Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Michel Temer nem foi efetivado presidente e o PSDB já se dá conta de que comprou gato por lebre. Percebe que o PMDB não derrubou Dilma apenas para fazer o serviço sujo, implementar a agenda neoliberal e estabilizar a economia, limpando o caminho para os tucanos chegarem ao governo em 2018. Em coro com agentes do mercado, estrilam contra a frouxidão fiscal de Temer e sua equipe e admitem, no limite, o rompimento. A ânsia para desalojar Dilma e o PT turvou a visão tucana. Pois em verdade o PMDB, Temer e seus arqueiros nunca esconderam que, através do impeachment, queriam não apenas a cadeira de Dilma, mas também implementar um “projeto próprio de poder”. É o que está em curso. Se Temer não puder ser candidato, o projeto será tentado com outro nome. Pode ser com Serra, mas filiado ao PMDB. Pode ser com Meirelles, que é filiado ao PSD, mas tem prazo até outubro de 2017 para filiar-se ao PMDB, podendo ainda sair por uma coligação liderada pelo PMDB.
Quando coordenou a elaboração do documento “Uma ponte para o futuro”, lançado por Temer ainda em outubro de 2015, Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, não escondia, em conversas reservadas e mesmo em entrevistas, que o PMDB buscava, com o documento, explicitar não apenas que tinha propostas, quadros e disposição política para assumir o governo com o afastamento de Dilma, mas também que tinha projeto para o país. Vale, dizer, projeto de poder próprio. “Nosso sonho é eleger um presidente da República pelo voto. Vamos ver se dá para isso em 2018”, declarou na época. O próprio Temer disse em outro momento: “O que está sendo estabelecido é que o PMDB quer ser, digamos assim, cabeça de chapa em 2018”. Só Carolina não viu. Ou melhor, o PSDB.
“A Ponte para o futuro” prometeu um severo ajuste fiscal, revisão de gastos sociais e desonerações, retomada das privatizações, reformas previdenciária e trabalhista, entre outras cerejas neoliberais. Seduziu o empresariado e inoculou no PSDB a ilusão de que, entregando o governo a Temer, teria o caminho pavimentado para 2018. Diante das primeiras desilusões – a frouxidão do ajuste e os sinais de que o PMDB lutará para fazer o sucessor em 2018 – Aécio Neves reclamou. “Demos o governo a Temer. Agora ele tem a obrigação de dar um governo ao Brasil”. Faltou dizer: criar as condições para que o PSDB conquiste o governo do Brasil.
Nestes meados de agosto, faltando poucos dias para o rito final do golpe e a efetivação de Temer, a indocilidade tucana é crescente. Seus líderes falam abertamente em rever a relação com o governo caso a política econômica não siga o receituário combinado. Tudo pode começar com a adoção de um apoio “pontual” mas, no limite, já admitem o rompimento e a migração para a oposição. Entendem que Meirelles já não é o mesmo, depois ter sido picado pela mosca azul da ambição política. Falam os tucanos e falam seus aliados no mercado.
Em artigo publicado pela Folha de S. Paulo neste domingo, o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, instituto que reúne a nata do pensamento econômico neoliberal, sobe o tom contra a frouxidão fiscal. “O discurso do governo enfatiza, corretamente, a necessidade de ajuste fiscal e de reformas para que o país possa retomar uma trajetória sustentável de crescimento. A sua prática, porém, preocupa pela excessiva sensibilidade ao corporativismo”, diz ele, elogiando a PEC que limita o gasto público e outras propostas, mas atacando as concessões políticas que o governo vem fazendo.
Michel Temer nem foi efetivado presidente e o PSDB já se dá conta de que comprou gato por lebre. Percebe que o PMDB não derrubou Dilma apenas para fazer o serviço sujo, implementar a agenda neoliberal e estabilizar a economia, limpando o caminho para os tucanos chegarem ao governo em 2018. Em coro com agentes do mercado, estrilam contra a frouxidão fiscal de Temer e sua equipe e admitem, no limite, o rompimento. A ânsia para desalojar Dilma e o PT turvou a visão tucana. Pois em verdade o PMDB, Temer e seus arqueiros nunca esconderam que, através do impeachment, queriam não apenas a cadeira de Dilma, mas também implementar um “projeto próprio de poder”. É o que está em curso. Se Temer não puder ser candidato, o projeto será tentado com outro nome. Pode ser com Serra, mas filiado ao PMDB. Pode ser com Meirelles, que é filiado ao PSD, mas tem prazo até outubro de 2017 para filiar-se ao PMDB, podendo ainda sair por uma coligação liderada pelo PMDB.
Quando coordenou a elaboração do documento “Uma ponte para o futuro”, lançado por Temer ainda em outubro de 2015, Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, não escondia, em conversas reservadas e mesmo em entrevistas, que o PMDB buscava, com o documento, explicitar não apenas que tinha propostas, quadros e disposição política para assumir o governo com o afastamento de Dilma, mas também que tinha projeto para o país. Vale, dizer, projeto de poder próprio. “Nosso sonho é eleger um presidente da República pelo voto. Vamos ver se dá para isso em 2018”, declarou na época. O próprio Temer disse em outro momento: “O que está sendo estabelecido é que o PMDB quer ser, digamos assim, cabeça de chapa em 2018”. Só Carolina não viu. Ou melhor, o PSDB.
“A Ponte para o futuro” prometeu um severo ajuste fiscal, revisão de gastos sociais e desonerações, retomada das privatizações, reformas previdenciária e trabalhista, entre outras cerejas neoliberais. Seduziu o empresariado e inoculou no PSDB a ilusão de que, entregando o governo a Temer, teria o caminho pavimentado para 2018. Diante das primeiras desilusões – a frouxidão do ajuste e os sinais de que o PMDB lutará para fazer o sucessor em 2018 – Aécio Neves reclamou. “Demos o governo a Temer. Agora ele tem a obrigação de dar um governo ao Brasil”. Faltou dizer: criar as condições para que o PSDB conquiste o governo do Brasil.
Nestes meados de agosto, faltando poucos dias para o rito final do golpe e a efetivação de Temer, a indocilidade tucana é crescente. Seus líderes falam abertamente em rever a relação com o governo caso a política econômica não siga o receituário combinado. Tudo pode começar com a adoção de um apoio “pontual” mas, no limite, já admitem o rompimento e a migração para a oposição. Entendem que Meirelles já não é o mesmo, depois ter sido picado pela mosca azul da ambição política. Falam os tucanos e falam seus aliados no mercado.
Em artigo publicado pela Folha de S. Paulo neste domingo, o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, instituto que reúne a nata do pensamento econômico neoliberal, sobe o tom contra a frouxidão fiscal. “O discurso do governo enfatiza, corretamente, a necessidade de ajuste fiscal e de reformas para que o país possa retomar uma trajetória sustentável de crescimento. A sua prática, porém, preocupa pela excessiva sensibilidade ao corporativismo”, diz ele, elogiando a PEC que limita o gasto público e outras propostas, mas atacando as concessões políticas que o governo vem fazendo.
Entre elas, os aumentos para castas do funcionalismo e concessões aos governadores na renegociação das dívidas. Meirelles deu justificativas para este último ponto em alguns espaços da mídia neste domingo. As suas “bondades” de interino, Temer busca conquistar alguma popularidade e acomodar melhor seus aliados já em franca dissensão no Congresso, com o PSDB na espreita e o centrão assumindo ares de independência. Mas já mira, também, o “projeto próprio” do PMDB para 2018, seja com quem for no papel de candidato.
É por razões políticas que Temer claudica na economia, com diz Lisboa, com delicadeza menor que a utilizada no início do impeachment. “Recentemente, o governo tem demonstrado dificuldade com a divergência e negado os problemas decorrentes das suas escolhas e das deliberações do Congresso. Entretanto, reconhecer recuos, tratando com transparência as dificuldades, distingue as melhores lideranças”. Logo, vai aí um reparo à qualidade da liderança de Temer, que tem se gabado tanto da “unificação” que conseguiu no Congresso, sem admitir nem as dificuldades nem as concessões. E isso em matérias bem menos sensíveis que as reformas previdenciária e trabalhista, que nem foram ainda apresentadas, e a PEC do teto do gasto publico, que dificilmente será votada e promulgada antes da eleição municipal.
Lisboa avisa que o mercado quer mais, em matéria de desmonte do que foi erigido nos governos petistas e de arrocho fiscal. “ O debate deveria incluir todo o conjunto da obra, como as desonerações, as políticas de proteção setorial e o gasto com servidores. Espera-se que os recuos nas últimas semanas tenham vida curta e que sejam propostas medidas que estabilizem a dívida.”
Mas quem conhece o Congresso, e especialmente esta legislatura, a que mais intensamente congregou, nos últimos anos, praticantes do clientelismo e da defesa de interesses particulares em detrimento do interesse público, sabe que não será fácil atender a este reclamo. Não é por ter passado tantos anos na Casa, como alardeia, que Temer será capaz de obter a subserviência de uma base tão heterogênea e tão comprometida com seus próprios negócios. Ainda mais quando avulta com tanta força o chamado “projeto próprio de poder” e o sonho apontado por Moreira Franco, de elegerem um presidente do PMDB em 2018, coisa que o partido nunca conseguiu depois da redemocratização.
Com a ficha caindo, o PSDB por ora apenas rosna. Em recente nota sobre a politica econômica, o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, foi claro: “o que o governo fez até aqui não foi o suficiente. Por ora, fez apenas anúncios”. O afastamento dos tucanos é uma tendência inexorável. Por isso, e por muitas outras razões, a efetivação não trará tempo melhor para Temer. Muito pelo contrário. A partir de setembro ele enfrentará cobranças mais duras do mercado, o aumento dos protestos nas ruas e a deterioração das relações com os aliados que lhe deram o governo.
É por razões políticas que Temer claudica na economia, com diz Lisboa, com delicadeza menor que a utilizada no início do impeachment. “Recentemente, o governo tem demonstrado dificuldade com a divergência e negado os problemas decorrentes das suas escolhas e das deliberações do Congresso. Entretanto, reconhecer recuos, tratando com transparência as dificuldades, distingue as melhores lideranças”. Logo, vai aí um reparo à qualidade da liderança de Temer, que tem se gabado tanto da “unificação” que conseguiu no Congresso, sem admitir nem as dificuldades nem as concessões. E isso em matérias bem menos sensíveis que as reformas previdenciária e trabalhista, que nem foram ainda apresentadas, e a PEC do teto do gasto publico, que dificilmente será votada e promulgada antes da eleição municipal.
Lisboa avisa que o mercado quer mais, em matéria de desmonte do que foi erigido nos governos petistas e de arrocho fiscal. “ O debate deveria incluir todo o conjunto da obra, como as desonerações, as políticas de proteção setorial e o gasto com servidores. Espera-se que os recuos nas últimas semanas tenham vida curta e que sejam propostas medidas que estabilizem a dívida.”
Mas quem conhece o Congresso, e especialmente esta legislatura, a que mais intensamente congregou, nos últimos anos, praticantes do clientelismo e da defesa de interesses particulares em detrimento do interesse público, sabe que não será fácil atender a este reclamo. Não é por ter passado tantos anos na Casa, como alardeia, que Temer será capaz de obter a subserviência de uma base tão heterogênea e tão comprometida com seus próprios negócios. Ainda mais quando avulta com tanta força o chamado “projeto próprio de poder” e o sonho apontado por Moreira Franco, de elegerem um presidente do PMDB em 2018, coisa que o partido nunca conseguiu depois da redemocratização.
Com a ficha caindo, o PSDB por ora apenas rosna. Em recente nota sobre a politica econômica, o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, foi claro: “o que o governo fez até aqui não foi o suficiente. Por ora, fez apenas anúncios”. O afastamento dos tucanos é uma tendência inexorável. Por isso, e por muitas outras razões, a efetivação não trará tempo melhor para Temer. Muito pelo contrário. A partir de setembro ele enfrentará cobranças mais duras do mercado, o aumento dos protestos nas ruas e a deterioração das relações com os aliados que lhe deram o governo.
Entendo que esse afastamento já estava previsto desde o início do golpe. É misancene para dar a impressão para a população de que o PSDB seja uma alternativa de solução para o caos que se estabelecerá com a politica de cortes e perdas do Temer. Até 2018 o PSDB vai bater muito no Temer, mas pretendem tomar Whisky juntos sobre os escombros do pais. Esse é o projeto da coalisão golpista (PSDB, PMDB, DEM e afins) e eles estão juntos.
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