Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
“Pulei” a oportunidade de comentar as pesquisas de intenção de voto para prefeito das capitais, divulgadas anteontem e ontem, por terem pouca relevância do ponto de vista do quadro nacional. São eleições despolitizadas e desmobilizadas como poucas vezes vi em minha vida e, ainda por cima, ao menos no Rio e em São Paulo por candidatos de pouca densidade política, Celso Russomano e Marcelo Crivella, exceto pelo fato de ambos terem mostrado uma enorme capacidade de se desfazerem ao longo da campanha.
O mais interessante nelas, feito ontem pelo colega Fernando Molica no Rio de Janeiro, é analisado nacionalmente hoje pelo ótimo José Roberto de Toledo: qual é o quadro da avaliação de Michel Temer nas principais cidades do país.
E o quadro é tão devastador que Toledo “mata a charada” da ausência do presidente interino dos palanques municipais. Mais fácil que ser excesso de relo com sua base, é ser falta de convite, mesmo porque espanta votos.
Temer longe da urna
José Roberto de Toledo, no Estadão
Às vésperas de perder o “interino” de seu título, e em tempo de estrear na política internacional em viagem à China, Michel Temer deve manter-se longe da política local – dos palanques, ao menos. O presidente em exercício anunciou que não fará campanha nas eleições municipais. Foi uma decisão esperta. A julgar pelos resultados das pesquisas Ibope em 22 grandes e médias cidades divulgados esta semana, seria, sim, por falta de convite.
Temer tem saldo negativo de popularidade em 22 das 22 cidades pesquisadas. Em todos elas, as taxas de ótimo e bom atribuídas ao seu governo são menores do que as taxas de ruim e péssimo. O tamanho do buraco varia de município para município, de região para região, mas, sem exceção, mais eleitores desaprovam a gestão Temer do que a elogiam. Logo, sua presença em palanques teria mais chance de atrapalhar do que ajudar um candidato.
É improvável que essa impopularidade onipresente mude em tempo de transformar o futuro ex-interino em um cabo eleitoral para candidatos a prefeito. Seria necessária uma reversão relâmpago da recessão e uma melhoria instantânea das expectativas econômicas para que Temer deixasse de ser um peso na urna.
Mesmo nas metrópoles onde seu partido, o PMDB, tem candidato com chances eleitorais palpáveis, Temer deve manter-se longe de comícios e propagandas na TV ou no rádio. Não apenas porque eventualmente assim prefira, mas porque os marqueteiros teriam um enfarte se precisassem inserilo ao lado do cliente.
Tome-se o caso de São Paulo. Marta, que não quer mais ser chamada de Suplicy, é a candidata peemedebista. Largou em segundo lugar, com 17% das intenções de voto estimuladas no Ibope. Tem boas chances de ir ao 2.º turno. Mas o endosso explícito de Temer não ajudaria em nada essa missão: 41% dos paulistanos acham o governo do interino ruim ou péssimo.
Na verdade, Temer tem uma taxa de ótimo e bom entre os paulistanos tão baixa quanto a do impopular prefeito petista Fernando Haddad: 13%. O saldo de popularidade presidencial em São Paulo é de 28 pontos negativos. E está longe de ser a cidade onde o presidente interino é mais mal avaliado.
No Rio de Janeiro, onde Eduardo Paes (PMDB) pena para eleger o candidato Pedro Paulo (tem 6% de intenção de voto e está em quarto lugar), Temer tampouco ajudaria. Sua popularidade está 30 pontos no vermelho. Ou seja, 25 pontos pior do que a de Paes.
Do Nordeste, então, Temer deve manter mais distância ainda. Em Salvador, ACM Neto (DEM) nada em popularidade. Tem 71% de ótimo e bom. Se a eleição fosse hoje, ele se reelegeria já no 1.º turno com 81% dos votos válidos. Para que arriscar um apoio explícito de Temer, que tem 53% de ruim e péssimo na cidade?
Em Feira de Santana (BA) a situação é igual: o candidato do DEM se reelegeria no 1.º turno e Temer amarga 50% de ruim e péssimo contra 10% de ótimo e bom. A maré de impopularidade presidencial também vai alta em outras cidades nordestinas.
No Recife, o presidente interino tem 48% de desaprovação. São 49% de ruim e péssimo em Teresina, 45% em Aracaju, 44% em Natal, 49% em Fortaleza e 46% em Maceió. Na capital de Alagoas, o governador, filho de Renan Calheiros, é mais popular do que Temer: 32% de ótimo/bom e 25% de ruim/péssimo: saldo de 7.
O fenômeno se repete em outras regiões. Em Belo Horizonte, Temer tem 47% de ruim e péssimo contra apenas 13% de ótimo e bom. Em Porto Alegre, onde o PMDB tem candidato a prefeito, Temer só não é mais impopular do que o governador peemedebista José Ivo Sartori. Tem saldo negativo de 32% contra 43% do governador. O cenário se repete no interior paulista, em cidades como Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos, Araraquara e Sorocaba. Lá, Temer é mais mal avaliado do que Geraldo Alckmin (PSDB).
Para sorte do presidente, não há eleição municipal em Brasília.
“Pulei” a oportunidade de comentar as pesquisas de intenção de voto para prefeito das capitais, divulgadas anteontem e ontem, por terem pouca relevância do ponto de vista do quadro nacional. São eleições despolitizadas e desmobilizadas como poucas vezes vi em minha vida e, ainda por cima, ao menos no Rio e em São Paulo por candidatos de pouca densidade política, Celso Russomano e Marcelo Crivella, exceto pelo fato de ambos terem mostrado uma enorme capacidade de se desfazerem ao longo da campanha.
O mais interessante nelas, feito ontem pelo colega Fernando Molica no Rio de Janeiro, é analisado nacionalmente hoje pelo ótimo José Roberto de Toledo: qual é o quadro da avaliação de Michel Temer nas principais cidades do país.
E o quadro é tão devastador que Toledo “mata a charada” da ausência do presidente interino dos palanques municipais. Mais fácil que ser excesso de relo com sua base, é ser falta de convite, mesmo porque espanta votos.
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Temer longe da urna
José Roberto de Toledo, no Estadão
Às vésperas de perder o “interino” de seu título, e em tempo de estrear na política internacional em viagem à China, Michel Temer deve manter-se longe da política local – dos palanques, ao menos. O presidente em exercício anunciou que não fará campanha nas eleições municipais. Foi uma decisão esperta. A julgar pelos resultados das pesquisas Ibope em 22 grandes e médias cidades divulgados esta semana, seria, sim, por falta de convite.
Temer tem saldo negativo de popularidade em 22 das 22 cidades pesquisadas. Em todos elas, as taxas de ótimo e bom atribuídas ao seu governo são menores do que as taxas de ruim e péssimo. O tamanho do buraco varia de município para município, de região para região, mas, sem exceção, mais eleitores desaprovam a gestão Temer do que a elogiam. Logo, sua presença em palanques teria mais chance de atrapalhar do que ajudar um candidato.
É improvável que essa impopularidade onipresente mude em tempo de transformar o futuro ex-interino em um cabo eleitoral para candidatos a prefeito. Seria necessária uma reversão relâmpago da recessão e uma melhoria instantânea das expectativas econômicas para que Temer deixasse de ser um peso na urna.
Mesmo nas metrópoles onde seu partido, o PMDB, tem candidato com chances eleitorais palpáveis, Temer deve manter-se longe de comícios e propagandas na TV ou no rádio. Não apenas porque eventualmente assim prefira, mas porque os marqueteiros teriam um enfarte se precisassem inserilo ao lado do cliente.
Tome-se o caso de São Paulo. Marta, que não quer mais ser chamada de Suplicy, é a candidata peemedebista. Largou em segundo lugar, com 17% das intenções de voto estimuladas no Ibope. Tem boas chances de ir ao 2.º turno. Mas o endosso explícito de Temer não ajudaria em nada essa missão: 41% dos paulistanos acham o governo do interino ruim ou péssimo.
Na verdade, Temer tem uma taxa de ótimo e bom entre os paulistanos tão baixa quanto a do impopular prefeito petista Fernando Haddad: 13%. O saldo de popularidade presidencial em São Paulo é de 28 pontos negativos. E está longe de ser a cidade onde o presidente interino é mais mal avaliado.
No Rio de Janeiro, onde Eduardo Paes (PMDB) pena para eleger o candidato Pedro Paulo (tem 6% de intenção de voto e está em quarto lugar), Temer tampouco ajudaria. Sua popularidade está 30 pontos no vermelho. Ou seja, 25 pontos pior do que a de Paes.
Do Nordeste, então, Temer deve manter mais distância ainda. Em Salvador, ACM Neto (DEM) nada em popularidade. Tem 71% de ótimo e bom. Se a eleição fosse hoje, ele se reelegeria já no 1.º turno com 81% dos votos válidos. Para que arriscar um apoio explícito de Temer, que tem 53% de ruim e péssimo na cidade?
Em Feira de Santana (BA) a situação é igual: o candidato do DEM se reelegeria no 1.º turno e Temer amarga 50% de ruim e péssimo contra 10% de ótimo e bom. A maré de impopularidade presidencial também vai alta em outras cidades nordestinas.
No Recife, o presidente interino tem 48% de desaprovação. São 49% de ruim e péssimo em Teresina, 45% em Aracaju, 44% em Natal, 49% em Fortaleza e 46% em Maceió. Na capital de Alagoas, o governador, filho de Renan Calheiros, é mais popular do que Temer: 32% de ótimo/bom e 25% de ruim/péssimo: saldo de 7.
O fenômeno se repete em outras regiões. Em Belo Horizonte, Temer tem 47% de ruim e péssimo contra apenas 13% de ótimo e bom. Em Porto Alegre, onde o PMDB tem candidato a prefeito, Temer só não é mais impopular do que o governador peemedebista José Ivo Sartori. Tem saldo negativo de 32% contra 43% do governador. O cenário se repete no interior paulista, em cidades como Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos, Araraquara e Sorocaba. Lá, Temer é mais mal avaliado do que Geraldo Alckmin (PSDB).
Para sorte do presidente, não há eleição municipal em Brasília.
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