Foto: Jornalistas Livres |
Mais de 100 mil manifestantes marcharam, neste domingo (4), da Avenida Paulista ao Largo da Batata, em São Paulo, para rechaçar o golpe que alçou Michel Temer à presidência do país. Ao longo dos pouco mais de 5km, a multidão entoou, de forma pacífica, palavras de ordem como "Fora Temer", "Nenhum direito a menos" e "Diretas Já". Mas não teve jeito: a Polícia Militar e a mídia mantiveram a tradição e foram os destaques negativos de mais um capítulo da luta em defesa da democracia.
Ao contrário da cobertura ostensiva e espetacularizada dos atos pró-impeachment, com direito à transmissão ao vivo em tempo integral e alteração até nas partidas de futebol dos grandes clubes da cidade para não concorrerem com as manifestações contra Dilma Rousseff, os grandes meios de comunicação estavam ausentes. Não fossem alguns 'flashes' ao vivo da multidão em marcha, o ato multitudinário teria passado em branco.
No apagar das luzes da manifestação, já no Largo da Batata, foi a vez da PM de Geraldo Alckmin entrar em ação. Sem nenhum motivo, conforme dezenas de relatos de jornalistas e manifestantes, o Choque empregou o expediente das bombas de gás lacrimogêneo e das balas de borracha, causando pânico e, inclusive, chegando a atingir a perna de um repórter da BBC Brasil.
"É uma escalada assustadora de autoritarismo", denuncia o senador Lindbergh Farias. Ele e o deputado federal Paulo Teixeira participaram na segunda-feira (5), de coletiva de imprensa sobre os acontecimentos do domingo. "Fui convidado pelos organizadores e, por medo de haver repressão, ficamos o tempo todo na linha de frente, segurando faixas. Me falaram que, apesar de não ter ocorrido problemas, poderia acontecer algo na dispersão", relata Farias.
"Os Jornalistas Livres filmaram eu e o Paulo lacrimejando, atordoados", acrescenta. O objetivo disso, na visão dos parlamentares, é que essas imagens cheguem à população de forma a intimidar e desencorajar a participação em manifestações contra o governo ilegítimo.
"Vamos fazer uma denúncia internacional do que está acontecendo. Faremos uma representação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA", alerta Farias. "Não deixaremos passar em branco. Vamos aumentar o tom, pois estão criminalizando os movimentos sociais e o direito à manifestação. Que país é esse onde jornalista tem de trabalhar com máscara e capacete?"
Paulo Teixeira comentou o caso dos 27 jovens presos e encaminhados ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). "Os detidos ficaram das 15h às 23h sem contato com advogados ou familiares. O delegado relatou que entrevistou as pessoas, embora toda a legislação da advocacia garanta a presença do advogado para esse momento", conta.
"Os maiores de idade estão sendo enquadrados em formação de quadrilha e corrupção de menores. Portanto, poderão ser presos. Os menos, disseram que serão encaminhados à Fundação Casa. Qual o crime cometido por eles? Foi um ato pacífico. Foram para se manifestar", protesta Teixeira. "A polícia não conseguiu nos explicar, até agora, a prisão de 27 jovens e o motivo de não terem direito a advogado".
No YouTube, Lucas Duarte de Souza postou vídeo documentando a repressão [aqui].
De todas as perdas essa não pode ser a pior:
ResponderExcluirhttp://novoexilio.blogspot.com.br/2016/09/o-golpe-na-amendoeira-por-alexandre.html
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