Largo da Batata, São Paulo/SP, em 04/9/16. Foto: Sebastião Moreira/EFE |
Até para quem acompanha passo a passo os acontecimentos tem tido imensa a dificuldade não só para entender o processo que estamos vivendo, como para tentar fazer prognósticos sobre ele.
Mesmo assim, já é possível arriscar algumas previsões.
Na linha do gato subiu no telhado, aquela velha maneira de contar um caso trágico, pode-se dizer que o arbítrio já desfila sobre as telhas das nossas cabeças.
Quem assistiu ontem a parceria para gerar cenas de guerra no Largo da Batata entre a Rede Globo, via GlobonNews, com a Polícia Militar, sabe do que estamos falando. Fiz um post que pode ser lido aqui sobre isso.
É a disputa de narrativas.
As notícias dos jornais de hoje deveriam ser: “Manifestação contra Temer reúne 100 mil em SP”. A linha fina: “O protesto teve inicio na Paulista, desceu a Rebouças e terminou de forma pacífica no Largo da Batata”.
E entre os destaques, se o jornalismo desses meios fosse decente, deveria constar o fato de o governo do Estado ter desligado as luzes públicas das ruas por onde a manifestação passou. E que mesmo assim, nada de grave aconteceu.
Mas que nada…
As Organizações Globo, o governo do Estado de São Paulo e as forças policiais que estão implicadas até o último fio de cabelo no golpe não poderiam deixar isso acontecer.
Eles precisavam de outra pauta. De outras manchetes.
E a confusão ao final do ato no Largo da Batata foi criada para isso. Para justificar o grito deles contra a baderna. E dar sangue aos seus colunistas sem moral para que peçam uma ação ainda mais dura da PM.
A prisão de 26 meninas e meninos que portavam celulares, vinagre e máscaras de gás também faz parte da mesma narrativa. Eles precisam achar criminosos. E se não acharem, inventam.
O fato objetivo é que há duas narrativas em jogo neste momento:
a) Um golpe, com escalada da violência e do arbítrio.
b) Um governo tentando pacificar o país contra grupos violentos de esquerda.
A Globo já está em ação botando a alternativa b para funcionar em todos os seus veículos. E por isso os veículos independentes e as forças democráticas da sociedade precisam ser rápidos para que essa narrativa não se imponha.
Pode parecer inevitável que o mocinho vença no final. Mas não é sempre assim.
No Egito, país hoje governado por uma junta militar, a população foi às ruas e por duas vezes conseguiu derrubar presidentes. E hoje há milhares de presos políticos e centenas de pessoas que morreram nas ruas e nas prisões.
A situação brasileira ainda é de outra ordem, mas isso não significa que daqui a um tempo o Egito já não venha a ser um lugar tão distante assim do ponto de vista político.
A resistência que já mostrou força nas ruas de ontem, vai precisar avançar para ações ainda mais impactantes do ponto de vista econômico, como uma greve geral, por exemplo.
Porque o governo Temer só se inviabilizará quando seus sócios ocultos e aparentes perceberem que ele não terá como entregar aquilo que os levou a contribuir para o golpe.
Se Temer avançar na reforma da previdência, na trabalhista, na entrega do Pré-Sal e em outras coisas da agenda neoliberal, ele fica. Mesmo que venha a ter 0% de aprovação popular.
E mesmo que muita violência tenha que ser usada para que isso aconteça.
Por isso, antes que isso ocorra, é preciso não deixar o telhado desabar. O arbítrio subiu no telhado, mas ainda é possível fazê-lo descer de lá.
A Globo já está em ação botando a alternativa b para funcionar em todos os seus veículos. E por isso os veículos independentes e as forças democráticas da sociedade precisam ser rápidos para que essa narrativa não se imponha.
Pode parecer inevitável que o mocinho vença no final. Mas não é sempre assim.
No Egito, país hoje governado por uma junta militar, a população foi às ruas e por duas vezes conseguiu derrubar presidentes. E hoje há milhares de presos políticos e centenas de pessoas que morreram nas ruas e nas prisões.
A situação brasileira ainda é de outra ordem, mas isso não significa que daqui a um tempo o Egito já não venha a ser um lugar tão distante assim do ponto de vista político.
A resistência que já mostrou força nas ruas de ontem, vai precisar avançar para ações ainda mais impactantes do ponto de vista econômico, como uma greve geral, por exemplo.
Porque o governo Temer só se inviabilizará quando seus sócios ocultos e aparentes perceberem que ele não terá como entregar aquilo que os levou a contribuir para o golpe.
Se Temer avançar na reforma da previdência, na trabalhista, na entrega do Pré-Sal e em outras coisas da agenda neoliberal, ele fica. Mesmo que venha a ter 0% de aprovação popular.
E mesmo que muita violência tenha que ser usada para que isso aconteça.
Por isso, antes que isso ocorra, é preciso não deixar o telhado desabar. O arbítrio subiu no telhado, mas ainda é possível fazê-lo descer de lá.
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