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Cunha é Temer, Temer é Cunha e ambos são o pacote de maldades neoliberais preparadas para retrocedermos nos direitos democratizantes conquistados com muito suor e muita luta. Nossas vozes pelo “Fora, Temer e Cunha na Cadeia” precisam estar atreladas a reconstrução da democracia brasileira. Se não pensarmos e agirmos de forma mais aprofundada, vamos somente trocar os donos das canetas sem alterar o conteúdo da narrativa. “Diretas já” são fundamentais para reorganizar a política nacional. Não eleger golpista nas disputas municipais é imprescindível para construirmos uma política melhor.
Essa segunda (12), foi um dia vitorioso, ainda que tardiamente. A cassação de Cunha nos revela mais uma prova do golpe. Cunha caiu porque ele próprio era insustentável, a representação de tudo o que há de mais atrasado e que essa geração rejeita. Mas óbvio que não rejeita de forma abstrata e desconectada com a luta por um mundo novo.
Cunha é fruto de um sistema político desconectado com a realidade do povo brasileiro. Foi útil e hábil para fazer o trabalho sujo na política representando os interesses do mercado e deixando escorrer por entre os dentes os venenos do fundamentalismo religioso, também articulado com o capital. Cunha foi também o representante político do capital financeiro e do industrial, o próprio agente do “jeitinho” gringo de impor sua agenda conservadora. Mas agora, com a esquerda fora do governo e com a imagem do ex-presidente da Câmara completamente desgastada, seus podres revelados, revirados, repetidos, rebatidos, já cansados e abatidos depois de um ano de processo, ele serve mais pra que? A direita quer moralizar o golpe, mas não vai conseguir.
Como dizem, a política é dialética, e quem esteve ao lado de Cunha para derrubar Dilma, hoje, vota contra Cunha sem ninguém ter mudado de lado. Isso porque a aliança da direita que se estabelece num sistema político distorcido como é o brasileiro, nessa ex democracia, é meramente com o poder e o que ele pode proporcionar. Os interesses das elites deslizam entre um campo político e outro, entre as figuras mais convenientes de cada momento em busca da manutenção de privilégios. Assim é a política brasileira. E Cunha só não serve mais por que nós fomos às ruas denunciar! As ruas venceram e seguem o campo principal de batalha.
O pacote de maldades está vindo pelas mãos covardes de Temer, mas que também é uma figura insustentável. Ele é o presidente que mesmo se escondendo do povo consegue ser vaiado três vezes ao dia. Basta ir a um protesto de rua que é possível ouvir aquela linda ópera de Mozart “ai! ai ai ai ai ai ai ai! Empurra o Temer que ele cai!”, ou o consagrado canto gregoriano “Foooora! Teeemeeer!”. Com Cunha era o mesmo. Temer vai cair, porque nós não vamos dar sossego, como não demos pro recém caído. O que não podemos fazer é uma luta para deixar espaços vazios (e que, obviamente, não ficam vazios).
Meu “Fora, Temer” vem acompanhado de “Eleições Diretas, Já!” Por que Temer foi eleito indiretamente com o voto do lobby político das grandes corporações do petróleo interessadas no pré-Sal, da FIESP, dos grandes proprietários de terras, do Clube Militar, dos centros políticos “cristãos”, das empresas da educação, da comunicação de massa, dentre outros. Os deputados que se aliaram a Cunha no golpe, e ele próprio, são meras representações e é também por isso que estou convicta de que ele não vai delatar ninguém. Repito, ninguém mudou de lado.
Acredito em novas eleições. É urgente reorganizar os campos políticos e colocar em disputa um projeto avançado, de esquerda, mudancista e capaz de fato de melhorar o cenário econômico e aprofundar mais no social. Esse que está aí sem voto e com índices estratosféricos de rejeição não se sustenta. Quero ver a direita perder pela quinta vez. O pacote de maldades não vence eleição.
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