Há uma tendência na tradição política brasileira que vem do nosso senso comum em acreditar que o projeto político da esquerda esteja associado aos interesses da grande massa populacional e da classe trabalhadora. Por outro lado, associa-se à elite o projeto político de direita.
Pois, nos meses que antecederam as eleições municipais, em um dos raros momentos da política brasileira, tivemos um candidato que abertamente defende um projeto liberal, privatista e que se põe como o representante da classe empresarial capitalista. O resultado, para muitos inesperado, foi a vitória de tal candidato no primeiro turno nas eleições municipais da maior cidade do país.
A surpresa maior se dá ao observar a eleição por subprefeitura. Não foi uma eleição polarizada. Praticamente toda a cidade votou em João Dória. Foi a eleição de um candidato. As causas explicativas desse fenômeno são distintas e vão desde os efeitos da Lava Jato e a descrença com o PT até uma tradição conservadora dos paulistas (os mesmos que recentemente elegeram Haddad, Marta e Erundina).
No entanto, o fator que quero destacar é como um candidato tão caricato como representante da elite paulistana, que rachou o próprio partido, pôde ter apoio tão maciço nas periferias.
Dória é o que almeja ser o paulistano. É o típico referencial. O mito do self-made man. Um empresário dito de sucesso, homem com acesso ao mais luxuoso padrão de consumo. Aquele que pode tomar as decisões que quiser, que pode pegar seu jatinho de manhã com uma linda mulher para comer caviar em Miami e terminar a noite caminhando pela Champs Elisée em Paris. Como Dória chegou a isso, cabe ignorar, mais vale crer no mito da meritocracia.
Apesar de nossos lamentos por parte da esquerda, creio que cabe a esta uma reflexão autocrítica. As apostas exitosas de inserção via consumo dos governos Lula/Dilma geraram uma força política que, paradoxalmente, rejeita o próprio projeto econômico-social progressista.
As pessoas, cada vez menos, almejam ou acreditam no acesso ao bem-estar, mas buscam, sim, mais ter dinheiro para pagar por ele. Um prefeito como Haddad, que deu alguns ares civilizatórios à cidade não cabe na equação.
A visão de coletividade do processo social ganha ares de hiper-individualismo na chamada classe C e D, e a eleição de Dória deixa explícito quais são suas preferências. Querem ser Dória. E isso fez Capão Redondo em massa apoiá-lo.
E deixo um elemento mais crítico. Se há uma força social que, sim, une a periferia, ela está centrada no poder das igrejas evangélicas, em sua maioria abertamente ultraconservadoras.
À esquerda cabe pensar a partir desse dado. Como recolocar em debate às periferias (e também às elites) um projeto progressista? Um projeto de bem-estar que deixe claro a necessidade da sociabilidade e da vida em coletividade, aquela da constituição de 1988?
Que defenda interesses de minorias, mas sem impor conjuntamente a tal defesa de um projeto que contrarie as aspirações das classes sociais emergentes? E que defenda, antes de tudo, a democracia?
Ou seja, um projeto republicano que fortaleça um sentimento de solidariedade orgânica que avança em um sentido cada vez mais fragmentado, mas que é fundamental e necessária para enfrentar os desafios do desenvolvimento, da superação das desigualdades, melhoras da saúde, educação, infraestrutura e redução da criminalidade…?
Fica aberta a reflexão.
Pois, nos meses que antecederam as eleições municipais, em um dos raros momentos da política brasileira, tivemos um candidato que abertamente defende um projeto liberal, privatista e que se põe como o representante da classe empresarial capitalista. O resultado, para muitos inesperado, foi a vitória de tal candidato no primeiro turno nas eleições municipais da maior cidade do país.
A surpresa maior se dá ao observar a eleição por subprefeitura. Não foi uma eleição polarizada. Praticamente toda a cidade votou em João Dória. Foi a eleição de um candidato. As causas explicativas desse fenômeno são distintas e vão desde os efeitos da Lava Jato e a descrença com o PT até uma tradição conservadora dos paulistas (os mesmos que recentemente elegeram Haddad, Marta e Erundina).
No entanto, o fator que quero destacar é como um candidato tão caricato como representante da elite paulistana, que rachou o próprio partido, pôde ter apoio tão maciço nas periferias.
Dória é o que almeja ser o paulistano. É o típico referencial. O mito do self-made man. Um empresário dito de sucesso, homem com acesso ao mais luxuoso padrão de consumo. Aquele que pode tomar as decisões que quiser, que pode pegar seu jatinho de manhã com uma linda mulher para comer caviar em Miami e terminar a noite caminhando pela Champs Elisée em Paris. Como Dória chegou a isso, cabe ignorar, mais vale crer no mito da meritocracia.
Apesar de nossos lamentos por parte da esquerda, creio que cabe a esta uma reflexão autocrítica. As apostas exitosas de inserção via consumo dos governos Lula/Dilma geraram uma força política que, paradoxalmente, rejeita o próprio projeto econômico-social progressista.
As pessoas, cada vez menos, almejam ou acreditam no acesso ao bem-estar, mas buscam, sim, mais ter dinheiro para pagar por ele. Um prefeito como Haddad, que deu alguns ares civilizatórios à cidade não cabe na equação.
A visão de coletividade do processo social ganha ares de hiper-individualismo na chamada classe C e D, e a eleição de Dória deixa explícito quais são suas preferências. Querem ser Dória. E isso fez Capão Redondo em massa apoiá-lo.
E deixo um elemento mais crítico. Se há uma força social que, sim, une a periferia, ela está centrada no poder das igrejas evangélicas, em sua maioria abertamente ultraconservadoras.
À esquerda cabe pensar a partir desse dado. Como recolocar em debate às periferias (e também às elites) um projeto progressista? Um projeto de bem-estar que deixe claro a necessidade da sociabilidade e da vida em coletividade, aquela da constituição de 1988?
Que defenda interesses de minorias, mas sem impor conjuntamente a tal defesa de um projeto que contrarie as aspirações das classes sociais emergentes? E que defenda, antes de tudo, a democracia?
Ou seja, um projeto republicano que fortaleça um sentimento de solidariedade orgânica que avança em um sentido cada vez mais fragmentado, mas que é fundamental e necessária para enfrentar os desafios do desenvolvimento, da superação das desigualdades, melhoras da saúde, educação, infraestrutura e redução da criminalidade…?
Fica aberta a reflexão.
sejamos sensatos, Como é que toda cidade votou em Joao Doria se o numero de nulos, brancos e asbstençao foik maior do que o voto dado a Doria? Pera ai né mais o amigo Altamiro exagerou.
ResponderExcluirPor outro lado dizem que Doria teve 53% dos votos.Venhamos e convenhamos. 53% dos votos de quem se prestou a ir as urnas votar em SP. ou melhor na capital paulista. portanto os 53% é uma forma de camuflar os nulos brancos e abstençoes. é uma forma de proteger Doria de dá a ele uma vitoria que nao representa a totalidade dos eleitores. O certo seria se vê o numero de eleitores em SP. ai se tirar a porcentagem dos que votaram, É Claro que Doria ficaria como 6 a 8% talvez 10 ou 15% Haddad chegeraia talvez a 2% mais teriamos os numeros certos dos vatantes. e o numero certo de descontentes.Daqueles que nao foram votar porque queriam votar no PT. como estavam descontente devido ao LINCHAMENTO DA GLOBO VEJA,FOLHA DE SP. ESTADAO E POLITICOS DE DIREITA. ESSES eleitores em duvidas desistiram de votar. mais é quase certo que eles fariam a diferfença na votaçao porque se nao foram votar em Doria, Marta ou Russomano é porque queriam votar em Haddad.
Outro fenomeno que voces devem observar. porque comigo mesmo quase que acontecia. Muuitos deixaram para votar no 2º turno e com isso prejudicaram pois esperavam Haddad ir ao 2º turno e eles decidirem a favor de Haddad. Tal posiçao acabou prejudicando Haddad.
Voces acham que os professores depois de massacrados pelo PSDB seriam mazoquista o suficiente para votar no psdb? E os estudantes maior de 16 anos que nao sao poucos depois de serem surrados, humilhados tambem fariam o mesmo, e os universitarios? os professores universitarios funcionarios publicos votariam neles?
INFELIZMENTE ACREDITO QUE O ELEITOR PAULISTANOS CALCULARAM MAL OS RESULTADOS.E NAO DESCARTO A POSSIBILIDADE DE FRAUDE NESSAS ELEIÇOES PORQUE COINCIDENTEMENTE OS NUMEROS BATERAM COM OS INSTITUTOS DE PESQUISAS. que simplesmente serviram para validar o resultado.
Raciocínio bem simples,para responder a pergunta Por que eleger dória? a conjuntura político partidária, midiática e judicial da narrativa pró lava jato e o cara tem um programa d e tv diário, simples assim. o povo compra qlquer produto que aparece na telinha até um prefeito.
ResponderExcluirRealmente, o Haddad deixou de ir para o 2º Turno, porque perdeu nas Periferias da Classe POBRE !!!
ResponderExcluirNão foi a Classe Média/Rica, que o tirou do 2º Turno !!!
Ele teve 800.000 votos a menos do que no 1º Turno da eleição de 2012 ...
A comunicação do PT foi PÉSSIMA, e:
QUEM NÃO SE COMUNICA, SE TRUMBICA !!!
Ráodio e televisão são as forças que decidem. O povo acredita no que ouve e ve na tv/rádio. Não acredita nos próprios olhos. Pode estar num ônibus com ar-condicionado, indo mais rápido para o trabalho, mas se a Jovem Pan diz que está ruim Ele vai acreditar que está ruim. É preciso ter mídia alternativa para a grande massa. Não sei como.
ResponderExcluirO PT precisa analisar dois aspectos:
ResponderExcluir1) Se as Urnas Eletrônicas e o Programa de Totalização, não deram uma "ajudinha" para o desconhecido Riquinho João Dólar, indicado pelo PÉSSIMO governador, Geraldo PCC Alckmin, que também, foi eleito milagrosamente no 1º Turno;
2) por que as periferias pobres não votaram no Haddad. Para onde foram os 800.000 votos perdidos, em relação a 2012 ???
Através das telenovelas, a Globo (Bandeirantes, etc) tem um equipamento de "conscientização" inigualável. Não existe Império bonzinho.... Nem o Obama é... bonzinho...
ResponderExcluirComo diria o Tim Maia: No Brasil, prostituta se apaixona, cafetão tem ciumes, traficante é viciado e POBRE VOTA NA DIREITA!
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