domingo, 11 de setembro de 2016

A jornada de trabalho e os escravocratas

José Luiz Del Roio
Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                          

É precisa a definição do militante de esquerda José Luiz Del Roio, ex-senador italiano, para as propostas do governo golpista de Temer: "Elas são anti-históricas, embutem violência social e vão unificar a luta das centrais sindicais contra essa ofensiva de um patronato escravocrata."

O governo ilegítimo insiste em "cutucar onça com vara curta". Menospreza e reprime os protestos, mas eles crescem de forma impressionante e se disseminam pelo país, chegando às cidades do interior. Esperneia quando é chamado de golpista, mas essa narrativa emplacou queiram os usurpadores ou não.

Nesta quinta-feira (8), foi a vez de Ronaldo Nogueira, um certo ministro golpista do Trabalho de quem nunca se ouvira falar antes da quartelada parlamentar, protagonizar uma lambança típica do governo comandado pelo espantalho de fala pernóstica e empolada. Primeiro anunciou as reais intenções do governo em relação à jornada de trabalho :

- Com o negociado prevalecendo sobre o legislado, as convenções coletivas podem estabelecer jornadas de até 12 horas por dia, mas com um limite de 48 semanais (hoje a jornada em vigor é de 44 horas).

Comentário: Se levamos em conta o tempo gasto pelo trabalhador para ir e voltar do local de trabalho, 48 horas semanais o submeteria a um regime de hiperexploração. Com sua ganância atávica por lucro, o empresário brasileiro certamente diria ao seu empregado: "Ou trabalha 10, 11 ou 12 horas por dia ou cai fora porque tem muita gente desempregada querendo seu lugar." Há muito a CUT luta pela redução geral para 40 horas, o que geraria milhões de postos de trabalho. Várias categorias, como os bancários, já conquistaram jornadas até menores, de seis horas diárias.

- Contratação por horas trabalhadas ou por produtividade.

Comentário : É nítido o objetivo de relativizar e precarizar as relações de trabalho, sonegando direitos e conquistas históricas previstas na CLT.

Mais tarde, o ministro, diante da forte repercussão negativa dessas medidas nas redes sociais, tratou de colocar panos quentes na história. Citando um telefonema recebido do seu chefe, Nogueira disse que não é bem assim, que os direitos dos trabalhadores serão respeitados, etc e tal. Contudo, como diz o bravo Paulo Nogueira, do DCM, quem acredita nesse recuo acredita em tudo.

Está na cara que as reformas da CLT e da Previdência são mercadorias que o governo tentará de todas as maneiras entregar ao patronato escravocrata brasileiro que financiou o golpe de Estado. Acabo de ler que o governo golpista se preocupa com o aumento dos protestos causado pelo envio ao Congresso dessas propostas.

Pois é bom que se preocupe mesmo. Além de atiçar a ira das ruas e das praças, esse atentado à cidadania dos assalariados certamente terá o condão de trazer para a arena de luta um ator essencial que até agora tem se mantido alheio e perplexo : a classe trabalhadora. Depois que ela entrar em campo, pode ser que não reste outra alternativa ao juiz golpista da partida que não seja debandar.

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