Por Altamiro Borges
Prevista para ocorrer na próxima segunda-feira (12), a votação do processo de cassação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara Federal, pode ligar o ventilador no esgoto da política nacional. Segundo a imprensa, vários deputados do chamado “centrão”, a máfia que dava sustentação ao correntista suíço, já ameaçam traí-lo. A perda do mandato pode encurtar o seu caminho e da esposa Cláudia Cruz para a cadeia. Famoso por seu temperamento vingativo e por guardar segredos de vários comparsas do golpista Michel Temer – há quem fale que ele financiou a campanha de mais de 120 parlamentares –, a sua cassação gera nervosismo no Palácio do Planalto.
Segundo levantamento da Folha, a situação do lobista é trágica. “Grupos significativos do chamado ‘centrão’ decidiram não participar da tentativa de salvar o mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o que reforça a tendência de que ele tenha seu mandato cassado na votação prevista para segunda-feira”. Dos cinco maiores partidos do “centrão” – PP (47 cadeiras), PR (42), PSD (35), PRB (22) e PTB (18) –, o PRB já declarou apoio ao parecer do Conselho de Ética pela cassação. “A Folha apurou que PR e PSD caminham em sentido similar. Não haverá decisão uniforme, mas a tendência é a de que a maior parte dos parlamentares dessas siglas vote contra o ex-aliado”.
“A tendência é a de que haja votos pela cassação também no PP, no PTB e no PMDB (a maior bancada da Casa, com 66 cadeiras), mas em menor escala – a não ser que até segunda a percepção da cassação se consolide entre os deputados, o que criaria uma onda contra o peemedebista... Entre deputados, há o temor de que a ausência ou o voto favorável ao peemedebista os prejudique nas eleições de outubro. Mesmo que vários deles não sejam candidatos, praticamente todos estão envolvidos na campanha de aliados. Dos 18 líderes de bancadas ouvidos pela Folha durante esta semana, por exemplo, nenhum declarou voto favorável a Cunha”.
Apesar do cenário adverso, Eduardo Cunha não desiste. Em público, ele aparenta humildade, manda cartinhas, dispara ligações e até reconhece seus “erros”. Já nos bastidores, ele segue fazendo ameaças aos “traidores” – inclusive através dos seus amigos na mídia. Na semana passada, a revista Época postou que ele já teria solicitado a sua “delação premiada” aos promotores da Lava-Jato, o que fez muito parlamentar perder o sono. Ao mesmo tempo, o expert em manobras regimentais tenta melar a sessão na Câmara Federal. Para segunda-feira, o esforço será o de esvaziar a votação – ausências e abstenções contam como votos favoráveis a Eduardo Cunha.
Caso não obtenha êxito, o lobista também prepara outro golpe: a manobra visaria aprovar uma pena mais branda, a da suspensão do mandato por seis meses. Segundo a área técnica da Câmara Federal, esta jogada não tem respaldo legal – já que a Comissão de Ética apresentou parecer favorável à cassação. Mesmo assim, não se pode descartar mais este golpe. Afinal, os deputados que patrocinaram o “show de horrores” que deu a largada ao processo de impeachment de Dilma Rousseff não têm qualquer compostura ou decoro. Na prática, como apontou um jornalista português, a Câmara dos Deputados hoje mais se parece com uma “assembleia de bandidos”.
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Prevista para ocorrer na próxima segunda-feira (12), a votação do processo de cassação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara Federal, pode ligar o ventilador no esgoto da política nacional. Segundo a imprensa, vários deputados do chamado “centrão”, a máfia que dava sustentação ao correntista suíço, já ameaçam traí-lo. A perda do mandato pode encurtar o seu caminho e da esposa Cláudia Cruz para a cadeia. Famoso por seu temperamento vingativo e por guardar segredos de vários comparsas do golpista Michel Temer – há quem fale que ele financiou a campanha de mais de 120 parlamentares –, a sua cassação gera nervosismo no Palácio do Planalto.
Segundo levantamento da Folha, a situação do lobista é trágica. “Grupos significativos do chamado ‘centrão’ decidiram não participar da tentativa de salvar o mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o que reforça a tendência de que ele tenha seu mandato cassado na votação prevista para segunda-feira”. Dos cinco maiores partidos do “centrão” – PP (47 cadeiras), PR (42), PSD (35), PRB (22) e PTB (18) –, o PRB já declarou apoio ao parecer do Conselho de Ética pela cassação. “A Folha apurou que PR e PSD caminham em sentido similar. Não haverá decisão uniforme, mas a tendência é a de que a maior parte dos parlamentares dessas siglas vote contra o ex-aliado”.
“A tendência é a de que haja votos pela cassação também no PP, no PTB e no PMDB (a maior bancada da Casa, com 66 cadeiras), mas em menor escala – a não ser que até segunda a percepção da cassação se consolide entre os deputados, o que criaria uma onda contra o peemedebista... Entre deputados, há o temor de que a ausência ou o voto favorável ao peemedebista os prejudique nas eleições de outubro. Mesmo que vários deles não sejam candidatos, praticamente todos estão envolvidos na campanha de aliados. Dos 18 líderes de bancadas ouvidos pela Folha durante esta semana, por exemplo, nenhum declarou voto favorável a Cunha”.
Apesar do cenário adverso, Eduardo Cunha não desiste. Em público, ele aparenta humildade, manda cartinhas, dispara ligações e até reconhece seus “erros”. Já nos bastidores, ele segue fazendo ameaças aos “traidores” – inclusive através dos seus amigos na mídia. Na semana passada, a revista Época postou que ele já teria solicitado a sua “delação premiada” aos promotores da Lava-Jato, o que fez muito parlamentar perder o sono. Ao mesmo tempo, o expert em manobras regimentais tenta melar a sessão na Câmara Federal. Para segunda-feira, o esforço será o de esvaziar a votação – ausências e abstenções contam como votos favoráveis a Eduardo Cunha.
Caso não obtenha êxito, o lobista também prepara outro golpe: a manobra visaria aprovar uma pena mais branda, a da suspensão do mandato por seis meses. Segundo a área técnica da Câmara Federal, esta jogada não tem respaldo legal – já que a Comissão de Ética apresentou parecer favorável à cassação. Mesmo assim, não se pode descartar mais este golpe. Afinal, os deputados que patrocinaram o “show de horrores” que deu a largada ao processo de impeachment de Dilma Rousseff não têm qualquer compostura ou decoro. Na prática, como apontou um jornalista português, a Câmara dos Deputados hoje mais se parece com uma “assembleia de bandidos”.
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