Por Flávio Aguiar, no site Sul-21:
O juiz Sergio Moro veio a Heidelberg, para dar palestra no Instituto de Sociologia Max Weber, sobre a Operação Lava Jato, a convite do professor Markus Pholman, atrás de uma consagração.
A Universidade de Heidelberg é uma das mais antigas e respeitadas da Alemanha e da Europa. Fundada no século 14, por ali passaram, além de Max Weber, Hegel e Toynbee. E há outros nomes, como Jaspers, Feuerbach, Gadamer etc.
Porém a consagração não veio. Moro encontrou, em sua palestra, proferida na sexta-feira, 9 de dezembro de 2016, às 18 horas, uma parede de cartazes com “Fora”, “Parcial”, “PSDB”, além de outros cartazes que protestavam contra o governo Temer, a PEC 55, as ilegalidades da Lava Jato. Nos protestos, havia, além de brasileiros, sindicalistas alemães em apoio aos trabalhadores que têm seus direitos ameaçados pelo governo Temer.
Também havia manifestantes a favor de Moro e da Lava Jato. “Moro é nosso herói”… Os dois grupos se engalfinharam, felizmente só com palavras.
Moro tentou se defender. Alegou que a Lava Jato não é parcial. Que fez vazamentos em nome da transparência. E que se atém aos autos, isto é, àquilo e àqueles que nela são citados. Com base neste argumento, tentou justificar sua foto (qualificada por ele mesmo de “infeliz”) em tititi com Aécio Neves. O senador, alegou, não está citado na Lava Jato, embora seja uma das personagens mais citadas em denúncias de corrupção hoje no Brasil, Curioso: “infeliz”, era a foto, não a atitude do juiz, flagrado em convescote espiritual com o presidente do PSDB.
Diz o ditado: “a mulher de César, além de ser honesta, tem que parecer honesta”… Simbolicamente, como “mulher de César”, Moro está se saindo muito mal.
Do Brasil, veio uma carta de protesto contra o convite a Moro feito pela Heidelberg, assinada por professores universitários e juristas. Aqui na Alemanha também houve protestos encaminhados ao organizador do evento, o professor Markus Pohlmann, ao reitor da universidade e ao pró-reitor de assuntos internacionais.
Houve repercussão da imprensa alemã. Moro foi qualificado como um juiz “controverso” – a palavra usada foi “umstritten”, que também pode significar “duvidoso”, “contestado”.
O que está longe de ser a consagração pretendida.
* Flávio Aguiar é professor, escritor, correspondente internacional, tradutor, organizador e colaborador de dezenas de livros. Atualmente vive em Berlim, na Alemanha.
O juiz Sergio Moro veio a Heidelberg, para dar palestra no Instituto de Sociologia Max Weber, sobre a Operação Lava Jato, a convite do professor Markus Pholman, atrás de uma consagração.
A Universidade de Heidelberg é uma das mais antigas e respeitadas da Alemanha e da Europa. Fundada no século 14, por ali passaram, além de Max Weber, Hegel e Toynbee. E há outros nomes, como Jaspers, Feuerbach, Gadamer etc.
Porém a consagração não veio. Moro encontrou, em sua palestra, proferida na sexta-feira, 9 de dezembro de 2016, às 18 horas, uma parede de cartazes com “Fora”, “Parcial”, “PSDB”, além de outros cartazes que protestavam contra o governo Temer, a PEC 55, as ilegalidades da Lava Jato. Nos protestos, havia, além de brasileiros, sindicalistas alemães em apoio aos trabalhadores que têm seus direitos ameaçados pelo governo Temer.
Também havia manifestantes a favor de Moro e da Lava Jato. “Moro é nosso herói”… Os dois grupos se engalfinharam, felizmente só com palavras.
Moro tentou se defender. Alegou que a Lava Jato não é parcial. Que fez vazamentos em nome da transparência. E que se atém aos autos, isto é, àquilo e àqueles que nela são citados. Com base neste argumento, tentou justificar sua foto (qualificada por ele mesmo de “infeliz”) em tititi com Aécio Neves. O senador, alegou, não está citado na Lava Jato, embora seja uma das personagens mais citadas em denúncias de corrupção hoje no Brasil, Curioso: “infeliz”, era a foto, não a atitude do juiz, flagrado em convescote espiritual com o presidente do PSDB.
Diz o ditado: “a mulher de César, além de ser honesta, tem que parecer honesta”… Simbolicamente, como “mulher de César”, Moro está se saindo muito mal.
Do Brasil, veio uma carta de protesto contra o convite a Moro feito pela Heidelberg, assinada por professores universitários e juristas. Aqui na Alemanha também houve protestos encaminhados ao organizador do evento, o professor Markus Pohlmann, ao reitor da universidade e ao pró-reitor de assuntos internacionais.
Houve repercussão da imprensa alemã. Moro foi qualificado como um juiz “controverso” – a palavra usada foi “umstritten”, que também pode significar “duvidoso”, “contestado”.
O que está longe de ser a consagração pretendida.
* Flávio Aguiar é professor, escritor, correspondente internacional, tradutor, organizador e colaborador de dezenas de livros. Atualmente vive em Berlim, na Alemanha.
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