sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Banco Central não dá a mínima para o povo

Por Carlos Eduardo, no blog Cafezinho:

Inacreditável a entrevista do atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ao Estadão, publicada nesta sexta-feira (5).

A matéria foi assinada por três repórteres e nenhum deles perguntou a Goldfajn o que ele planeja fazer para que o país saia da crise, retome o crescimento econômico e a oferta de empregos. Aliás as palavras 'crescimento' e 'emprego' não aparecem nenhuma vez na entrevista.

Tanto os jornalistas quanto Ilan Goldfajn se mostraram obcecados com a inflação. O resto? Ah, isso pouco importa...

Nos Estados Unidos a função do presidente do Federal Reserve - Banco Central norte-americano - não se resume apenas ao controle da inflação, mas também na manutenção do baixo nível de desemprego.

Infelizmente no Brasil o nível de desemprego não é levado em consideração pelo Banco Central e a maioria dos economistas, inclusive, acha normal aumentar o desemprego para reduzir a inflação.

Investir em pesquisa e inovação ou aumentar a produtividade é muito difícil e demorado. Mais fácil criar desemprego e cortar o consumo dos pobres. Acabar com a inflação assim é moleza.

A política econômica da dupla Meirelles-Goldfajn se resume em fortalecer o câmbio e reduzir com a inflação o mais rápido possível, mesmo que para isso seja necessário deixar a economia em frangalhos.

A lógica por trás das medidas não faz sentido. Se aumentam o desemprego para reduzir a inflação, o que eles pretendem fazer depois? Sem mercado consumidor, com uma legião de desempregados, qual empresário vai investir no país?

Às vezes acho que ser capitalista no Brasil é uma furada. É muito mais vantajoso se aproveitar dos altos juros sendo um rentista, ou ser funcionário público - de preferência no Poder Judiciário, onde os salários superam o teto constitucional devido a cesta de auxílios e outros penduricalhos.

Basta estudar um pouco de história para concluir que essa dupla Meirelles-Goldfajn parou no tempo. Não sabem fazer outra coisa senão controlar a inflação com políticas de austeridade ultrapassadas.

Fazem o oposto do que vemos atualmente no mundo desenvolvido. Após a crise de 2008, os países mais inteligentes reviram completamente suas políticas de austeridade.

Essa história de fortalecer a moeda e impor metas absurdas de inflação, incoerentes com a realidade econômica, beneficia apenas os ricos e uma parcela da classe média, que vai pagar menos para comprar importados ou viajar a Miami.

O restante vai se lascar.

Se continuarmos com essa política insana de restringir a demanda com a economia em plena recessão, empresas vão falir e a própria classe média que foi às ruas pedir o impeachment de Dilma Rousseff vai perder o emprego.

Goldfajn diz que ‘a queda da inflação vai afetar o humor das pessoas’. Sem dúvida, ele tem razão. Mas quando a classe média se tocar na canoa furada que embarcou ao pedir o impeachment de Dilma Rousseff, o humor não será dos melhores.

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