sábado, 29 de outubro de 2016

Secundaristas denunciam fascistas do MBL

MBL tenta desocupar alunos do Colégio Lysimavo Ferreira da Costa,
no Água Verde. Foto: Jornalistas Livres
Da Rede Brasil Atual:

Militantes do Movimento Brasil Livre (MBL) tentaram na noite de ontem (27) entrar à força no colégio Lysímaco Ferreira da Costa, no bairro Água Verde, em Curitiba, segundo relatos de estudantes divulgado pelo coletivo Jornalistas Livres. Os ocupantes denunciam o diretor da escola, Jailson da Silva Neco, de ter ajudado a forçar a entrada do estabelecimento. Alunos afirmaram que foram agredidos pela Polícia Militar, chamada após o tumulto.

No Paraná, chega a 843 o número de escolas ocupadas contra a Medida Provisória (MP) 746, que prevê a reforma do ensino médio, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55 – antiga 241, que congela os investimentos sociais por 20 anos –, e o projeto Escola sem Partido. No país, já são 1.177 ocupações.

A maioria das ocupações ocorre em escolas e institutos federais no Paraná, seguido por Minas Gerais (70) e Rio Grande do Sul (14). Ao todo, 102 universidades estão ocupadas, além da Câmara Municipal de Guarulhos.

Os alunos afirmam que os militantes do MBL eram liderados por Eder Borges, que, pelo som de seu carro, gritava “desocupa!”. Ele postou um vídeo da ação em seu perfil no Facebook no qual afirma que outros alunos estão sendo impedidos de estudar.

Pouco depois, representantes do MBL instigaram manifestantes contrários às ocupações a tentar impedir a entrada do advogado Vitor Leme, que acompanha os estudantes. Na porta do prédio, eles gritavam “tira ele para fora”, “não deixa entrar” e “invasão”.

“Eu tentei entrar para conversar com os estudantes e estou com uma camiseta listrada de azul e vermelho, e a galera, do nada, começou a me puxar. Eu disse que era advogado e me chamaram de advogado de merda, puxaram minha camiseta e meu cabelo. Continuei passando e consegui entrar. Foi rápido, mas foi bem forte”, disse em entrevista aos Jornalistas Livres.

A Justiça do Paraná concedeu ontem reintegração de posse de 21 escolas ocupadas no estado, mas o Colégio Lysímaco Ferreira da Costa não está entre eles. A liminar para desocupação tem efeito imediato, mas a Defensoria Pública do Paraná tenta reverter a decisão. O movimento Ocupa Paraná pede apoio em frente às escolas para evitar novas tentativas de desocupação e para proteção de estudantes e seus familiares.

Integrantes do coletivo Advogados pela Democracia consideraram ilegal a ação do MBL. Hoje (28), Dia do Servidor Público, é ponto facultativo em todas as cidades do país – no Paraná, o Tribunal de Justiça não tem expediente. Segundo a legislação, as reintegrações de posse só podem ocorrer entre 6h e 20h.

Os advogados lembram que a Polícia Militar foi chamada para evitar conflitos e deveria coibir a ação dos membros do MBL. “Os militantes têm ido à escola para provocar os secundaristas em uma verdadeira guerra psicológica. Eles querem arrumar confusão para legitimar a força policial”, afirmou o advogado Marcelo Veneri.
Apoio

Foi realizada na noite de ontem uma manifestação de apoio à luta dos estudantes secundaristas, com uma passeata no centro de Curitiba, entre a Praça 19 de dezembro e o Colégio Estadual do Paraná. A manifestação estava prevista para ser encerrada no prédio da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mas, por segurança, acabou no Colégio Estadual do Paraná (CEP).

No último dia 19, um grupo do MBL e da Direita Curitiba, liderados por Arthur Maledo do Val e Renan Santos, foram até o Colégio Estadual do Paraná, o maior do estado, e agrediram verbal e fisicamente os estudantes que ocupam a escola. Eles tentaram entrar à força nas dependências da escola e abusaram sexualmente de uma menina, passando a mão em seu corpo. Foi aberto um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher, segundo os estudantes.

“Ele (do Val) estava se filmando com essa mão (indicando a mão direita) e com a outra livre. Nisso, ele passou a mão do meu seio até minha cintura. Eu fiquei horrorizada, entrei e falei para um colega. Ele ficava falando ‘vocês são muito gostosas’, chamou a gente de vagabunda”, relatou aos Jornalistas Livres a estudante assediada. Na porta da escola, do Val assediou verbalmente menores de idade gritando provocações como “linda, me dá um beijo” e “gostosa”.

* Com informações do coletivo Jornalistas Livres.

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