Foto: Ricardo Stuckert |
Sim, o título deste texto é esse mesmo que você leu. E se está surpreso, é pelo que não leu. Por exemplo, não leu as recentes pesquisas Vox Populi e CNT/MDA. Elas mostram claramente que o tempo passou a ser amigo da esquerda e inimigo da direita.
Antes do burburinho dos últimos dias sobre a possibilidade de Lula ser preso proximamente, ele vinha sendo alvo de uma campanha paulatina de enfraquecimento.
Em 26 de agosto, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente em inquérito que investiga se ele é dono de um apartamento no Guarujá (SP). Lula foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Em 15 de setembro, o cruzado do MPF, Deltan Dallagnol, fez a apoteótica apresentação em power point colocando Lula como o grande chefe da quadrilha do petrolão, “il capo di tutti capi”.
Em 20 de setembro, o juiz federal Sergio Moro aceitou a denúncia feita pelo MPF contra o ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Com a decisão, Lula virou réu na Operação Lava Jato. Ele já era réu em outra ação na Justiça do DF.
Em 14 de outubro, Lula virou réu pela terceira vez. A acusação foi ter beneficiado a Odebrecht em contratos do BNDES em troca de propina. A denúncia foi aceita pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília.
De agosto para cá, o ex-presidente Lula passou a ser réu em três ações penais, duas em Brasília e uma no Paraná. E foi alvo do show de Dallagnol, apresentado com pompa e circunstância pela máquina de moer global.
Enquanto isso, cresciam os boatos sobre sua prisão. Em Brasília não se falava de outra coisa: se Lula tivesse que ser preso o momento seria agora, após todos esses indiciamentos – que, em tese, deveriam fragilizar o ex-presidente – e a derrota fragorosa do PT nas urnas.
Contudo, de cerca de dez dias para cá o quadro mudou muito.
Tudo começou na sexta-feira retrasada, com a denúncia deste Blog de que o ex-presidente estava na mira imediata de Sergio Moro, que decidira aproveitar o “bom momento” para prender o ex-presidente – provavelmente, junto com Eduardo Cunha, o que tornaria a prisão de Lula mais “palatável”.
Apesar de não ter ocorrido nenhuma grande manifestação de rua, a comoção que tomou a esquerda, a direita e até a mídia diante da minha denúncia mostrou o que seria prender o ex-presidente.
Até na direita surgiram análises de que não havia nenhum “fato novo” que justificasse a prisão. Colunistas antipetistas da grande mídia como um Merval Pereira apressaram-se em “negar” a prisão iminente de Lula, demonstrando que a tese não lhes interessava.
Esse colunista e Diogo Mainardi trataram de me atacar por ter levantado essa bola…
Em seguida, duas pesquisas de fontes absolutamente independentes uma da outra mostram forte crescimento da popularidade de Lula. Uma feita pelo instituto Vox Populi e outra do instituto MDA, feita para a Confederação nacional dos transportes.
Nas duas pesquisas, o resultado foi surpreendente. E, em ambas, Lula vence todos os adversários no primeiro turno.
Na pesquisa Vox Populi, Lula vence o primeiro turno com 35% se adversário tucano for Alckmin (12%) e com 28% se for Aécio. Na pesquisa CNT/MDA, Lula vence o primeiro turno com 25,3% se o adversário tucano for Alckmin e com 24,8% se for Aécio.
O mais interessante é que as pesquisas vinham dando derrota de Lula para todos os candidatos (Marina, Alckmin, Aécio) no segundo turno e agora, justamente na pesquisa dos antipetistas da CNT, o mesmo Lula está em empate técnico com os adversários.
Lula empata tecnicamente com Aécio e Marina no segundo turno, segundo a CNT/MDA. Essa pesquisa não mensurou a disputa em segundo turno entre Lula e Alckmin e suspeita-se de que é porque Lula venceria.
Vale notar que Vox Populi e CNT/MDA são identificadas, respectivamente, com petistas e antipetistas. Vox Populi é considerado um instituto “petista” e as pesquisas feitas para a Confederação Nacional dos Transportes, do proto-tucano Clésio Andrade, são consideradas “antipetistas”.
Para a Lava Jato, esses números são terríveis. Mostram que as pessoas estão se solidarizando com Lula pelos ataques que vem sofrendo e pela virulência ditatorial dos processos contra si.
Se Lula, apesar do linchamento na mídia sob cortesia da Lava Jato, está ganhando eleitores e já tem metade dos votos válidos em todas as simulações de segundo turno, essa metade do eleitorado brasileiro deve achar que Moro e sua trupe não provaram nada com suas apresentações canhestras em power point.
O crescimento da popularidade de Lula também frustra a percepção de que este seria um “bom momento” para prendê-lo, pois está claro que, apesar do linchamento midiático, a opinião pública está achando que estão querendo impedi-lo de ser presidente de novo.
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