quarta-feira, 15 de junho de 2016

Corrupção e política: sinais trocados

Por Aldo Arantes

Os corruptos se apoderaram do governo. A declaração do ministro da falta de transparência, Torquato Jardim, contribuiu para confirmar que o governo é corrupto. Se referindo Centrão, afirmou que o baixo clero se reúne “em nome da corrupção e da safadeza”.

O grupo é liderado por Eduardo Cunha que domina a Câmara. Seus 200 integrantes não concordaram com o tal Ministro. Por isto um de seus principais articuladores, Jovair Arantes, relator do processo de impeachment na Câmara, afirmou cinicamente que “temos certeza de que faz fazemos política da melhor qualidade, centrada na responsabilidade, ética e democracia”.

A corrupção surge como um tsunami. A mídia golpista afirma o governo Temer “vem operando nos bastidores para salvar a cabeça de Eduardo Cunha e suas contas na Suíça”. Que a esposa de Cunha foi intermediária no recebimento de 1 milhão de dólares desviados da Petrobrás. Que foi tomada, depois revogada, a prisão de Renan, Cunha Jucá e Sarney. E a própria imprensa golpista informa que o “novo Centrão”, com 218 deputados, pauta o governo.

O juiz Moro, a mídia golpista e os grandes empresários se unem em torno do grave retrocesso democrático e civilizacional que alimenta o ódio, a discriminação, a intolerância e o fascismo.

Baltazar Garzón, que se tornou celebridade mundial desde 1998 ao dar voz de prisão ao ditador Pìnochet, em Londres, deu uma importante entrevista ao Brasil 247 onde afirmou “minha reflexão é que a Justiça se deixou instrumentalizar pela política. Não teve forças para separar-se do jogo dos partidos e seus interesses. Passou a dar muita importância à opinião dos grandes meios de comunicação, que sempre pressionaram para que a justiça fizesse o que queriam”.

Os corruptos defendem uma falsa ética individual para acobertar sua posição radicalmente contrária aos avanços democráticos, à melhoria das condições de vida do povo pobre, a defesa das mulheres, jovens, negros, índios e do movimento LGBT.

Diante de tudo listo a imprensa golpista, de forma desonesta e mentirosa, sempre colocou Lula e Dilma como responsáveis pelo desvio de recursos da Petrobras.

A questão de fundo da luta política que se trava no País é uma disputa acirrada entre dois projetos de nação. Um defendido por Dilma, Lula e seus aliados que se coloca ao lado dos pobres, da democracia dos direitos sociais e da soberania do país.

E outro voltado para os ricos, a favor da quebra das conquistas democráticas, sociais, econômicos e a favor de interesses contrários ao do Brasil.

Corruptos e muitos dos que apoiam o golpe estiveram ao lado do regime militar na prática de violências, prisões, torturas, assassinatos e “desaparecimento” de combatentes pela democracia.

A constatação que se faz é de que os sinais da política brasileira estão trocados. A Presidenta Dilma e o ex-presidente lutaram contra a ditadura. A Presidenta Dilma foi torturada e agora sofre nova tortura praticada pelos agentes do golpe. Tanto Dilma como Lula defendem o Estado Democrático de Direito e a Democracia.

O caminho para enfrentar esta grave situação é a mais ampla mobilização popular em defesa do mandato da Presidenta Dilma dando voz ao povo para que decida, através do Plebiscito por eleições DIRETAS JÁ. É ao povo brasileiro que cabe decidir o caminho que o País deve seguir.

Por outro lado é indispensável a união de todas iniciativas de advogados em torno de um movimento que reúna advogados, advogadas e juristas pela liberdade e democracia. São os advogados e juristas que possuem autoridade, do ponto de vista jurídico e político, para defenderem a Constituição e o Estado Democrático de Direito.

* Aldo Arantes é advogado e Constituinte de 1988.

Um comentário:

  1. Gostaria muito de ver publicada a lista dos "200 Homens (e mulheres) de Cunha".
    Para os fins devidos, a começar pelos escrachos (leia-se: Currículos) dos próprios, e chegando ao principal: alertas consistentes aos seus eleitores.

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