Por Altamiro Borges
“Em editoriais, colunas e reportagens afirmamos aos nossos ingênuos
leitores e telespectadores que a economia estava em frangalhos por culpa exclusiva
de Dilma Rousseff. Até omitimos a gravidade da crise capitalista internacional.
Garantimos que bastaria depor a presidenta, eleita democraticamente pela
maioria dos brasileiros, para a economia voltar a crescer. Muitos acreditaram
nestas informações e foram as ruas gritar ‘Fora Dilma’. Com sua queda – e
após novas rodadas de negociação das verbas publicitárias –, espalhamos que Michel
Temer retomava a “confiança do mercado”, com a volta dos investimentos, dos empregos e da renda. Erramos! Ou – para ser mais honesto – Mentimos”!
Nem o Natal salva o comércio
Todas as manchetes acima foram recolhidas no noticiário on-line desta segunda (26). Elas ilustram o desânimo da economia brasileira na reta final do ano, em que os fatos insistem em contrariar as previsões oficiais.
No início de 2016, era comum ouvir que o impeachment resultaria na retomada imediata do crescimento. Em março, o empresário Flávio Rocha, da Riachuelo, dizia que a volta dos investimentos seria "instantânea". Em setembro, o ministro Eliseu Padilha se gabava: "A esperança está se convertendo em confiança".
Os dois parecem ter confundido desejo com realidade. Os investimentos sofreram um tombo de 3,1% no terceiro trimestre, segundo o IBGE, e a confiança da indústria acaba de registrar o menor índice em seis meses, de acordo com a FGV.
As previsões róseas se baseavam na crença de que bastava trocar de presidente para tirar a economia do atoleiro. Com lama pelas canelas, os mais otimistas deveriam dar uma olhada no exemplo da Argentina.
Quando Michel Temer nomeou sua equipe econômica, os entusiastas da "fada da confiança" festejaram semelhanças com o time ultraliberal de Mauricio Macri. Nesta segunda, o presidente argentino demitiu o ministro da Fazenda. Se é possível fazer alguma previsão para o início de 2017, é de que a pressão sobre Henrique Meirelles vai aumentar.
Não dava mais para esconder. Nem os “midiotas” iriam
acreditar. Nos últimos dias do trágico 2016, o ano do “golpe dos corruptos”, a
mídia chapa-branca finalmente confessou que a economia está desabando. Em
manchetes nos jornais e comentários na tevê, inclusive na Globo, ela agora admite:
“Com Natal fraco, vendas em shoppings caem 9% no ano”; “Contas do governo têm pior
resultado para novembro desde 1997”; “Índice de Confiança da indústria registra
menor patamar desde junho”. Os barões da mídia até poderiam publicar em
conjunto – já que difundem o mesmo pensamento único emburrecedor – um enorme “Erramos”.
O mais correto seria “Mentimos”, com o seguinte texto:
Nem o Natal salva o comércio
Os dados que confirmam esta baita mentira são inquestionáveis. Nem o Natal conseguiu reanimar o setor do comércio. O total de vendas em shoppings neste
ano recuou 9,1%, segundo a associação de
lojistas do ramo (Alshop). O período das festas de fim de ano, que costuma alavancar o movimento,
não conseguiu compensar o mau desempenho. As vendas de Natal caíram 8,9% em
relação à alta temporada de 2015. "Esse foi o pior Natal que já vimos. Antes crescíamos
3% a 4% acima do PIB", afirma Luís Augusto Ildefonso, diretor de relações
institucionais da Alshop.
Como resultado desta desgraceira, o setor de shopping centers fechou o ano com saldo negativo de 18.100 lojas, queda de 12,9% em relação a 2015. É a primeira vez desde 2004 que a Alshop registra um saldo negativo na abertura de lojas. Parte delas encerrou as atividades e outra parte migrou para o comércio de rua. O efeito mais perverso foi o aumento do desemprego no setor. Os logistas cortaram 36.659 vagas de trabalho neste ano. A tendência para 2017 é ainda pior. Os shoppings estão operando em média com 50% da capacidade de ocupação.
A queda de confiança na indústria
A queda nas vendas tem impacto direto na indústria. Menos gente consumindo significa menos gente produzindo. Tanto que o setor industrial já reduziu suas expectativas de crescimento para o próximo ano. Segundo matéria publicada no Jornal do Brasil nesta segunda-feira (26), "o Índice de Confiança da Indústria recuou 2,2 pontos em dezembro, atingindo 84,8 pontos, o menor patamar desde junho deste ano, quando foi registrado 83,4 pontos. O resultado foi divulgado pela Fundação Getúlio Vargas. A queda da confiança ocorreu em 12 de 19 segmentos industriais pesquisados".
"A piora na percepção sobre o nível de demanda foi o que mais influenciou o mau resultado este mês. Com piores avaliações sobre a demanda interna, esse indicador caiu 3,5 pontos, marcando 81,8 pontos. O percentual de empresas que consideram o nível atual de demanda forte diminuiu de 9% para 6% entre novembro e dezembro. E as que consideram o nível fraco aumentou de 35,5% para 36,1%". Ainda de acordo com a matéria, o índice de ociosidade nas indústrias bateu novo record. "O Nível de Utilização da Capacidade Instalada atingiu 72,5% em dezembro, novo patamar mínimo histórico para a série iniciada em 2001".
Menos venda, menos produção, menos empregos
A consequência inevitável da desintegração da economia é o aumento vertiginoso do desemprego. Até os banqueiros, que apoiaram o "golpe dos corruptos", já admitem que o cenário será ainda mais sombrio no próximo ano. Segundo projeção do Santander, a taxa de desemprego atual, de 11,8%, deve superar 13% em 2017. "Economistas do banco previam uma taxa média de 11,6% para o ano que vem, mas revisaram o número para 12,7% depois da divulgação dos resultados fracos do PIB no terceiro trimestre", informa a Folha. O Bradesco também elevou sua expectativa de desemprego de 12,5% para 12,9%. Ou seja: o Judas Michel Temer decepcionou até seus apoiadores.
"Os dados mostram que o otimismo acerca da atividade econômica no país e, por conseguinte, com as contratações ao longo dos próximos meses parou de aumentar", diz o economista da FGV Fernando de Holanda Barbosa Filho. Com o aumento do desemprego, a massa salarial também diminui - o que resulta, num círculo vicioso, na diminuição do consumo e em novas demissões. "A retomada deve ser bastante lenta. Não vemos uma melhora da massa salarial antes do segundo semestre", diz Rodolfo Margato, economista do Santander.
Crise detona as contas do governo
Outro efeito da crise é a queda de arrecadação do Estado. Menos vendas, menos produção, menos empregos e menos impostos. A consequência é que as contas do governo tiveram o pior resultado para novembro desde 1997. Não há austeridade fiscal que resolva este impasse. Segundo informações do Tesouro Nacional, divulgadas nesta terça-feira (27), as contas do governo federal tiveram um deficit de R$ 38,4 bilhões em novembro, o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1997. No mesmo mês do ano passado, o saldo negativo foi de R$ 21,2 bilhões.
Como resultado desta desgraceira, o setor de shopping centers fechou o ano com saldo negativo de 18.100 lojas, queda de 12,9% em relação a 2015. É a primeira vez desde 2004 que a Alshop registra um saldo negativo na abertura de lojas. Parte delas encerrou as atividades e outra parte migrou para o comércio de rua. O efeito mais perverso foi o aumento do desemprego no setor. Os logistas cortaram 36.659 vagas de trabalho neste ano. A tendência para 2017 é ainda pior. Os shoppings estão operando em média com 50% da capacidade de ocupação.
A queda de confiança na indústria
A queda nas vendas tem impacto direto na indústria. Menos gente consumindo significa menos gente produzindo. Tanto que o setor industrial já reduziu suas expectativas de crescimento para o próximo ano. Segundo matéria publicada no Jornal do Brasil nesta segunda-feira (26), "o Índice de Confiança da Indústria recuou 2,2 pontos em dezembro, atingindo 84,8 pontos, o menor patamar desde junho deste ano, quando foi registrado 83,4 pontos. O resultado foi divulgado pela Fundação Getúlio Vargas. A queda da confiança ocorreu em 12 de 19 segmentos industriais pesquisados".
"A piora na percepção sobre o nível de demanda foi o que mais influenciou o mau resultado este mês. Com piores avaliações sobre a demanda interna, esse indicador caiu 3,5 pontos, marcando 81,8 pontos. O percentual de empresas que consideram o nível atual de demanda forte diminuiu de 9% para 6% entre novembro e dezembro. E as que consideram o nível fraco aumentou de 35,5% para 36,1%". Ainda de acordo com a matéria, o índice de ociosidade nas indústrias bateu novo record. "O Nível de Utilização da Capacidade Instalada atingiu 72,5% em dezembro, novo patamar mínimo histórico para a série iniciada em 2001".
Menos venda, menos produção, menos empregos
A consequência inevitável da desintegração da economia é o aumento vertiginoso do desemprego. Até os banqueiros, que apoiaram o "golpe dos corruptos", já admitem que o cenário será ainda mais sombrio no próximo ano. Segundo projeção do Santander, a taxa de desemprego atual, de 11,8%, deve superar 13% em 2017. "Economistas do banco previam uma taxa média de 11,6% para o ano que vem, mas revisaram o número para 12,7% depois da divulgação dos resultados fracos do PIB no terceiro trimestre", informa a Folha. O Bradesco também elevou sua expectativa de desemprego de 12,5% para 12,9%. Ou seja: o Judas Michel Temer decepcionou até seus apoiadores.
"Os dados mostram que o otimismo acerca da atividade econômica no país e, por conseguinte, com as contratações ao longo dos próximos meses parou de aumentar", diz o economista da FGV Fernando de Holanda Barbosa Filho. Com o aumento do desemprego, a massa salarial também diminui - o que resulta, num círculo vicioso, na diminuição do consumo e em novas demissões. "A retomada deve ser bastante lenta. Não vemos uma melhora da massa salarial antes do segundo semestre", diz Rodolfo Margato, economista do Santander.
Crise detona as contas do governo
Outro efeito da crise é a queda de arrecadação do Estado. Menos vendas, menos produção, menos empregos e menos impostos. A consequência é que as contas do governo tiveram o pior resultado para novembro desde 1997. Não há austeridade fiscal que resolva este impasse. Segundo informações do Tesouro Nacional, divulgadas nesta terça-feira (27), as contas do governo federal tiveram um deficit de R$ 38,4 bilhões em novembro, o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1997. No mesmo mês do ano passado, o saldo negativo foi de R$ 21,2 bilhões.
O deficit no acumulado do ano é de R$ 94,2 bilhões, também o
pior resultado para o período desde 1997. No mesmo período
do ano passado, o deficit acumulado foi de R$ 54,1 bilhões. Apesar do desastre, o covil golpista ainda tenta ludibriar a sociedade. Segundo Ana Paula Vescovi, secretária do Tesouro Nacional, o usurpador Michel Temer "vai cumprir a meta fiscal" e administra as contas de forma "responsável". A PEC-55, que congela por 20 anos os gastos públicos em saúde e educação, é a forma "responsável" de governar dos golpistas. Tanto que foi batizada de "PEC da Morte".
Estes e outros dados confirmam o desastre do Judas Michel Temer e do czar da economia, Henrique Meirelles. Eles também atestam a vergonhosa manipulação da mídia, que prometeu o paraíso com o impeachment de Dilma e agora confessa que o Brasil ruma celeremente para o inferno. Poucas foram as posições dissonantes na chamada grande imprensa. Neste sentido, vale destacar a opinião de Bernardo Mello Franco, uma das raras vozes críticas da Folha golpista. Confira abaixo seu artigo:
*****
As previsões e os fatos
Bernardo Mello Franco - 27/12/2016
Estes e outros dados confirmam o desastre do Judas Michel Temer e do czar da economia, Henrique Meirelles. Eles também atestam a vergonhosa manipulação da mídia, que prometeu o paraíso com o impeachment de Dilma e agora confessa que o Brasil ruma celeremente para o inferno. Poucas foram as posições dissonantes na chamada grande imprensa. Neste sentido, vale destacar a opinião de Bernardo Mello Franco, uma das raras vozes críticas da Folha golpista. Confira abaixo seu artigo:
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As previsões e os fatos
Bernardo Mello Franco - 27/12/2016
"Rombo nas contas do governo é o maior
em 20 anos". "Utilização de capacidade da indústria cai à mínima
histórica". "Pela
primeira vez em 12 anos, shoppings fecham mais lojas do que abrem.
"Varejo tem queda no Natal". "Mercado reduz projeção do
PIB". "Desemprego deve subir ainda mais em 2017".
Todas as manchetes acima foram recolhidas no noticiário on-line desta segunda (26). Elas ilustram o desânimo da economia brasileira na reta final do ano, em que os fatos insistem em contrariar as previsões oficiais.
No início de 2016, era comum ouvir que o impeachment resultaria na retomada imediata do crescimento. Em março, o empresário Flávio Rocha, da Riachuelo, dizia que a volta dos investimentos seria "instantânea". Em setembro, o ministro Eliseu Padilha se gabava: "A esperança está se convertendo em confiança".
Os dois parecem ter confundido desejo com realidade. Os investimentos sofreram um tombo de 3,1% no terceiro trimestre, segundo o IBGE, e a confiança da indústria acaba de registrar o menor índice em seis meses, de acordo com a FGV.
As previsões róseas se baseavam na crença de que bastava trocar de presidente para tirar a economia do atoleiro. Com lama pelas canelas, os mais otimistas deveriam dar uma olhada no exemplo da Argentina.
Quando Michel Temer nomeou sua equipe econômica, os entusiastas da "fada da confiança" festejaram semelhanças com o time ultraliberal de Mauricio Macri. Nesta segunda, o presidente argentino demitiu o ministro da Fazenda. Se é possível fazer alguma previsão para o início de 2017, é de que a pressão sobre Henrique Meirelles vai aumentar.
Não dá para entender essa logica insana de que menos emprego sairemos da crise. Em 2008 Lula foi a tv, na maior crise externa, e mandou o povo comprar. Me lembro que ele explicou se o povo compra, as fábricas produzem, aumenta o emprego e quem trabalha compra. É o círculo virtuoso. Mas, o que, na realidade, os poderosos querem? O que está atrás de tudo isso? De verdade, o que os poderosos ganham com a miséria instalada? Não engulo que todo este trabalho seja apenas para ficarem mais ricos. Acho que vocês não estão entendendo, de fato, o que realmente está acontecendo.
ResponderExcluirEste Golpe "made in U$A" de 2016 (via TOGA), é o mesmo de 1964 (via FARDA), mas, revisto, melhorado e muito ampliado, para favorecer os U$A, claro !!!
ResponderExcluirA Solução seria:
1) Investir na Produção Interna
2) Reduzir drasticamente os Juros
3) Auditar a fajuta Dívida Pública
4) Anular este Golpe e todos os seus Atos
5) Prender os Golpistas (todos)
6) Devolver o Mandato para a Dilma
SIMPLES ASSIM !!!
Respondendo à Maria Libia:
ResponderExcluirEstão fazendo com o Brasil, algo semelhante ao que fizeram com a Grécia.
Veja o que ocorreu com a Grécia, onde foi feita uma Auditoria da Dívida Pública, no Portal da Auditoria Cidadã da Dívida Pública Brasileira:
www.auditoriacidada.org.br
Como disse a Maria Líbia, em comentário, não dá pra entender essa lógica de promover desemprego e recessão.
ResponderExcluirMenos emprego significa menos consumo. E menos consumo significa aumento do desemprego. É um círculo vicioso.