Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:
Há uma percepção geral de que o fascismo precisou tanto do caldo de cultura do profundo colapso econômico entre guerras quanto da ameaça da luta revolucionária deflagrada pela Rússia em 1917 para florescer. Porem, há um outro fator fundamental que, por vezes, passa desapercebido: o esvaziamento da política.
Com a repressão aos comunistas e a frustração de governos social democratas, a alternância no poder perdeu potencial transformador na década de 1930, em países como a França, Alemanha e Itália. Os limites das disputas políticas, sempre determinados pelos grandes interesses imperialistas, acarretaram uma enorme frustração, possibilitando a penetração de discursos demagógicos e a manipulação na qual se construiu o fascismo.
A primeira ofensiva neoliberal, na década de 1990, já estabeleceu regras, extremamente blindadas, que somente permitiam a alternância "democrática" entre líderes e partidos que a aceitassem. As margens de decisão política tornaram-se cada vez mais estreitas e puderam ser exercidas somente quando não afetassem as bases determinantes da política e economia. Os centros decisórios mais importantes foram colocados à margem de qualquer controle social. Nenhum contrato firmado nos marcos do neoliberalismo poderia ser alterado.
Já na primeira ofensiva neoliberal, a onda de privatizações e supressão de direitos exigiram da grande burguesia uma operação ideológica para estimular o ressentimento das parcelas mais empobrecidas contra os "privilégios" fictícios dos trabalhadores formais e servidores públicos. A eleição de Collor foi o ápice desta propaganda que cultivava o ódio aos chamados "marajás", direcionando o ataque a alguns funcionários públicos em benefício dos verdadeiros "donos do poder", quase sempre invisíveis ao povo. O mesmo mecanismo reaparece na lógica de propaganda desta "segunda ofensiva neoliberal", tanto na Reforma da Previdência quanto nos projetos de desmonte do Direito do Trabalho. É uma manobra ideológica frágil e efêmera. Rapidamente acarreta novas frustrações, reforçando ainda mais a descrença com a política.
Golpe em toda velocidade
O golpe de 2016 acelera o desmonte do marco jurídico da mais recente transição brasileira que foi a Assembleia Nacional Constituinte de 1988, convocada no fim do regime militar, quando movimentos populares e correntes progressistas viviam uma fase de reorganização e expansão, num momento em que havia um nítido ascenso da capacidade de luta popular. Simultaneamente, o golpe desmonta na maior velocidade os indutores econômicos que possibilitaram a experiência neodesenvolvimentista dos governos petistas, especialmente a Petrobras, BNDES e as grandes empresas de construção civil.
Ao mesmo tempo, tentam por todos os caminhos inabilitar a candidatura de Lula, tentando impedi-lo de disputar as eleições previstas para 2018, mantendo o cerco midiático que busca desmoralizá-lo.
Recordemos que as políticas sociais que possibilitavam a inclusão social apenas pelo consumo, a ausência de interesse na organização popular e a relação despolitizada com os setores organizados também reforçaram o deslocamento do imaginário social em relação à esquerda em geral, abrindo condições para o desalento e a frustração.
Este é o terreno em que propostas de extrema direita conseguem disputar parcelas mais amplas da sociedade. Um contexto que possibilita que propostas de caráter fascista consigam atingir até mesmo setores de uma classe trabalhadora cada vez mais submetida a empregos precários, com baixos salários, maior informalidade, maior flexibilidade nas contratações.
É neste cenário que podem conformar um "fenômeno eleitoral Bolsonaro" empurrando as forças democráticas e populares para o apoio de uma "saída conciliatória", tão comum e útil na tradição política de nossa classe dominante.
Com a repressão aos comunistas e a frustração de governos social democratas, a alternância no poder perdeu potencial transformador na década de 1930, em países como a França, Alemanha e Itália. Os limites das disputas políticas, sempre determinados pelos grandes interesses imperialistas, acarretaram uma enorme frustração, possibilitando a penetração de discursos demagógicos e a manipulação na qual se construiu o fascismo.
A primeira ofensiva neoliberal, na década de 1990, já estabeleceu regras, extremamente blindadas, que somente permitiam a alternância "democrática" entre líderes e partidos que a aceitassem. As margens de decisão política tornaram-se cada vez mais estreitas e puderam ser exercidas somente quando não afetassem as bases determinantes da política e economia. Os centros decisórios mais importantes foram colocados à margem de qualquer controle social. Nenhum contrato firmado nos marcos do neoliberalismo poderia ser alterado.
Já na primeira ofensiva neoliberal, a onda de privatizações e supressão de direitos exigiram da grande burguesia uma operação ideológica para estimular o ressentimento das parcelas mais empobrecidas contra os "privilégios" fictícios dos trabalhadores formais e servidores públicos. A eleição de Collor foi o ápice desta propaganda que cultivava o ódio aos chamados "marajás", direcionando o ataque a alguns funcionários públicos em benefício dos verdadeiros "donos do poder", quase sempre invisíveis ao povo. O mesmo mecanismo reaparece na lógica de propaganda desta "segunda ofensiva neoliberal", tanto na Reforma da Previdência quanto nos projetos de desmonte do Direito do Trabalho. É uma manobra ideológica frágil e efêmera. Rapidamente acarreta novas frustrações, reforçando ainda mais a descrença com a política.
Golpe em toda velocidade
O golpe de 2016 acelera o desmonte do marco jurídico da mais recente transição brasileira que foi a Assembleia Nacional Constituinte de 1988, convocada no fim do regime militar, quando movimentos populares e correntes progressistas viviam uma fase de reorganização e expansão, num momento em que havia um nítido ascenso da capacidade de luta popular. Simultaneamente, o golpe desmonta na maior velocidade os indutores econômicos que possibilitaram a experiência neodesenvolvimentista dos governos petistas, especialmente a Petrobras, BNDES e as grandes empresas de construção civil.
Ao mesmo tempo, tentam por todos os caminhos inabilitar a candidatura de Lula, tentando impedi-lo de disputar as eleições previstas para 2018, mantendo o cerco midiático que busca desmoralizá-lo.
Recordemos que as políticas sociais que possibilitavam a inclusão social apenas pelo consumo, a ausência de interesse na organização popular e a relação despolitizada com os setores organizados também reforçaram o deslocamento do imaginário social em relação à esquerda em geral, abrindo condições para o desalento e a frustração.
Este é o terreno em que propostas de extrema direita conseguem disputar parcelas mais amplas da sociedade. Um contexto que possibilita que propostas de caráter fascista consigam atingir até mesmo setores de uma classe trabalhadora cada vez mais submetida a empregos precários, com baixos salários, maior informalidade, maior flexibilidade nas contratações.
É neste cenário que podem conformar um "fenômeno eleitoral Bolsonaro" empurrando as forças democráticas e populares para o apoio de uma "saída conciliatória", tão comum e útil na tradição política de nossa classe dominante.
1 comentários:
Pelo jeito esse ai não sabe nem o que é fascismo.
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