Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
O Estadão publica hoje mais uma das matérias que mostram, outra vez, o absurdo das remunerações milionárias dos juízes e desembargadores brasileiros. Desta vez, para mostrar que ganham tanto ou mais que seus congêneres de países ricos, onde o trabalhador em geral ganha três, quatro, seis ou mais vezes que os brasileiros.
Volta e meia temos estas já nem tanto reveladoras contabilidades da drenagem de recursos da população para um grupo de profissionais vorazes e poderosos que hoje detêm, virtualmente, o direito de fazer o que quiserem, com qualquer um.
Apenas o fato de escrever sobre isso já nos sujeita, como mostrou o caso dos colegas da Gazeta do Povo, do Paraná, a exigirem-nos indenizações inalcançáveis ao nosso padrão de vida, como dizia Graciliano Ramos, de pão e laranja.
Há, porém, algo ainda mais grave que o prejuízo que o povo brasileiro suporta com este festival de dinheiro que, claro, não fica incluído nos “cortes” que se quer fazem em saúde, educação e outras atividades mundanas, para as quais Suas Excelências contam com os (in) devidos “auxílios”.
É que se formou uma casta judicial – na qual se incluem, naturalmente, promotores, procuradores e, em cascata, outras corporações de Estado que usam o Judiciário como referência de seu “preço” – que transforma seus integrantes numa camada que, pelo que ganha e pelo como vive, é indiferente à vida dos homens e mulheres “comuns”.
O processo mental que, em geral, se forma nas mentes – sobretudo dos magistrados mais jovens – é extremamente cruel. Um rapaz de vinte e quatro, vinte e cinco anos, ganhando R$ 40 mil por mês (confira que os dados do Estadão se referem a salários líquidos, já com os descontos de Previdência e Imposto de Renda) forma que tipo de visão de mundo?
Passa a encarar como “inferiores” os que deveria ver como semelhantes a quem, em tese, deveria servir. A condição de juízes passa a funcionar como um título nobiliárquico, como se um concurso público justificasse a formação de uma “nobreza” funcional à qual os plebeus devem obediência e vassalagem.
Some-se o fato de que, em boa parte, venceram aqueles concursos porque suas famílias têm sobras que lhes permitem estudar por anos para serem sagrados “cavaleiros”e, não raro, por isso deformarem-se pela falta de contato com a realidade.
A hipertrofia dos dinheiros e dos poderes da casta judicial, por isso, tem um componente mais danoso do que a já grave injustiça de nos levarem dinheiro que deveria se destinar a uma desvalorizada ideia de justiça, a social.
É o fato de nos colocar, como já é perceptível, sob a ditadura de uma nobreza togada, numa condição divina e incriticável, onde mutuamente se protegem e confirmam ordens, como o “direito extra”, agora, de apontar o dedo e mandar levar à Bastilha quem desejarem, bastando que o indiquem como corrupto, porque seus dedos detém o condão da verdade que a mídia lhe concede.
O Estadão publica hoje mais uma das matérias que mostram, outra vez, o absurdo das remunerações milionárias dos juízes e desembargadores brasileiros. Desta vez, para mostrar que ganham tanto ou mais que seus congêneres de países ricos, onde o trabalhador em geral ganha três, quatro, seis ou mais vezes que os brasileiros.
Volta e meia temos estas já nem tanto reveladoras contabilidades da drenagem de recursos da população para um grupo de profissionais vorazes e poderosos que hoje detêm, virtualmente, o direito de fazer o que quiserem, com qualquer um.
Apenas o fato de escrever sobre isso já nos sujeita, como mostrou o caso dos colegas da Gazeta do Povo, do Paraná, a exigirem-nos indenizações inalcançáveis ao nosso padrão de vida, como dizia Graciliano Ramos, de pão e laranja.
Há, porém, algo ainda mais grave que o prejuízo que o povo brasileiro suporta com este festival de dinheiro que, claro, não fica incluído nos “cortes” que se quer fazem em saúde, educação e outras atividades mundanas, para as quais Suas Excelências contam com os (in) devidos “auxílios”.
É que se formou uma casta judicial – na qual se incluem, naturalmente, promotores, procuradores e, em cascata, outras corporações de Estado que usam o Judiciário como referência de seu “preço” – que transforma seus integrantes numa camada que, pelo que ganha e pelo como vive, é indiferente à vida dos homens e mulheres “comuns”.
O processo mental que, em geral, se forma nas mentes – sobretudo dos magistrados mais jovens – é extremamente cruel. Um rapaz de vinte e quatro, vinte e cinco anos, ganhando R$ 40 mil por mês (confira que os dados do Estadão se referem a salários líquidos, já com os descontos de Previdência e Imposto de Renda) forma que tipo de visão de mundo?
Passa a encarar como “inferiores” os que deveria ver como semelhantes a quem, em tese, deveria servir. A condição de juízes passa a funcionar como um título nobiliárquico, como se um concurso público justificasse a formação de uma “nobreza” funcional à qual os plebeus devem obediência e vassalagem.
Some-se o fato de que, em boa parte, venceram aqueles concursos porque suas famílias têm sobras que lhes permitem estudar por anos para serem sagrados “cavaleiros”e, não raro, por isso deformarem-se pela falta de contato com a realidade.
A hipertrofia dos dinheiros e dos poderes da casta judicial, por isso, tem um componente mais danoso do que a já grave injustiça de nos levarem dinheiro que deveria se destinar a uma desvalorizada ideia de justiça, a social.
É o fato de nos colocar, como já é perceptível, sob a ditadura de uma nobreza togada, numa condição divina e incriticável, onde mutuamente se protegem e confirmam ordens, como o “direito extra”, agora, de apontar o dedo e mandar levar à Bastilha quem desejarem, bastando que o indiquem como corrupto, porque seus dedos detém o condão da verdade que a mídia lhe concede.
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