Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
A entrevista de Michel Temer a O Globo e a manchete do Estadão desenham o que é Michel Temer: um homem vazio de qualquer conteúdo, exceto o de sua natureza traiçoeira e ambiciosa.
Tudo ali é falso, inclusive a “modéstia” de dizer que não quer o retrato e a faixa presidenciais.
Considera-se legitimado porque “nós ganhamos a eleição por 3,2 milhões de votos”, referindo-se à vantagem de Dilma sobre Aécio Neves nas eleições de 2014, (nem aí é exato: foram 3.459.963 votos de diferença), o que lhe permite o paupérrimo argumento:
Sem o PMDB, a campanha perderia 4 minutos e meio de rádio e televisão. Tivemos ainda 23 diretórios estaduais apoiando. Será que esses estados não deram 1,6 milhão de votos para a chapa?
Pois é: nada de programas, idéias, muito menos de sentimento popular: o butim lhe compete porque os coronéis da máquina de oligarcas partidários (aliás, a maioria entregues a Aécio na campanha) encabrestaram os votos decisivos.
Me digam qual é o golpe? Eu só quero governar. Para mim, é honroso (assumir a Presidência). Não é questão de vida ou morte.
E renega ambições de candidato, chegando a fazer pouco da possibilidade, até, da cassação de seu mandato pelo processo que seus aliados moveram contra a chapa de Dilma no TSE: “se acontecer, aconteceu. Entrego sem maiores problemas.”
O último morador do Monte Olimpo atinge o auge de seu cinismo quando o assunto passa a ser Eduardo Cunha:
Em que medida uma eventual delação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha pode gerar constrangimentos ou uma crise no governo do senhor?
A entrevista de Michel Temer a O Globo e a manchete do Estadão desenham o que é Michel Temer: um homem vazio de qualquer conteúdo, exceto o de sua natureza traiçoeira e ambiciosa.
Tudo ali é falso, inclusive a “modéstia” de dizer que não quer o retrato e a faixa presidenciais.
Considera-se legitimado porque “nós ganhamos a eleição por 3,2 milhões de votos”, referindo-se à vantagem de Dilma sobre Aécio Neves nas eleições de 2014, (nem aí é exato: foram 3.459.963 votos de diferença), o que lhe permite o paupérrimo argumento:
Sem o PMDB, a campanha perderia 4 minutos e meio de rádio e televisão. Tivemos ainda 23 diretórios estaduais apoiando. Será que esses estados não deram 1,6 milhão de votos para a chapa?
Pois é: nada de programas, idéias, muito menos de sentimento popular: o butim lhe compete porque os coronéis da máquina de oligarcas partidários (aliás, a maioria entregues a Aécio na campanha) encabrestaram os votos decisivos.
Me digam qual é o golpe? Eu só quero governar. Para mim, é honroso (assumir a Presidência). Não é questão de vida ou morte.
E renega ambições de candidato, chegando a fazer pouco da possibilidade, até, da cassação de seu mandato pelo processo que seus aliados moveram contra a chapa de Dilma no TSE: “se acontecer, aconteceu. Entrego sem maiores problemas.”
O último morador do Monte Olimpo atinge o auge de seu cinismo quando o assunto passa a ser Eduardo Cunha:
Em que medida uma eventual delação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha pode gerar constrangimentos ou uma crise no governo do senhor?
Acho que não gerará nenhum constrangimento, mas é um simples achismo.
Ele tem lhe procurado?
Nos últimos dias, não me procurou. Mas eu falava muito com ele. As pessoas têm medo às vezes de dizer isso. Eu falo com todas as pessoas, não posso ter essas limitações. Ele (Cunha) não tem me procurado, se me procurar eu falo. Não tem nenhum inconveniente. O que ele pode me pedir? Pedir para ajudá-lo.
Ah, francamente…
Será que existe um ser humano na face da Terra que possa acreditar que a simbiose golpista com que Eduardo Cunha viveu com Temer, tanto pelo controle do PMDB, a essencial conquista da Presidência da Câmara e, afinal, o disparo do processo de impeachment pode ter sido na base do “eu falava muito com ele, mas ele não me procura mais” ?
O fato é o que está na manchete do Estadão: qual o Paulo Preto, Cunha foi jogado no lixo por Temer após o serviço sujo, porque este não tem força para enfrentar a ofensiva tucano-midiática para tirar seu ex-operador das encrencas em que se meteu, com a sua soberba.
Soberba e desafio que, aliás, só passaram a incomodar os ilustres ministros do Supremo Tribunal Federal depois da vergonhosa sessão da Câmara onde Cunha comandou a subida de Dilma Rousseff ao cadafalso.
PS. A referência vaidosíssima – mas pretensão e água benta cada um usa o quanto quer – a Carlos Magno é bem interessante. Ele e o irmão, Carlomano, herdaram o reino dos Francos de Pepino, o Breve. Carlos Magno foi enfraquecendo o irmão e, quando este morreu, tomou deles a parte oriental do reino e mandou os filhos de Carlomano para um mosteiro, que equivalia a uma cela da PF no início da dinastia carolíngia.
Ele tem lhe procurado?
Nos últimos dias, não me procurou. Mas eu falava muito com ele. As pessoas têm medo às vezes de dizer isso. Eu falo com todas as pessoas, não posso ter essas limitações. Ele (Cunha) não tem me procurado, se me procurar eu falo. Não tem nenhum inconveniente. O que ele pode me pedir? Pedir para ajudá-lo.
Ah, francamente…
Será que existe um ser humano na face da Terra que possa acreditar que a simbiose golpista com que Eduardo Cunha viveu com Temer, tanto pelo controle do PMDB, a essencial conquista da Presidência da Câmara e, afinal, o disparo do processo de impeachment pode ter sido na base do “eu falava muito com ele, mas ele não me procura mais” ?
O fato é o que está na manchete do Estadão: qual o Paulo Preto, Cunha foi jogado no lixo por Temer após o serviço sujo, porque este não tem força para enfrentar a ofensiva tucano-midiática para tirar seu ex-operador das encrencas em que se meteu, com a sua soberba.
Soberba e desafio que, aliás, só passaram a incomodar os ilustres ministros do Supremo Tribunal Federal depois da vergonhosa sessão da Câmara onde Cunha comandou a subida de Dilma Rousseff ao cadafalso.
PS. A referência vaidosíssima – mas pretensão e água benta cada um usa o quanto quer – a Carlos Magno é bem interessante. Ele e o irmão, Carlomano, herdaram o reino dos Francos de Pepino, o Breve. Carlos Magno foi enfraquecendo o irmão e, quando este morreu, tomou deles a parte oriental do reino e mandou os filhos de Carlomano para um mosteiro, que equivalia a uma cela da PF no início da dinastia carolíngia.
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