Por Bepe Damasco, em seu blog:
A escancarada fraude estatística do Datafolha, que, para influenciar a decisão definitiva do Senado sobre o golpe contra a presidenta Dilma, minguou o contingente da população que vê a eleição antecipada como a saída para a crise de 62% para 3% remete à trajetória dos institutos de pesquisa no Brasil.
Examinar a atuação do Datafolha e do Ibope nas campanhas eleitorais nos últimos 30 anos é deparar com um sem número de erros e manipulações grosseiras. Não por acaso a maioria esmagadora das falhas graves acontece em desfavor dos candidatos do campo da esquerda.
Se não formassem uma espécie de duopólio no setor, Datafolha e Ibope, por exemplo, teriam que abdicar de fazer levantamentos sobre tendências do eleitorado no estado da Bahia. Lá, o PT ganhou as três últimas eleições para o governo no primeiro turno, duas com Jaques Vagner e a última com Rui Costa.
Pois bem, nos três pleitos, os dois maiores institutos do país apontaram a vitória dos adversários do PT (carlistas em geral) ainda no primeiro turno. É impossível creditar tamanho vexame a movimentos e flutuações inesperadas do eleitorado a poucas horas da eleição, como tentam justificar os responsáveis pelas sondagens.
No Brasil, pesquisa eleitoral também é instrumento dissimulado de indução do voto do eleitor. Claro que não são todas as pesquisas, mas são inúmeros os artifícios usados para se obter um resultado em sintonia com os interesses políticos dos donos dos institutos. Abre parênteses : o Datafolha pertence a Otávio Frias, conservador e golpista assim como fora seu pai, e o Ibope é de Carlos Augusto Montenegro, conhecido cabo eleitoral da direita. Fecha parênteses.
Do tipo de pergunta formulada à data mais favorável para os pesquisadores irem a campo, do maior número de questionários aplicados em áreas de elite à inclusão de perguntas que nada têm a ver diretamente com o objeto da pesquisa, sempre se deu um jeitinho para turbinar as candidaturas conservadores em detrimento das de esquerda.
Outra malandragem usual é o estica e puxa da margem de erro , bem como o malabarismo que se faz com o universo de indecisos, exército de reserva sempre a postos para engrossar a intenção de votos nos candidatos preferidos dessas empresas.
Existem casos em que os institutos partem para o desespero na undécima hora, como na Bahia em 2006, 2010 e 2014, ou em São Paulo, quando Marta Suplicy,então no PT, chegaria em quarto lugar segundo as pesquisas de véspera, mas acabou em segundo. Entretanto, esses não são os padrões de comportamento mais usuais dos institutos.
O mais comum é a manipulação correr solta ao longo de toda a campanha, para só na reta final, quando o nome do instituto fica mais em xeque, a inclinação de voto real do eleitor vir à tona. Isso não impede, porém, que aconteçam pataquadas que só falta de competência pode explicar, tipo errar por muito nas pesquisas de boca de urna.
O caso da irresponsabilidade jornalística pró-Temer do Datafolha merece todo o repúdio. Estão de parabéns o site 247 e o jornalista Glen Greenwald, do The Intercept, por terem prontamente colocado o dedo na ferida. Mas não devem causar surpresa nem espanto, afinal é uma questão de DNA.
Lembra uma conhecida fábula. O escorpião estava à beira do rio sem poder atravessá-lo, pois não sabe nadar. Eis que um sapo se aproxima e o escorpião pede carona nas suas costas até a outra margem do rio. O sapo, desconfiado, reluta : "Mas você vai me picar no caminho." O escorpião responde contrito :"Poxa, você acha mesmo que eu seria capaz de uma maldade como essa justamente contra alguém que está me ajudando ?" O sapo resolve, então, dar uma chance ao peçonhento. No meio do caminho, o escorpião crava-lhe o ferrão, e antes que o sapo reclame, ele avisa : "Desculpe, mas é da minha índole."
Moral da história: esperar o que de quem apoia tortura e golpes de estado?
A escancarada fraude estatística do Datafolha, que, para influenciar a decisão definitiva do Senado sobre o golpe contra a presidenta Dilma, minguou o contingente da população que vê a eleição antecipada como a saída para a crise de 62% para 3% remete à trajetória dos institutos de pesquisa no Brasil.
Examinar a atuação do Datafolha e do Ibope nas campanhas eleitorais nos últimos 30 anos é deparar com um sem número de erros e manipulações grosseiras. Não por acaso a maioria esmagadora das falhas graves acontece em desfavor dos candidatos do campo da esquerda.
Se não formassem uma espécie de duopólio no setor, Datafolha e Ibope, por exemplo, teriam que abdicar de fazer levantamentos sobre tendências do eleitorado no estado da Bahia. Lá, o PT ganhou as três últimas eleições para o governo no primeiro turno, duas com Jaques Vagner e a última com Rui Costa.
Pois bem, nos três pleitos, os dois maiores institutos do país apontaram a vitória dos adversários do PT (carlistas em geral) ainda no primeiro turno. É impossível creditar tamanho vexame a movimentos e flutuações inesperadas do eleitorado a poucas horas da eleição, como tentam justificar os responsáveis pelas sondagens.
No Brasil, pesquisa eleitoral também é instrumento dissimulado de indução do voto do eleitor. Claro que não são todas as pesquisas, mas são inúmeros os artifícios usados para se obter um resultado em sintonia com os interesses políticos dos donos dos institutos. Abre parênteses : o Datafolha pertence a Otávio Frias, conservador e golpista assim como fora seu pai, e o Ibope é de Carlos Augusto Montenegro, conhecido cabo eleitoral da direita. Fecha parênteses.
Do tipo de pergunta formulada à data mais favorável para os pesquisadores irem a campo, do maior número de questionários aplicados em áreas de elite à inclusão de perguntas que nada têm a ver diretamente com o objeto da pesquisa, sempre se deu um jeitinho para turbinar as candidaturas conservadores em detrimento das de esquerda.
Outra malandragem usual é o estica e puxa da margem de erro , bem como o malabarismo que se faz com o universo de indecisos, exército de reserva sempre a postos para engrossar a intenção de votos nos candidatos preferidos dessas empresas.
Existem casos em que os institutos partem para o desespero na undécima hora, como na Bahia em 2006, 2010 e 2014, ou em São Paulo, quando Marta Suplicy,então no PT, chegaria em quarto lugar segundo as pesquisas de véspera, mas acabou em segundo. Entretanto, esses não são os padrões de comportamento mais usuais dos institutos.
O mais comum é a manipulação correr solta ao longo de toda a campanha, para só na reta final, quando o nome do instituto fica mais em xeque, a inclinação de voto real do eleitor vir à tona. Isso não impede, porém, que aconteçam pataquadas que só falta de competência pode explicar, tipo errar por muito nas pesquisas de boca de urna.
O caso da irresponsabilidade jornalística pró-Temer do Datafolha merece todo o repúdio. Estão de parabéns o site 247 e o jornalista Glen Greenwald, do The Intercept, por terem prontamente colocado o dedo na ferida. Mas não devem causar surpresa nem espanto, afinal é uma questão de DNA.
Lembra uma conhecida fábula. O escorpião estava à beira do rio sem poder atravessá-lo, pois não sabe nadar. Eis que um sapo se aproxima e o escorpião pede carona nas suas costas até a outra margem do rio. O sapo, desconfiado, reluta : "Mas você vai me picar no caminho." O escorpião responde contrito :"Poxa, você acha mesmo que eu seria capaz de uma maldade como essa justamente contra alguém que está me ajudando ?" O sapo resolve, então, dar uma chance ao peçonhento. No meio do caminho, o escorpião crava-lhe o ferrão, e antes que o sapo reclame, ele avisa : "Desculpe, mas é da minha índole."
Moral da história: esperar o que de quem apoia tortura e golpes de estado?
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