Por Altamiro Borges
Na semana retrasada, o repórter Rubens Valente - autor do excelente livro "Operação Banqueiro" - publicou na Folha mais um dos seus furos jornalísticos. "Uma fundação do PMDB repassou, ao longo do ano passado, R$ 240 mil ao hoje secretário especial de comunicação do governo interino, Márcio Freitas. No mesmo período, ele recebeu salário como assessor de Michel Temer na vice-presidência da República. Pagamentos mensais de R$ 20 mil foram feitos pela Fundação Ulysses Guimarães à empresa Entretexto Serviços, da qual Freitas é sócio-proprietário".
Conforme descreve a reportagem, "a fundação é comandada pelo diretório nacional do PMDB e é mantida com recursos provenientes do Fundo Partidário, constituído majoritariamente por verbas da União. Na época dos repasses, Freitas exercia a chefia da Assessoria de Comunicação Social da Vice-Presidência pelo salário de R$ 11,3 mil. Sua relação financeira com a fundação do PMDB aparece na prestação de contas anual do Fundo Partidário ao Tribunal Superior Eleitoral". O repórter lembra que "a lei 8.112/90 proíbe o servidor público de 'participar de gerência ou administração de sociedade privada', funções que Freitas disse à Folha não exercer na Entretexto Serviços".
"Questionados pela Folha, tanto a fundação quanto Márcio Freitas não informaram se os pagamentos à Entretexto continuaram em 2016. Desde a posse de Temer como presidente interino, em maio, Freitas ocupa o cargo de secretário de Comunicação, com salário de R$ 14,2 mil. Também ganha R$ 3.300 a título de jetons por reuniões no Conselho de Administração da estatal EBC. Três servidores do Tribunal de Contas da União ouvidos pela reportagem sob a condição de não terem seus nomes publicados disseram que uma conclusão sobre a legalidade desses pagamentos dependeria de análise técnica relacionada à prestação de serviços e a eventual conflito de interesse".
Na semana retrasada, o repórter Rubens Valente - autor do excelente livro "Operação Banqueiro" - publicou na Folha mais um dos seus furos jornalísticos. "Uma fundação do PMDB repassou, ao longo do ano passado, R$ 240 mil ao hoje secretário especial de comunicação do governo interino, Márcio Freitas. No mesmo período, ele recebeu salário como assessor de Michel Temer na vice-presidência da República. Pagamentos mensais de R$ 20 mil foram feitos pela Fundação Ulysses Guimarães à empresa Entretexto Serviços, da qual Freitas é sócio-proprietário".
Conforme descreve a reportagem, "a fundação é comandada pelo diretório nacional do PMDB e é mantida com recursos provenientes do Fundo Partidário, constituído majoritariamente por verbas da União. Na época dos repasses, Freitas exercia a chefia da Assessoria de Comunicação Social da Vice-Presidência pelo salário de R$ 11,3 mil. Sua relação financeira com a fundação do PMDB aparece na prestação de contas anual do Fundo Partidário ao Tribunal Superior Eleitoral". O repórter lembra que "a lei 8.112/90 proíbe o servidor público de 'participar de gerência ou administração de sociedade privada', funções que Freitas disse à Folha não exercer na Entretexto Serviços".
O conselheiro golpista
Rubens Valente ainda dá maiores detalhes sobre a estranha atuação do assessor de Michel Temer: "No processo do TSE, o jornalista aparece como responsável por encaminhar notas fiscais e análises para comprovar a prestação dos serviços pagos pelo partido. Em sete de 12 meses de 2015, ele entregou textos de três páginas a título de 'análises e propostas sobre conjuntura política'. Em cinco meses (janeiro, março, setembro, outubro e dezembro) não há esses relatórios no TSE, mas só notas fiscais e um ofício assinado por Freitas aos então presidentes da fundação, Eliseu Padilha e Moreira Franco, hoje integrantes do primeiro escalão do governo Temer".
"Questionados pela Folha, tanto a fundação quanto Márcio Freitas não informaram se os pagamentos à Entretexto continuaram em 2016. Desde a posse de Temer como presidente interino, em maio, Freitas ocupa o cargo de secretário de Comunicação, com salário de R$ 14,2 mil. Também ganha R$ 3.300 a título de jetons por reuniões no Conselho de Administração da estatal EBC. Três servidores do Tribunal de Contas da União ouvidos pela reportagem sob a condição de não terem seus nomes publicados disseram que uma conclusão sobre a legalidade desses pagamentos dependeria de análise técnica relacionada à prestação de serviços e a eventual conflito de interesse".
A matéria aponta ainda que Márcio Freitas é assessor de imprensa de Michel Temer há mais de uma década, tendo atuado na Câmara dos Deputados, quando ele exercia a presidência, e nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. "É o principal nome do peemedebista no relacionamento com a imprensa. Em abril, em meio à abertura do processo de impeachment de Dilma, ele chegou a pedir demissão do cargo de assessor em razão de uma crise com Temer - depois, voltou atrás e permaneceu no governo". Num dos seus textos de "conjuntura", o conselheiro do golpista aconselhou; "Sem rumo, a política brasileira segue à deriva e espera que alguém assuma o timão. Pode ser a grande hora de ousar".
Mídia abafa as sujeiras do golpista
A denúncia de Rubens Valente mereceria maior desdobramento, mas simplesmente foi esquecida pela Folha. Nos outros veículos, ela sequer teve repercussão. A TV Globo, por exemplo, não colocou seu batalhão de "repórteres investigativos" para desvendar o caso do sinistro assessor. A revista Veja, que adora um escândalo político, nem tocou no assunto. Como já ensinou o mestre Perseu Abramo, a manipulação informativa não consiste apenas em mentir. Ela se dá principalmente pelo realce e pela omissão. A mídia destaca - em manchetes, novos textos e muitos comentários - o que lhe interessa política e economicamente; e simplesmente omite ou abafa o que não lhe interessa.
Este não é o primeiro caso sinistro envolvendo o traíra. Desde quando o Judas Michel Temer deixou de ser um "vice decorativo" e passou a conspirar abertamente, a mídia tem feito um baita esforço para abafar as suas sujeiras. Até pipocam algumas denúncias - que cheiram a chantagem -, mas elas logo somem do noticiário. No mês passado, a imprensa divulgou, sem alarde, que o nome do "interino" constava da delação premiada da Odebrecht. Na sequência, nada mais falou sobre o tema - talvez para não prejudicar a votação no Senado do impeachment de Dilma.
Já no início de agosto, a Folha publicou uma notinha sobre um caso exótico que mostra bem o caráter do usurpador: "O governo liberou em julho emenda de R$ 122 mil para uma obra em Tietê, cidade natal do presidente interino, que tem sido chamada na Esplanada de 'Ponte do Temer'. O custo total é de R$ 14 milhões. O próprio site da prefeitura registrou que a obra 'só teve início depois de muitos contatos do prefeito Manoel David no Ministério das Cidades e Caixa através do vice-presidente da República, o tieteense Michel Temer'". A vaidade do Judas Temer, com dinheiro dos contribuintes, não causou qualquer indignação na imprensa chapa-branca e a "Ponte do Temer" sumiu do noticiário.
Mas há casos ainda mais ruidosos que a mídia nem sequer investiga - como o esquema de corrupção no Porto de Santos, famoso feudo do PMDB paulista. Diante desta omissão da imprensa falsamente moralista, o blog "Diário do Centro do Mundo" decidiu produzir uma série sobre o tema explosivo, contando com a contribuição financeira dos internautas. O material promete ser inflamável, servindo para desmascarar o líder do "golpe dos corruptos". É lógico que a mídia chapa-branca, ávida pelos recursos publicitários do governo, não repercutirá as denúncias da mídia alternativa.
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