segunda-feira, 18 de julho de 2016

PF investigará quem financia o “pixuleko”?

Por Altamiro Borges

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal solicitou à Polícia Federal que investigue a ação dos grupos que promovem “campanhas difamatórias” contra membros do Judiciário. O motivo do pedido foi a exibição em protestos de rua de bonecos infláveis contrários ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Segundo a solicitação, tais bonecos “representam grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade do Poder Judiciário”. Nas marchas golpistas pelo impeachment, os “pixulekos” carregados por seitas fascistas apresentaram o ex-presidente Lula como presidiário e insultaram a presidenta Dilma. Mas o STF nunca tratou os bonecos antipetistas como “ameaças à ordem pública”.

Agora, porém, num típico espírito de corpo, o Supremo solicita medidas policiais para conter este “inaceitável atentado à credibilidade do Poder Judiciário”. O pedido gerou controvérsias na mídia golpista e nos meios jurídicos. Em vários editoriais, os jornalões – que sempre deram guarita aos grupelhos fascistas – condenaram a postura “autoritária” do STF, rotulando-a de “censura” e de ataque à liberdade de expressão. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que reforçou a cavalgada golpista pelo impeachment, também criticou a medida. “Não há nenhum crime em se criticar, mesmo que de forma contundente ou jocosa, a atuação ou a atividade de pessoas públicas”, argumentou Roberto Dias, presidente da Comissão de Direito Constitucional da OAB-SP.

O STF rejeitou as críticas, afirmando que os bonecos infláveis “configuram intolerável atentado à honra do chefe desse Poder e, em consequência, à própria dignidade da Justiça, extrapolando, em muito, a liberdade de expressão [...] por consubstanciarem, em tese, incitação à prática de crimes e à insubordinação em face de duas das mais altas autoridades". Em tom de ameaça, o Supremo ainda anunciou que “a conclusão do inquérito poderá acarretar ou não em eventual ação penal". Tamanha rigidez, como já foi dito, não existiu quando as mesmas seitas exibiram os “pixulekos” difamatórios contra Lula e Dilma. O STF simplesmente se fingiu de morto!

Independentemente do controverso pedido do Supremo, fica a pergunta: será que agora a Policia Federal vai finalmente investigar as fontes de financiamento destes grupelhos? Eles promoveram centenas de ações golpistas, com bonecos infláveis, caros caminhões de som e incontáveis viagens. Quem bancou os gastos exorbitantes dos tais “ativistas apartidários”? Até hoje, estas organizações – como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Revoltados Online – não prestaram contas dos seus financiadores e dos seus custos. A grana veio de entidades patronais ou de fundações internacionais? Quais os interesses dos patrocinadores das marchas golpistas, com seus pixulekos, patinhos amarelos e outras bugigangas?

Em tempo: Já que o STF solicitou a controvertida investigação da ação destes grupos, talvez fosse interessante pedir a uma força-tarefa da Polícia Federal que visite a sede da Federação das Indústrias de São Paulo ou que convoque para depor o presidente da entidade, o golpista Paulo Skaf. Matéria da Folha tucana, publicada em 21 de abril passado, registrou que a “Fiesp não revela os gastos com a campanha a favor do impeachment de Dilma”. A entidade, que é financiada com recursos públicos do Sistema S, produziu milhares de “patinhos amarelos” e cedeu as suas instalações aos fascistas que acamparam em frente à sua sede na Avenida Paulista. Os aloprados foram servidos, inclusive, com filet mignon. Quem bancou estes fanáticos que “representam grave ameaça à ordem pública”?

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