quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Conduta de Moro e a queixa de Lula na ONU

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A conduta do juiz Sergio Moro fez a ONU adiar para o final de janeiro o prazo que o organismo havia dado ao governo Temer para explicar o processo do Estado brasileiro contra o ex-presidente Lula.

Explico: o que ocorre é que, conforme a Lava Jato, nas pessoas do procurador Deltan Dallagnol e do juiz Sergio Moro, vai dando seus shows antipetistas, a defesa do ex-presidente vai informando à ONU esses passos de modo a corroborar a afirmação de que a Operação e seus condutores agem com motivações político-partidárias.

Há cerca de dois meses, o Comitê de Direitos Humanos da ONU recebeu novos documentos enviados pelos advogados de Lula. Em carta, os advogados citam apresentação em powerpoint dos procuradores da Lava Jato que, apesar de reconhecerem que não têm provas, acusam o ex-presidente de ser “chefe de uma organização criminosa”.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, “ao manter o processo vivo em Genebra, os peritos da ONU (…) apontaram que (…) a pressão sobre a Justiça brasileira continuará criando uma espécie de habeas corpus internacional” para Lula.

O que significa isso? Significa que, apesar de a ONU não ter poder de decisão em território brasileiro, ao acompanhar o caso de Lula o organismo impede que medidas abusivas sejam tomadas contra aquele que os brasileiros consideram o melhor presidente da história e que é o líder em todas as pesquisas para a sucessão presidencial de 2018.

Para quem não sabe, a ONU, ao aceitar investigar a condução dos processos contra Lula no Brasil, está meio que auditando esses processos e, também, os que o conduzem, com destaque para Sergio Moro, que, de longe, por seu gosto incontrolável por holofotes e elogios está produzindo uma fartura de provas de que o que menos busca é justiça.

Nesta semana, o juiz paranaense se superou. Dois momentos foram particularmente simbólicos em relação à sua parcialidade contra Lula e a favor de tucanos.

Momento um: apareceu ao lado do cantor Fagner, em um restaurante, aplaudindo uma música que diz que a função dele é “enjaular vagabundo” em vez de julgar com serenidade e isenção acusados pela Justiça.

Momento dois: durante evento da revista IstoÉ realizado na noite da última terça (6) em São Paulo, o superstar foi Sérgio Moro. Premiado como o “Brasileiro do Ano na Justiça”, Moro ofuscou artistas e políticos. Inebriado pela condição de celebridade, produziu cenas bizarras para alguém cujo trabalho deveria se pautar pela circunspeção e isenção.

Fotos de Moro confraternizando e trocando confidências com políticos do PSDB, muitos deles investigados pela Lava Jato, correram o Brasil e o mundo. Fotos em que ele se entrega à tietagem dos “fãs”, todos inimigos políticos do PT, idem.

O senador tucano Aécio Neves, citado em delações da Odebrecht e da OAS, trocava confidências com Moro. Sorridentes, ambos conversavam de forma descontraída ao longo da cerimônia. Aécio é investigado por sua atuação na CPI dos Correios e por supostamente ter recebido propina da estatal Furnas.

A conduta de Moro nesse evento fez a festa das redes sociais






Esse farto material revelando o envolvimento político de Moro corrobora ipsis-litteris as queixas de Lula à ONU, que afirmam, entre outras coisas, que o juiz federal não tem isenção para julgar o ex-presidente por manter ligações políticas cada vez mais inegáveis.

Várias pessoas me perguntaram por que Moro age com tanta desfaçatez, deixando todos verem sua ligação estreita com o PSDB e com os que conduziram o golpe de Estado que substituiu o governo eleito do Brasil por um governo sem legitimidade popular.

A resposta é muito simples: porque ele pode. Não há mais Justiça no Brasil. E os órgãos de controle da magistratura estão de quatro para Moro. Não têm coragem de puni-lo por condutas como essas.

Moro já deixou claro que não está preocupado com a imagem do Brasil. Está mais preocupado com os aplausos, elogios e homenagens que recebem em terras tupiniquins, sobretudo lá na sua doce República de Curitiba.

Entretanto, o primeiro passo para restabelecer a democracia no Brasil é provar ao mundo que houve um golpe no país e que as instituições foram subvertidas pelos golpistas. E isso está acontecendo, sem dúvida.

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