segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Temer e Gilmar odeiam o ‘Bolsa Família’

Por Altamiro Borges

Como expressão maior da ditadura do capital financeiro, o covil de Michel Temer pretende detonar todos os programas sociais implementados pelo "reformismo brando" dos governos Lula e Dilma. O usurpador até tenta disfarçar, como na entrevista melosa que concedeu à jornalista Mariana Godoy, da RedeTV!. Mas a "austeridade fiscal" dos golpistas visa unicamente cortar os gastos nas áreas sociais para reforçar o caixa dos rentistas e seduzir o "deus-mercado". Nos últimos dias, o programa Bolsa Família, que ajudou a tirar o Brasil do mapa da fome, tem sido o principal alvo dos abutres. Michel Temer, Gilmar Mendes e a mídia privada se unem nesta cruzada contra o povo. A artilharia é pesada!


Na semana passada, a corja de corruptos que assaltou o poder anunciou que encontrou irregularidades em 1,1 milhão dos 13,9 milhões de benefícios pagos pelo Bolsa Família – o equivalente a 8% do total do programa. Destes, 469 mil foram sumariamente cancelados e 654 mil foram bloqueados. Juntos, bloqueios e cancelamentos correspondem a um corte de gastos de cerca de R$ 2,4 bilhões ao ano, segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Social. No maior cinismo, o secretário responsável pelo programa na pasta, Tiago Falcão, afirmou que "os bloqueios são feitos para que a família tenha oportunidade de nos mostrar que a informação pode ter algum erro, falha ou estava desatualizada". Com certeza, o aspone golpista nunca passou fome na sua vida!

A abrupta e truculenta medida do Judas Michel Temer gerou duras críticas - lógico que não da mídia chapa-branca, que aplaudiu o "rigor fiscal". Para o deputado Patrus Ananias (PT-MG), ex-ministro do Desenvolvimento Social, o bloqueio só deveria ocorrer em casos de suspeitas graves. "Durante os governos de Lula e Dilma, adotávamos uma processo permanente de fiscalização, mas o número de benefícios suspensos costumava ser menor", afirmou à revista CartaCapital. "A nossa fiscalização tinha um objetivo pedagógico, pois os principais erros no preenchimento do cadastro vinham das famílias mais pobres. A divulgação de um número tão elevado de uma só vez mostra que a intenção do governo atual é cercear os programas sociais. O Bolsa Família está condenado", completou.

Gilmar Mendes e a bosta na Geni

Poucos dias antes deste golpe, o ministro tucano do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, já havia sinalizado que a intenção dos golpistas é mesmo a de liquidar com o programa. Em um evento para empresários em São Paulo, no dia 21 de outubro, ele foi emblemático: "Se nós temos uma ampla concessão de Bolsa Família sem os pressupostos e sem a devida verificação, isso pode ser uma forma de captação de sufrágio que nós, no tribunal eleitoral, não conseguimos abarcar". Ou seja: para o apadrinhado de FHC no STF, o programa Bolsa Família é sinônimo de compra de votos. Na mesma ocasião, ele também atacou os direitos trabalhistas e a Justiça do Trabalho. Lógico. São privilégios!

Na ofensiva para destruir os programas sociais dos governos Lula e Dilma vale de tudo. No início de outubro, a mídia fez um grande escarcéu com a denúncia de que uma beneficiária do Bolsa Família, a lavradora Maria Geni do Nascimento, teria repassado R$ 75 milhões para sua campanha à vereadora pelo PDT em Santa Cruz da Baixa Verde (PE). A acusação vazou do Tribunal Superior Eleitoral, hoje presidido pelo sinistro Gilmar Mendes, e virou capa dos jornais e motivo de comentários asquerosos nas emissoras de tevê. O caso foi listado pelo TSE como um dos "indícios das irregularidades mais relevantes" do primeiro turno do pleito municipal e serviu de mote para os ataques ao Bolsa Família.

Dias depois, porém, a farsa foi desnudada. "Descobriu-se que Geni não era fraudadora nem laranja. Ela apenas errou ao preencher o sistema eletrônico e informar sua única ajuda de campanha: R$ 75, doados por um estudante que recebe auxílio-alimentação da universidade pública. 'Ela digitou zeros demais', explicou Raquel Salazar, da corregedoria do TRE de Pernambuco, ao 'Jornal do Commercio'. A assessoria do TSE me disse que cabe à candidata, e não ao tribunal, providenciar a correção. Até aqui, nenhuma autoridade se desculpou com Geni. Ela levou pedradas de todos os lados, mas não se elegeu. Teve apenas 13 votos", reagiu indignado o colunista Bernardo Mello Franco, umas das poucas vozes críticas que ainda restam na Folha golpista.

Em tempo: O Bolsa Família não é o único alvo dos abutres do Palácio do Planalto. Na segunda-feira passada (7), a Folha publicou uma pequena notinha: "O governo deve soltar na semana que vem o decreto que vai endurecer as regras para concessão do seguro-defeso, o auxílio pago aos pescadores artesanais nos períodos em que a atividade fica proibida. Estima-se reduzir à metade os cerca de R$ 3 bilhões gastos por ano com a medida. O benefício só será concedido agora onde houver interdição total da pesca. Para evitar fraudes, será criada uma lista com as categorias de pescadores que não estão autorizadas a participar do programa... Como o número de benefícios pagos deve ser reduzido, o governo já se prepara para a enxurrada de reclamações e críticas das associações de pescadores".

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