sábado, 27 de agosto de 2016

Moro achou a mulher do Cunha. Milagre!

Por Altamiro Borges

Na quinta-feira passada, 25, finalmente o "justiceiro" Sérgio Moro encontrou Cláudia Cruz, a mulher do correntista suíço Eduardo Cunha. Segundo matéria do Jornal do Brasil, "o juiz aceitou pedido da defesa da mulher do ex-presidente da Câmara para que fosse devolvido o passaporte dela que estava com a Justiça" por decisão do Ministério Público Federal que temia a sua fuga para o exterior. Mas, sempre tão rigoroso, "Moro determinou que possíveis viagens realizadas por ela sejam previamente informadas oficialmente". Só mesmo os "midiotas" para acreditarem na imparcialidade do novo ícone da TV Globo e de seus artistas amestrados - como Susana Vieira e outras celebridades golpistas.

Duas semanas antes, o mesmo Sérgio Moro havia afirmado - pela terceira vez seguida - que ainda não tinha ouvido o depoimento de Cláudia Cruz devido à dificuldade de achar a sua residência. A Folha registrou a cena patética: "O juiz intimou a mulher do deputado afastado Eduardo Cunha a apresentar imediatamente o seu novo endereço. Na ação consta que 'há dificuldades para a intimação pessoal da acusada Cláudia Cruz. Responsável pelo despacho, Moro diz que o endereço disponível à Justiça informado pela defesa era o da Presidência da Câmara, não mais ocupado por Cunha e Cláudia".

Pelo jeito, agora o ágil justiceiro encontrou o endereço e já pode devolver o passaporte da mulher do correntista suíço - que muitos brasileiros não entendem porque ainda está livre e solta. Cláudia Cruz é acusada de evasão de divisas e de lavagem de US$ 1,5 milhão oriundos dos crimes praticados por seu marido em esquemas de corrupção na Petrobras. Nesta sexta-feira (26), a Justiça manteve o bloqueio dos bens do casal. O desembargador Ricardo Teixeira do Valle Pereira negou todos os argumentos da defesa que pregavam a imunidade da mulher do ex-presidente da Câmara Federal.

"Agentes políticos são agentes públicos para fins de improbidade e a imunidade parlamentar prevista no artigo 53 da Constituição Federal diz respeito apenas aos atos inerentes ao exercício do mandato", alegou o desembargador. Com a decisão, ficam indisponíveis "quaisquer bens ou valores titularizados pelos investigados sob guarda de instituições financeiras, tais como ações, participações em fundos de ações, letras hipotecárias ou quaisquer outros fundos de investimento", bem como imóveis e carros de Eduardo Cunha e Cláudia Cruz. O bloqueio se estende às empresas do casal - a C3 Produções Artísticas e a C3 Atividades de Internet - que usava, no passado, o nome fantasia de  "Jesus.com".

Num gesto curioso, na semana passada os advogados de Cláudia Cruz solicitaram ao benevolente juiz Sérgio Moro que seja mantido o sigilo para os extratos do seu cartão de crédito. Segundo a coluna de fofoca do Lauro Jardim, no jornal O Globo, "o pedido abrange, ainda, a filha do casal, Danielle Dytz da Cunha". Os advogados também pediram o sigilo dos documentos referentes às contas no exterior - Triumph, Orion, Acona, Kopek e Netherton. Será que o justiceiro, que adora um vazamento seletivo para a mídia amiga, vai acatar as solicitações? No caso do endereço, ele até que foi bem camarada!

Em tempo: Em fevereiro passado, a Procuradoria Geral da República defendeu manter a investigação sobre a filha de Eduardo Cunha. Segundo matéria de Márcio Falcão, na Folha, "em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal, o procurador Rodrigo Janot defendeu que Danielle Dytz da Cunha continue sendo investigada por suspeita de que contas secretas no exterior mantidas pela família do presidente da Câmara foram abastecidas com recursos desviados da Petrobras". Na ocasião, a defesa da filha de Eduardo Cunha "pediu a exclusão da publicitária do inquérito". Pelo jeito, o pedido foi acatado, já que que a Justiça e a mídia falsamente moralista não falam mais da moça.

Ainda segundo a reportagem, que parece já ter sido arquivada pela própria Folha, "a filha de Cunha aparece ligada a uma das quatro contas suspeitas de terem sido abastecidas com recursos desviados de contratos da Petrobras na África. O dinheiro teria custeado despesas pessoais. Um dos gastos foi com a universidade espanhola Esade, na qual Danielle fez MBA entre agosto de 2011 e março de 2013. Entre agosto de 2011 e 15 de fevereiro de 2012 saíram da conta US$ 119,79 mil para a instituição. A publicitária aparece como beneficiária da conta Kopek, no Banco Julius Bär, aberta em 2008 e pertencente à jornalista Cláudia Cruz, mulher de Cunha". 

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