretária de Estado do governo Barack Obama.
O governo americano proíbe o trabalho com informação confidencial fora dos seus canais controlados, o que dá margem a ataques de adversários republicanos, que dizem que ela deixou segredos sensíveis vulneráveis a hackers. Para analistas políticos, porém, a campanha de Hillary tem preocupações maiores.
"Um dos maiores problemas de Hillary referentes à eleição é a imagem que ela tem perante a opinião pública", afirma Adam Ramey, especialista em política americana na New York University em Abu Dhabi. "Tanto ela quanto Donald Trump possuem a 'honra' de serem os candidatos mais malquistos de um grande partido numa eleição presidencial, desde o início da coleta de dados."
De acordo com o site Real Clear Politics, atualmente, Hillary é avaliada negativamente por 55,8% dos americanos, e somente 37,6% afirmaram ter uma opinião positiva sobre ela. Os números relativos a Trump são ligeiramente piores – o índice de reprovação está 58%, e o de aprovação, em 35,4%.
As pesquisas de opinião pública mostram que muitos eleitores, mesmo dentro de seu próprio partido, não gostam ou desconfiam de Hillary. O fato de seu rival no Partido Democrata, Bernie Sanders, ter pedido recentemente uma recontagem do resultado da votação apertada no estado de Kentucky mostra como é grande a desconfiança de muitos ativistas liberais frente a ela.
"Sua sinceridade e sua confiabilidade são o principal problema, de onde deriva todo o resto", opina Ramey.
A controvérsia contínua em torno da forma de lidar com seus e-mails privados quando secretária de Estado; a discussão sobre o papel dos chamados "superdelegados" democratas que votarão a favor de Hillary; seu problema em decidir de uma vez por todas a corrida contra Sanders: de acordo com Ramey, tudo isso está ligado ao sentimento negativo em relação a ela.
Num ano eleitoral marcado pela ira populista frente ao chamado establishment, Hillary– ex-secretária de Estado, ex-senadora e ex-primeira-dama – representa um alvo político fácil. E não apenas para Sanders, mas também para Trump, seu provável adversário no pleito presidencial em novembro.
Pois ele conseguiu avançar em direção à candidatura republicana seguindo o caminho da atual onda anti-establishment. Isso não é nenhum bom presságio para Hillary, já que Trump vai continuar usando essa estratégia também na campanha contra a candidata democrata.
Segundo Scott Lucas, especialista em EUA na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, é fascinante observar o sucesso dele como candidato antielite e antissistema – algo extremamente irritante para Hillary, já que o político republicano é, afinal, o protótipo de um candidato das elites e do establishment.
"É um truque", afirma Lucas. "Temos dois candidatos que fazem claramente parte do establishment. No caso de Trump é o sistema econômico; Hillary, por outro lado, está ligada ao aparelho político."
Ao contrário da política democrata, Trump – o magnata do setor imobiliário, a estrela de TV e o autoproclamado bilionário de Nova York – conseguiu convencer os eleitores de que ele não pertence ao tão odiado establishment. Um fator decisivo na campanha eleitoral será conseguir dar prosseguimento à proeza de se apresentar como um candidato antissistema.
"É crucial que Hillary não consiga chegar às pessoas da mesma forma que seu marido, Bill, que sempre chegou e sempre foi bem-recebido", diz Lucas. "Diante do público, ela aparenta ser muito desajeitada, seja em eventos de campanha ou simplesmente no encontro com os eleitores", completa o analista político.
Muitos americanos veem a ex-secretária de Estado como "robótica e não autêntica" e se perguntam, depois de seus comícios, qual é a sua verdadeira opinião sobre determinados temas: "Seu marido Bill também era um mestre em se adaptar ao zeitgeist político, mas com a diferença de personificar uma espécie de acessibilidade e popularidade que Hillary ainda não conseguiu demonstrar", opina, por sua vez, Ramey.
Apesar de - ou justamente por - suas muitas declarações aventureiras, sua natureza agressiva e suas mudanças de filiação partidária, Trump é visto por muitos como uma pessoa autêntica.
"Trump é como um jazz político ruim", afirma Lucas. "Ele simplesmente diz o que lhe vem à cabeça. Será interessante observar como isso pode se voltar contra ele."
Mas, para Hillary, não será suficiente esperar que Trump venha a se prejudicar com afirmações espontâneas: "Se Hillary quiser ter uma chance real, ela terá que irradiar um mínimo de comportamento humano e, de alguma forma, conseguir se comunicar de forma autêntica com os eleitores comuns", frisa Ramey.
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