quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Alckmin quer privatizar 60% do metrô

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Por Altamiro Borges

Na onda privatista desencadeada pelo “golpe dos corruptos”, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) anunciou nesta semana que irá expandir seus planos de privatização da rede de metrô. O objetivo é “vender” – a preço de banana e sabe-se lá com quais esquemas – seis das nove linhas existentes ou planejadas nos próximos anos. Com isso, 60% da extensão do metrô e dos monotrilhos em São Paulo serão delegados à iniciativa privada. O plano tucano sabota o patrimônio público, construído com dinheiro dos impostos dos paulistas, e tende a piorar o serviço prestado neste setor essencial para a mobilidade urbana. Ele favorece os ávidos empresários e serve para reforçar o Caixa-2 do PSDB.

Segundo relato da Folha, a primeira concessão deve ocorrer ainda neste semestre. “O mais provável nesse pacote é que a linha 5-lilás (hoje do Capão Redondo até Adolfo Pinheiro, mas que chegará até Chácara Klabin) e a linha 17-ouro (monotrilho que passará por Congonhas) sejam licitadas em conjunto. Além das duas linhas, a 15-prata (monotrilho da zona leste) também será objeto de concessão. O Metrô também fará PPP (parceria público-privada) do monotrilho da linha 18-bronze (que vai ao ABC). A linha 4-amarela (Butantã-Luz) já é operada nesse modelo de parceria, e as obras e futuros serviços da linha 6-laranja (Brasilândia-São Joaquim) foram contratados de igual modo”.

“Juntas, todas essas linhas sob responsabilidade privada corresponderão a 84,6 km da rede do Metrô, 60% do total de 141,6 km planejados pelos próximos cinco anos. A companhia pública quer controlar a operação de apenas 57 km da malha, a extensão somada das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha”. A Folha privatista até tenta justificar a entrega do patrimônio público. “A opção pela privatização de uma fatia expressiva da rede metroviária se deve à dificuldade do governo para financiar obras de expansão e até para manter os serviços da rede em operação”. A desculpa é esfarrapada. Mesmo em períodos de crescimento econômico, os governos tucanos nunca expandiram o setor – um dos menores do mundo.

Reação dos trabalhadores

A revelação do plano privatista do governador Geraldo Alckmin gerou o rechaço imediato dos trabalhadores do setor. Segundo reportagem de Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual, metroviários e ferroviários já decidiram deflagrar uma campanha contra a privatização. “O próprio governo sucateou o sistema e agora quer entregar as linhas novinhas ou reestruturadas para a iniciativa privada. Não vamos aceitar”, afirma o secretário-geral do Sindicato dos Metroviários, Alex Fernandes. “O governador quer entregar à iniciativa privada o filé da CPTM. Investiu, melhorou e agora que está bonito, privatiza”, reagiu o presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo, Izac de Almeida.

Nesta segunda-feira (1), os trabalhadores do metrô já realizaram protesto na estação Capão Redondo, da Linha 5-Lilás, para chamar a atenção da população para o plano privatista de Geraldo Alckmin. Os ferroviários também já planejam manifestações. Segundo Izac de Almeida, os efeitos da privatização são trágicos. “Vimos o que houve na privatização do sistema de cargas: muitas demissões, redução de direitos, precarização. Quem pega uma rede desta quer ganhar e gastar pouco. Até faz investimentos, mas visando a reduzir custos depois. Com isso, o trabalhador perde muito”. Já para o líder metroviário, a privatização só serve aos empresários e para “agradar possíveis financiadores da campanha, alguns destes envolvidos no esquema de cartel que funcionou no sistema metroferroviário nos governos tucanos em São Paulo”. A briga promete ser boa!

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