Do site Vermelho:
O efeito de seis meses de gestão Michel Temer sobre a economia é mais recessão. O governo repete que, com o ajuste, a confiança está voltando e traz consigo a recuperação – tudo assim, como o mágico tira o coelho da cartola, num discurso diariamente desmentido pela realidade. Não só os indicadores da economia real vão na direção oposta, como as expectativas dos agentes econômicos também. Até a mídia já anuncia o fracasso do governo.
“Recuperação não acontece e PIB deve cair 0,9% no 3º tri”, diz o título de matéria do Valor Econômico nesta segunda-feira (28). A reportagem mostra levantamento junto a 20 consultorias e instituições financeiras. A média das estimativas aponta para a retração do Produto Interno Bruto anunciada no título, que é superior àquela verificada no segundo trimestre - de 0,6%.
“As previsões para as Contas Nacionais Trimestrais, a serem divulgadas pelo IBGE na quarta-feira, vão de queda de 0,5% até tombo de 1,1% para a atividade no terceiro trimestre”, informa o jornal. Em relação ao mesmo período do ano passado, a intensidade no recuo do PIB deve ser de 3,2% entre julho e setembro.
O setor de serviços segue em recessão. Os economistas analisam que a indústria não conseguiu sustentar uma recuperação, diante do quadro atual. A ociosidade elevada leva a crer que os investimentos vão seguir em queda.
Num cenário em que o desemprego está em alta e o crédito em baixa, fica difícil apostar no consumo das famílias brasileiras para tirar o país da crise. E, com a valorização do câmbio, que atrapalha a competitividade dos produtos brasileiros, tudo indica que, do setor externo – também impactado pelo baixo crescimento da economia global – também não virá a salvação.
"A retomada não está acontecendo; pelo contrário, os dados mostram que a economia piorou nos últimos meses", afirma Luis Afonso Lima, economista-chefe da Mapfre Investimentos, ouvido pelo Valor.
Para Silvia Matos,do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), a principal frustração em relação às expectativas veio do comportamento do consumo das famílias. Entre julho e setembro, os serviços encolheram 4,1% dentro do consumo das famílias, na comparação com o mesmo trimestre de 2015, calcula.
Com o aumento de desemprego – além da queda na renda – e sem ter em vista quando será possível uma recolocação no mercado de trabalho, os brasileiros afetados pela crise gastam menos.
Confiança?
Dados divulgados pela FGV nesta segunda também indicam que as expectativas pioraram em novembro. O Índice de Confiança de Serviços (ICS) do Brasil apresentou queda pelo segundo mês seguido. Caiu 1,4 ponto em novembro e foi a 77,5 pontos, após perda de 1,7 ponto no mês anterior.
"A percepção de continuidade da tendência de enfraquecimento do nível de atividade vem impactando negativamente a visão das empresas em relação aos meses seguintes. Com isso, o cenário é ainda de queda na atividade real do setor no último trimestre do ano", disse em nota o consultor do Ibre-FGV, Silvio Sales.
O setor de serviços é apenas mais um a mostrar perdas da confiança em novembro, depois do consumidor, da construção e do comércio.
Talvez (má)fé
No mundo encantado da gestão Temer, o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, defendeu, nesta segunda-feira (28), as medidas de austeridade e declarou que “o mercado está aceitando o ajuste gradual”. Não se sabe ao certo o que isso quer dizer e o que representa para a economia real e a vida dos brasileiros.
“O Congresso sabe que, se atrasarmos uma agenda de reformas, vamos atrasar a recuperação da economia”, disse, ao defender que a votação do teto de gastos será um “teste”, após a crise política desencadeada pelas denúncias contra Geddel Vieira de Melo e o próprio Temer.
Na entrevista coletiva que o presidente concedeu, neste domingo (27), para tratar do caso, o presidente voltou a falar no poder mágico da confiança. “Não estamos parados, estamos trabalhando para gerar crescimento, que virá pouco a pouco. Primeiro é preciso esperança, depois confiança, que vem crescendo. Vamos tomando atitude que deve gerar mais confiança”, disse Temer, já reconhecendo que a economia só deve melhorar no segundo semestre do próximo ano.
A ideia de que, com o anúncio de políticas de austeridade e o corte de gastos, uma “fada da confiança” surgirá para “recompensar os criadores de políticas por sua virtude fiscal” é combatida por diversos economistas. Incluindo o Nobel de economia, Paul Krugman, que cunhou a expressão remetendo aos contos de fada.
“Empresários não investem só porque o governo fez ajuste fiscal, mas quando há expectativas de lucro e demanda para o seu produto, da mesma forma as famílias não consomem mais por que o governo fez ajuste fiscal, mas quando há aumento de renda disponível e estabilidade no emprego”, diz o documento Austeridade e Retrocesso, escrito por vários estudiosos que se contrapõem ao discurso do governo.
E os próprios dados compravam a falácia da gestão Temer, que assumiu sob o discurso de que salvaria o país. Mas presidente e sua equipe continuam a alardear que o Brasil está “entrando nos trilhos”, mesmo com os números da arrecadação, dos investimentos, do comércio, da indústria, dos serviços, dos empregos e do PIB dizendo o contrário. No caso atual, se não há sequer confiança – quanto mais recuperação –, talvez seja mais uma questão de (má) fé mesmo.
O efeito de seis meses de gestão Michel Temer sobre a economia é mais recessão. O governo repete que, com o ajuste, a confiança está voltando e traz consigo a recuperação – tudo assim, como o mágico tira o coelho da cartola, num discurso diariamente desmentido pela realidade. Não só os indicadores da economia real vão na direção oposta, como as expectativas dos agentes econômicos também. Até a mídia já anuncia o fracasso do governo.
“Recuperação não acontece e PIB deve cair 0,9% no 3º tri”, diz o título de matéria do Valor Econômico nesta segunda-feira (28). A reportagem mostra levantamento junto a 20 consultorias e instituições financeiras. A média das estimativas aponta para a retração do Produto Interno Bruto anunciada no título, que é superior àquela verificada no segundo trimestre - de 0,6%.
“As previsões para as Contas Nacionais Trimestrais, a serem divulgadas pelo IBGE na quarta-feira, vão de queda de 0,5% até tombo de 1,1% para a atividade no terceiro trimestre”, informa o jornal. Em relação ao mesmo período do ano passado, a intensidade no recuo do PIB deve ser de 3,2% entre julho e setembro.
O setor de serviços segue em recessão. Os economistas analisam que a indústria não conseguiu sustentar uma recuperação, diante do quadro atual. A ociosidade elevada leva a crer que os investimentos vão seguir em queda.
Num cenário em que o desemprego está em alta e o crédito em baixa, fica difícil apostar no consumo das famílias brasileiras para tirar o país da crise. E, com a valorização do câmbio, que atrapalha a competitividade dos produtos brasileiros, tudo indica que, do setor externo – também impactado pelo baixo crescimento da economia global – também não virá a salvação.
"A retomada não está acontecendo; pelo contrário, os dados mostram que a economia piorou nos últimos meses", afirma Luis Afonso Lima, economista-chefe da Mapfre Investimentos, ouvido pelo Valor.
Para Silvia Matos,do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), a principal frustração em relação às expectativas veio do comportamento do consumo das famílias. Entre julho e setembro, os serviços encolheram 4,1% dentro do consumo das famílias, na comparação com o mesmo trimestre de 2015, calcula.
Com o aumento de desemprego – além da queda na renda – e sem ter em vista quando será possível uma recolocação no mercado de trabalho, os brasileiros afetados pela crise gastam menos.
Confiança?
Dados divulgados pela FGV nesta segunda também indicam que as expectativas pioraram em novembro. O Índice de Confiança de Serviços (ICS) do Brasil apresentou queda pelo segundo mês seguido. Caiu 1,4 ponto em novembro e foi a 77,5 pontos, após perda de 1,7 ponto no mês anterior.
"A percepção de continuidade da tendência de enfraquecimento do nível de atividade vem impactando negativamente a visão das empresas em relação aos meses seguintes. Com isso, o cenário é ainda de queda na atividade real do setor no último trimestre do ano", disse em nota o consultor do Ibre-FGV, Silvio Sales.
O setor de serviços é apenas mais um a mostrar perdas da confiança em novembro, depois do consumidor, da construção e do comércio.
Talvez (má)fé
No mundo encantado da gestão Temer, o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, defendeu, nesta segunda-feira (28), as medidas de austeridade e declarou que “o mercado está aceitando o ajuste gradual”. Não se sabe ao certo o que isso quer dizer e o que representa para a economia real e a vida dos brasileiros.
“O Congresso sabe que, se atrasarmos uma agenda de reformas, vamos atrasar a recuperação da economia”, disse, ao defender que a votação do teto de gastos será um “teste”, após a crise política desencadeada pelas denúncias contra Geddel Vieira de Melo e o próprio Temer.
Na entrevista coletiva que o presidente concedeu, neste domingo (27), para tratar do caso, o presidente voltou a falar no poder mágico da confiança. “Não estamos parados, estamos trabalhando para gerar crescimento, que virá pouco a pouco. Primeiro é preciso esperança, depois confiança, que vem crescendo. Vamos tomando atitude que deve gerar mais confiança”, disse Temer, já reconhecendo que a economia só deve melhorar no segundo semestre do próximo ano.
A ideia de que, com o anúncio de políticas de austeridade e o corte de gastos, uma “fada da confiança” surgirá para “recompensar os criadores de políticas por sua virtude fiscal” é combatida por diversos economistas. Incluindo o Nobel de economia, Paul Krugman, que cunhou a expressão remetendo aos contos de fada.
“Empresários não investem só porque o governo fez ajuste fiscal, mas quando há expectativas de lucro e demanda para o seu produto, da mesma forma as famílias não consomem mais por que o governo fez ajuste fiscal, mas quando há aumento de renda disponível e estabilidade no emprego”, diz o documento Austeridade e Retrocesso, escrito por vários estudiosos que se contrapõem ao discurso do governo.
E os próprios dados compravam a falácia da gestão Temer, que assumiu sob o discurso de que salvaria o país. Mas presidente e sua equipe continuam a alardear que o Brasil está “entrando nos trilhos”, mesmo com os números da arrecadação, dos investimentos, do comércio, da indústria, dos serviços, dos empregos e do PIB dizendo o contrário. No caso atual, se não há sequer confiança – quanto mais recuperação –, talvez seja mais uma questão de (má) fé mesmo.
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