Por Flavio Aguiar, na Rede Brasil Atual:
A temida catástrofe aconteceu: um político inexperiente, de atitudes imprevisíveis, estará, a partir de 20 de janeiro de 2017, no comando da maior máquina militar da história do planeta. Os temidos botões das armas nucleares estarão ao alcance de seus dedos, além de outras armas extremamente letais.
Muito ainda vai se escrever sobre o que, no fim de contas, aconteceu nesta eleição de 2016, e sobre o que vai acontecer no futuro.
Algumas hipóteses já pairam no ar.
A esmagadora maioria das pesquisas de intenção de voto erraram suas previsões. Davam, no voto popular, uma margem de 2 a 4% de vantagem para Clinton. Trump venceu, não só em votos do Colégio Eleitoral, mas também no voto por cabeça. Entre as hipóteses levantadas sobressai a de que a votação em Trump contou também com o “voto envergonhado”, ou da maioria silenciosa que efetivamente ficou em silêncio. Este voto pode ter sido decisivo, ao lado do voto ruidoso, aquele dos entusiasmados com a pregação xenófoba, nacionalista, demagógica, contra o establishment, machista, do candidato agora vitorioso.
Fala-se seguidamente nesta maioria de trabalhadores empobrecidos e brancos, temerosos das vagas de imigrantes regulares ou irregulares, das políticas afirmativas em relação a negros e latinos, ao lado daqueles que vêem programas como o chamado Obamacare - o sistema público de saúde projetado pelos atual presidente - como uma indevida intervenção do Estado no campo da economia, um tema sempre presente no imaginário de direita do país e mobilizado constantemente pelos republicanos.
Outra indagação diz respeito ao papel da denúncia - depois retirada - do diretor do FBI, James Corey, sobre “novos” e-mails suspeitos no entorno de Hillary Clinton. A denúncia foi feita a menos de dez dias do dia decisivo do pleito, e pode ter tido um papel importante, apesar das negativas, em retirar votos da candidata democrata.
Quanto ao futuro, deve-se levar em conta que os republicanos mantiveram a maioria nas duas casas do Congresso. Isto, junto com a eleição de Trump, pode - e quase certamente vai - trazer uma série de implicações.
O acordo sobre o programa nuclear do Irã pode ser renegado pelos Estados Unidos. Esta hipótese afetaria não apenas o relacionamento com este país, mas também com os demais signatários do acordo: Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha, além da União Europeia, cujos representantes acompanhara o processo.
Um eventual estremecimento com o Irã pode afetar as guerras ora em curso na Síria e no Iraque, tanto contra o Estado Islâmico quanto a guerra civil entre os grupos rebeldes e o governo de Damasco. Não se sabe como ficará a atitude dos Estados Unidos em relação aos curdos.
A se acreditar nas promessas de todos os pré-candidatos republicanos, os Estados Unidos voltarão a romper relações diplomáticas com Cuba e a votar na ONU contra o fim do bloqueio econômico contra a ilha. Na última votação, feita este ano, pela primeira vez desde que o bloqueio começou, os Estados Unidos se abstiveram.
O acordo climático da COP21 será denunciado, bem como o acordo sobre o mesmo tema feito especificamente com a China, que abriu o caminho para aquele firmado em Paris no ano passado. A COP22 está em curso no Marrocos, mas a respiração de todos ficará em compasso de espera.
Trump prometeu que fecharia a fronteira com o México com um muro, e que faria os mexicanos pagarem por sua construção. Pode ter sido apenas mais uma de suas bravatas de campanha, mas também pode não ter sido. Com relação aos outros países latino-americanos não deverão ocorrer mudanças significativas. Os Estados Unidos continuarão a pressionar a Venezuela e a apoiar o golpe no Brasil, por exemplo.
Outra questão que fica em suspenso é a específica relação com a Rússia de Vladmir Putin. Ao longo da campanha houve sinalizações de "mútuo respeito”. Putin chegou a ser “acusado” de ter simpatia por uma vitória de Trump, coisa que o mandatário russo nega.
No plano interno dos Estados Unidos também pairam dúvidas e certezas. Uma das certezas é a de que o plano público de saúde deverá ir para o espaço. As dúvidas são várias: como ficar o relacionamento com a comunidade muçulmana? O que acontecerá com o racismo que deu mostras de renascer com virulência depois da eleição do primeiro presidente negro no país? Como ficarão as relações com os latinos? Aliás, esperava-se que o voto das comunidades negra e latina fosse decisivo em favor de Clinton. Não foi.
Mais duas certezas: o império dos Clinton junto ao establishment democrata chegou ao fim. Hillary colheu duas derrotas decisivas e consecutivas: a primeira contra Barack Obama pela indicação democrata; a segunda, como candidata do partido. Quais serão as novas opções do partido?
A outra certeza é a de que o senador por Vermont, Bernie Sanders, sai fortalecido da debacle democrata. Durante o processo das primárias alguns de seus assessores diziam que ele seria o único capaz de derrotar Trump, caso (naquela ocasião) ele viesse a se tornar o candidato dos republicanos, como aconteceu. E se estivessem certos?
Muito ainda vai se escrever sobre o que, no fim de contas, aconteceu nesta eleição de 2016, e sobre o que vai acontecer no futuro.
Algumas hipóteses já pairam no ar.
A esmagadora maioria das pesquisas de intenção de voto erraram suas previsões. Davam, no voto popular, uma margem de 2 a 4% de vantagem para Clinton. Trump venceu, não só em votos do Colégio Eleitoral, mas também no voto por cabeça. Entre as hipóteses levantadas sobressai a de que a votação em Trump contou também com o “voto envergonhado”, ou da maioria silenciosa que efetivamente ficou em silêncio. Este voto pode ter sido decisivo, ao lado do voto ruidoso, aquele dos entusiasmados com a pregação xenófoba, nacionalista, demagógica, contra o establishment, machista, do candidato agora vitorioso.
Fala-se seguidamente nesta maioria de trabalhadores empobrecidos e brancos, temerosos das vagas de imigrantes regulares ou irregulares, das políticas afirmativas em relação a negros e latinos, ao lado daqueles que vêem programas como o chamado Obamacare - o sistema público de saúde projetado pelos atual presidente - como uma indevida intervenção do Estado no campo da economia, um tema sempre presente no imaginário de direita do país e mobilizado constantemente pelos republicanos.
Outra indagação diz respeito ao papel da denúncia - depois retirada - do diretor do FBI, James Corey, sobre “novos” e-mails suspeitos no entorno de Hillary Clinton. A denúncia foi feita a menos de dez dias do dia decisivo do pleito, e pode ter tido um papel importante, apesar das negativas, em retirar votos da candidata democrata.
Quanto ao futuro, deve-se levar em conta que os republicanos mantiveram a maioria nas duas casas do Congresso. Isto, junto com a eleição de Trump, pode - e quase certamente vai - trazer uma série de implicações.
O acordo sobre o programa nuclear do Irã pode ser renegado pelos Estados Unidos. Esta hipótese afetaria não apenas o relacionamento com este país, mas também com os demais signatários do acordo: Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha, além da União Europeia, cujos representantes acompanhara o processo.
Um eventual estremecimento com o Irã pode afetar as guerras ora em curso na Síria e no Iraque, tanto contra o Estado Islâmico quanto a guerra civil entre os grupos rebeldes e o governo de Damasco. Não se sabe como ficará a atitude dos Estados Unidos em relação aos curdos.
A se acreditar nas promessas de todos os pré-candidatos republicanos, os Estados Unidos voltarão a romper relações diplomáticas com Cuba e a votar na ONU contra o fim do bloqueio econômico contra a ilha. Na última votação, feita este ano, pela primeira vez desde que o bloqueio começou, os Estados Unidos se abstiveram.
O acordo climático da COP21 será denunciado, bem como o acordo sobre o mesmo tema feito especificamente com a China, que abriu o caminho para aquele firmado em Paris no ano passado. A COP22 está em curso no Marrocos, mas a respiração de todos ficará em compasso de espera.
Trump prometeu que fecharia a fronteira com o México com um muro, e que faria os mexicanos pagarem por sua construção. Pode ter sido apenas mais uma de suas bravatas de campanha, mas também pode não ter sido. Com relação aos outros países latino-americanos não deverão ocorrer mudanças significativas. Os Estados Unidos continuarão a pressionar a Venezuela e a apoiar o golpe no Brasil, por exemplo.
Outra questão que fica em suspenso é a específica relação com a Rússia de Vladmir Putin. Ao longo da campanha houve sinalizações de "mútuo respeito”. Putin chegou a ser “acusado” de ter simpatia por uma vitória de Trump, coisa que o mandatário russo nega.
No plano interno dos Estados Unidos também pairam dúvidas e certezas. Uma das certezas é a de que o plano público de saúde deverá ir para o espaço. As dúvidas são várias: como ficar o relacionamento com a comunidade muçulmana? O que acontecerá com o racismo que deu mostras de renascer com virulência depois da eleição do primeiro presidente negro no país? Como ficarão as relações com os latinos? Aliás, esperava-se que o voto das comunidades negra e latina fosse decisivo em favor de Clinton. Não foi.
Mais duas certezas: o império dos Clinton junto ao establishment democrata chegou ao fim. Hillary colheu duas derrotas decisivas e consecutivas: a primeira contra Barack Obama pela indicação democrata; a segunda, como candidata do partido. Quais serão as novas opções do partido?
A outra certeza é a de que o senador por Vermont, Bernie Sanders, sai fortalecido da debacle democrata. Durante o processo das primárias alguns de seus assessores diziam que ele seria o único capaz de derrotar Trump, caso (naquela ocasião) ele viesse a se tornar o candidato dos republicanos, como aconteceu. E se estivessem certos?
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