sábado, 11 de junho de 2016

Atos no Brasil e no mundo contra Temer

Foto: Jornalistas Livres
Da Rede Brasil Atual:

Ao menos 18 estados registram manifestações de repúdio ao governo interino de Michel Temer (PMDB). Os manifestantes exigem o retorno da presidenta Dilma Rousseff (PT), afastada em 12 de maio após admissibilidade de processo de impeachment no Senado. Ao longo do dia, várias cidades no exterior também contaram com atos em defesa da democracia.

Os protestos foram convocados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem dezenas de movimentos sociais. Além das capitais, muitas cidades do interior são palcos de protestos pedindo a saída de Temer da presidência. Nas rede sociais, a hashtag #ToNaRuaForaTemer figura entre os assuntos mais comentados do país no Twitter.

Pará, Amazonas, Pernambuco, Goiás, Sergipe, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Tocantins, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Paraíba, Minas Gerais, Piauí, Alagoas, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul contam com manifestações no que as entidades chamam chamam de Jornada Nacional de Lutas.

“O presidente ilegítimo e golpista Michel Temer não esconde o que estava por trás do afastamento ilegal da presidenta Dilma Rousseff: reforma da Previdência, arrocho nos direitos dos trabalhadores, desvinculação do orçamento da Educação e Saúde, suspensão de programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida, Fies, Prouni e Pronatec, criminalização e perseguição dos movimentos sociais”, diz nota de convocação dos atos.

Desde a manhã, manifestantes se concentram na rua XV de Novembro, região central de Curitiba. Para o agricultor Delfino José Becker, presente desde o início, às 7h30, “o que está sendo anunciado por este governo e Congresso golpistas são cortes e retrocessos na Previdência". "A gente não pode deixar que isso aconteça, por isso a gente parou alguns dias do nosso trabalho na lavoura”, afirmou.

Em Belo Horizonte, estudantes, professores e servidores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizaram ato em frente ao campus da instituição. Eles protestam contra o governo interino, pela ameaça de cortes na educação. E devem se unir aos manifestantes que ocupam a Fundação Nacional das Artes (Funarte) desde a extinção do Ministério da Cultura, promovido por Temer em seu primeiro dia de governo. Ambos marcham para engrossar o ato unificado na Praça da Liberdade, na região central da capital mineira.

Em Campo Grande, mais de 10 mil pessoas foram às ruas com um boneco batizado de “Michel Terror”. Em todo o estado do Mato Grosso do Sul, 90% das escolas públicas estão paralisadas, segundo os organizadores. No Rio de Janeiro, os manifestantes se concentram na Candelária e seguirão em passeata até a Cinelândia, no centro.

O Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN) realizou ato na BR-304, na altura da cidade de Mossoró. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, cerca de 200 manifestantes interditaram a via protestando contra o governo interino. Em Alagoas, manifestantes ocuparam um edifício que abriga o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a delegacia federal do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Em Buenos Aires, o Movimento Popular Pátria Grande promove uma manifestação em frente à embaixada brasileira. No intitulado “Dia Nacional de Mobilização em Defesa dos Direitos Sociais e Trabalhistas e contra Michel Temer”, outras cidades, nas Américas e na Europa, também têm registro de atos. Entre elas, Cidade do Panamá, Quito, Bogotá, Amsterdã, Barcelona, Berlim, Boston e Frankfurt.

Um comentário:

  1. ESPESSA IGNORÂNCIA

    Há meio século, sentava nos bancos da recém criada Faculdade de Administração e Finanças, da Universidade do Estado da Guanabara. O País passara por um primeiro golpe, de matriz estrangeira, mas logo sofreria um outro, talvez mais repressivo e violento, mas com um projeto de desenvolvimento nacional. O interesse empresarial fazia constituir novas unidades acadêmicas voltadas para tecnologias de produção e gestão. Também apoiava o candidato que adotaria o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), ao qual sucederiam os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs).
    Era o mundo da guerra fria que obrigava as nações à definição de contra ou a favor dos Estados Unidos da América (EUA). Mas, apesar desta polaridade, os Governos Militares, com e após Arthur da Costa e Silva, conseguiram embutir na “luta anticomunista” o desenvolvimento industrial e tecnológico brasileiro. Foi também um tempo, e é imperioso reconhecer, que o sistema financeiro internacional, ou a banca, ainda não se impunha, como hoje, sobre os governos em todos os países.
    Neste projeto de “Brasil Grande”, além de Faculdades e empresas, houve o crescimento decorrente das pesquisas tecnológicas. Assim, ao lado da repressão política, avançava um desenvolvimento nacional. A falta de um projeto social, na época identificado ideologicamente, possibilitou o desmanche que o neoliberalismo, nos governos posteriores a 1985, implementou no Brasil. Hoje ouvimos as sandices dos ajustes fiscais e superavits primários como se o desemprego, a redução da produção, a ausência de pesquisa e a eliminação da atuação estatal fossem benéficas para o País. Falta, como faltou, a consciência nacional, ao lado das consciência de gênero e de raça que se difundiram e ocupam atualmente as pautas das lutas populares.
    Enquanto isso, um provisório governo vai retrocedendo o País ao mundo colonial. O mais estranho e conflitante é o papel da indústria e da grande imprensa pavimentando seu próprio desaparecimento. Senão vejamos. A Veja, um verdadeiro símbolo da revista partidária, na defesa deste provisório mandatário, ilustra uma de sua capas com a provisória primeira dama como “recatada e do lar”. Ora, lá está no grande sociólogo brasileiro, Gilberto Freyre, que a família do século XVII, do Brasil précapitalista, é a família patriarcal, personalíssima, onde todos, rigorosamente todos, as mulheres, os filhos de todas as mães, os agregados e os escravos devem ser recatados, submissos, do lar face ao patriarca, o senhor feudal brasileiro. Para que a indústria, de qualquer natureza, numa sociedade assim constituída?
    Coerente em seu desmanche, o provisório governo acaba com os órgãos de gestão específica para a ciência e tecnologia, para a inovação, para a cultura, para a inserção social, para as políticas de constituição da cidadania e da nacionalidade.
    Para coonestar tal retrocesso, aí está o congresso do boi, da bíblia fundamentalista e da bala, em outras palavras, do Brasil essencialmente agrícola, com a autoimolação da indústria, do criacionismo, sem espaço para ciência e tecnologia, e da bala para a repressão que já está nas ruas e apenas espera sua confirmação no Poder para extinguir, não só a imprensa independente, como a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), já prometida por ministro provisório, mas toda e qualquer voz e manifestação oposicionista.
    Este é o Brasil dos que dele se apossaram pelo novo modelo do golpe legislativo-judiciário.
    Apenas uma eleição majoritária para o executivo garantiria que o Brasil encontrasse o caminho do desenvolvimento, não apenas econômico mas social, científico, cultural, e institucional? Ou precisamos de uma constituinte exclusiva que dê as necessárias condições para termos, com segurança, a possibilidade deste desejado País?
    Pedro Augusto Pinho,administrador aposentado

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