sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Meu encontro com o provocador do MBL

Por Mauro Donato, no blog Diário do Centro do Mundo:

Percorridos poucos mas fatigantes quilômetros desde a saída na avenida Paulista, o primeiro ato do Movimento Passe Livre contra os reajustes nas tarifas da integração e dos bilhetes mensal e semanal deparou com provocadores na avenida Brasil (que ironia).

Na realidade, Arthur Moledo Do Val, conhecido como ‘Mamãe Falei’, nome de seu canal no YouTube, estava desde a concentração na Praça do Ciclista provocando manifestantes e ativistas com suas entrevistas repletas de perguntas ‘inteligentes’.

Em sua apresentação já dá uma palinha do quanto é sagaz: ‘Será que não está na hora de termos mais propriedade no jeito que escutamos, pensamos e falamos?’. Ahan.

Esse arremedo de youtuber é um provocador profissional. Diz-se ‘associado do Movimento Brasil Livre’ e sempre que possível age como penetra em protestos e manifestações em defesa por direitos. Como ‘liberal’, vai lá com o propósito único de acirrar os ânimos.

A marcha já estava próxima de seu destino. A intenção do Passe Livre era chegar à casa do prefeito João Doria, onde faria a solenidade de entrega do “Prêmio Catraca – categoria Aumento Inovador”, pela criatividade em camuflar o aumento nas integrações alegando manter congelada a tarifa.

Com suas perguntas cretinas dirigidas a manifestantes escolhidos de maneira maldosa, o tal ‘Mamãe Falei’ terminou por tirar as pessoas do sério. Um grupo o cercou e ele, juntamente com um companheiro, correram para trás do cordão policial mais próximo. Havia muitos cordões humanos de bloqueio, um em cada esquina durante todo o trajeto, um contingente enorme.

Protegido por por policiais fortemente armados, Mamãe Falei passou a provocar a massa de manifestantes da maneira mais sórdida que o bom fascista sabe fazer: oferecendo um sanduíche de mortadela.

Aqui abro um parêntesis. Como soldados da PM sabiam quem era ele? Por que protegeram de maneira tão dedicada? Se algum manifestante saído daquele bloco corresse em direção à polícia seria recebido com repulsa e até, como soe ocorrer, com violência. Arthur e seu amigo ficaram ali entrincheirados por quanto tempo? Certeza absoluta de que não tiveram nada a ver com a quebradeira de bancos depois do ato já terminado? Fecha parêntesis.

Cercados por uma pequena multidão já saturada de suas provocações e hiprocrisias, Mamãe Falei soltou um “é assim que esquerda dialoga”.

Buscando um espaço entre policiais que resguardavam a dupla e pediam para manter distância e que não se ‘atrapalhasse’ o serviço, questionei Arthur:

“E você, é assim que você dialoga, na base da provocação? Por que ofereceu o sanduíche?”

Arthur respondia de forma inaudível e passou a filmar meu rosto. Seu companheiro de fascismo foi quem tomou a palavra:

“Mídia esquerdista é mídia agora? Aquela mídia paga que compra pão com mortadela?”

A PM continuou a me afastar aumentando o perímetro de segurança de Mamãe Falei e seu papagaio de pirata. A manifestação seguiu até onde o comando policial instalou um aparato amedrontador (blindados, Choque, escopetas, motos) que dava o recado ‘daqui não passa mais’ e o ato foi finalizado.

João Doria, o mesmo que agora anuncia que quer tirar o programa Leve Leite e também o transporte de estudantes, não foi incomodado. Mamãe Falei nunca irá entender o que um aumento no preço da tarifa representa como penalidade na vida do trabalhador. E a PM deu mais uma mostra do lado de quem está. Não foi uma manifestação para deixar ninguém otimista. Feliz ano velho.

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