Por André Barrocal, na revista CartaCapital:
O deputado argentino Dario Martinez é um dos mais empenhados na investigação do presidente Mauricio Macri em decorrência do escândalo dos Panama Papers. Do ponto de vista formal, foi uma denúncia dele que levou à abertura de um processo judicial contra Macri, um adversário político.
Martinez reclama da falta de colaboração do Brasil na investigação. Para o promotor do caso, teria sido aqui que Macri teria lavado quase 10 milhões de dólares procedentes das Bahamas, onde o presidente e sua família abriram uma empresa offshore em 1998, a Fleg Trading, conforme os Panama Papers.
O parlamentar não tem dúvidas sobre o desinteresse brasileiro. Trata-se, diz, de proteção mútua entre dois governos com identidade política.
A seguir, uma breve entrevista de Martinez a CartaCapital.
Existe uma conexão Brasil que envolva o presidente Macri no caso Panama Papers?
Sim, estou convencido que sim, em função de que a operação de lavagem desse dinheiro se realizou no Brasil. Basicamente, com uma de duas sociedades nas quais tem participação o presidente da nação argentina, a Fleg Trading [offshore nas Bahamas]. Com a Fleg Trading, o que fez Macri foi criar uma empresa que não tem contabilidade pública, não apresenta balanços, não realiza assembleia de acionistas.
Com esta sociedade, ele saiu a investir em países mais sérios contabilmente, como o Brasil, onde há registros dessa operação. De onde Macri tirou 9 milhões de dólares? A Fleg Trading, segundo o próprio presidente, nunca funcionou, nunca operou, não teve contas e, apesar disso, fez investimentos milionários no Brasil.
E apesar disso o Brasil não tem tem colaborado até agora com a investigação...
A verdade é que a Justiça argentina está esperando desde 9 de maio que o governo do Brasil responda. Não é um caso isolado do Brasil, lamentavelmente não há muita cooperação de outros governos também. Bahamas, Panamá e Itália também receberam pedidos e a realidade é que não estão cooperando. Que o governo da Argentina tente ocultar [informações] é lamentável mas tem sentido, porque se está protegendo a si mesmo. Agora, por que está fazendo isso o governo do Brasil, eu não sei, me parece um erro.
Talvez porque exista afinidade política entre os dois governos?
Eu creio que lamentavelmente eles se protegem. Neste caso pontual, é claro que o presidente Macri em sua época de empresário foi um evasor e lavou dinheiro no Brasil e está claro que o governo do Brasil trata de tapar isso, se não responderia.
Mesmo sem a colaboração do Brasil, existe prova que envolva diretamente Macri com o Brasil neste tema?
Sim, está nas atas das próprias empresas constituídas em Bahamas e segundo registros da Jucesp [Junta Comercial de São Paulo].
O deputado argentino Dario Martinez é um dos mais empenhados na investigação do presidente Mauricio Macri em decorrência do escândalo dos Panama Papers. Do ponto de vista formal, foi uma denúncia dele que levou à abertura de um processo judicial contra Macri, um adversário político.
Martinez reclama da falta de colaboração do Brasil na investigação. Para o promotor do caso, teria sido aqui que Macri teria lavado quase 10 milhões de dólares procedentes das Bahamas, onde o presidente e sua família abriram uma empresa offshore em 1998, a Fleg Trading, conforme os Panama Papers.
O parlamentar não tem dúvidas sobre o desinteresse brasileiro. Trata-se, diz, de proteção mútua entre dois governos com identidade política.
A seguir, uma breve entrevista de Martinez a CartaCapital.
Existe uma conexão Brasil que envolva o presidente Macri no caso Panama Papers?
Sim, estou convencido que sim, em função de que a operação de lavagem desse dinheiro se realizou no Brasil. Basicamente, com uma de duas sociedades nas quais tem participação o presidente da nação argentina, a Fleg Trading [offshore nas Bahamas]. Com a Fleg Trading, o que fez Macri foi criar uma empresa que não tem contabilidade pública, não apresenta balanços, não realiza assembleia de acionistas.
Com esta sociedade, ele saiu a investir em países mais sérios contabilmente, como o Brasil, onde há registros dessa operação. De onde Macri tirou 9 milhões de dólares? A Fleg Trading, segundo o próprio presidente, nunca funcionou, nunca operou, não teve contas e, apesar disso, fez investimentos milionários no Brasil.
E apesar disso o Brasil não tem tem colaborado até agora com a investigação...
A verdade é que a Justiça argentina está esperando desde 9 de maio que o governo do Brasil responda. Não é um caso isolado do Brasil, lamentavelmente não há muita cooperação de outros governos também. Bahamas, Panamá e Itália também receberam pedidos e a realidade é que não estão cooperando. Que o governo da Argentina tente ocultar [informações] é lamentável mas tem sentido, porque se está protegendo a si mesmo. Agora, por que está fazendo isso o governo do Brasil, eu não sei, me parece um erro.
Talvez porque exista afinidade política entre os dois governos?
Eu creio que lamentavelmente eles se protegem. Neste caso pontual, é claro que o presidente Macri em sua época de empresário foi um evasor e lavou dinheiro no Brasil e está claro que o governo do Brasil trata de tapar isso, se não responderia.
Mesmo sem a colaboração do Brasil, existe prova que envolva diretamente Macri com o Brasil neste tema?
Sim, está nas atas das próprias empresas constituídas em Bahamas e segundo registros da Jucesp [Junta Comercial de São Paulo].
Samuel Pinheiro, embaixador: Lava Jato é "uma Operação do PSDB"
ResponderExcluirhttp://www.esquerdadiario.com.br/Samuel-Pinheiro-A-Lava-Jato-e-uma-operacao-do-PSDB