O usurpador Michel Temer bem que se esforça para recompensar os mercenários da mídia que protagonizaram o “golpe dos corruptos”. Distribui verbas publicitárias – só para as revistonas o aumento da grana foi de 900% nestes oito meses – e garante outras benesses na alcova. Mas apesar deste socorro, a situação dos veículos de comunicação, principalmente da mídia impressa, é cada dia mais grave. Quem sofre são os profissionais destas empresas que são tratados como escravos – inclusive alguns jornalistas, mais realistas do que o rei, que teimam em chamar o patrão de companheiro. Nesta semana, a famiglia Marinho promoveu a fusão das redações dos jornais O Globo e Extra. Resultado: mais de 30 profissionais demitidos!
Na carta endereçada às vítimas, Ascânio Seleme e Octavio Guedes, diretores de redação de O Globo e do Extra, ainda tentam justificar o facão. Serviçais da famiglia Marinho, eles argumentam que os cortes decorrem dos “enormes desafios que as empresas da mídia impressa têm enfrentado”. Eles também afirmam que o império global precisa garantir a sua eficiência com um “time adequado para produzir conteúdo que efetivamente aumente nossa carteira de assinantes digitais”. Os porta-vozes dos patrões nada falam sobre a fortuna dos três filhos de Roberto Marinho – que não têm nome próprio, segundo o afiado blogueiro Paulo Henrique Amorim –, que apareceram entre os oito maiores ricaços do Brasil no recente relatório da ONG Oxfam.
O site Comunique-se postou nesta sexta-feira (20) uma matéria que detalha as novas demissões do império global. Confira:
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O Globo e Extra unificam a redação e mais de 30 profissionais são demitidos
Mais de 30 funcionários deixaram a Infoglobo nesta quinta-feira, 19. A empresa responsável pelos jornais O Globo e Extra reduziu as equipes das editorias de bairros, cultura, economia, esportes e saúde, entre outras. Demais setores, como diagramação e secretaria, também foram afetados com as demissões realizadas ao longo da manhã.
Diretor de redação de O Globo, Ascânio Seleme informa à reportagem do Portal Comunique-se que a movimentação de hoje não tem nada a ver com “crise econômica” ou “necessidade de redução de custos”. Ele revela que as demissões de agora fazem parte do processo de unificar as redações de O Globo e Extra. A integração de trabalho entre as duas publicações começará a valer a partir de 1º de fevereiro.
Com a unificação das redações dos jornais, Seleme conta que a estratégia visa trazer novos profissionais para a casa. Ele confirma, porém, que mesmo com as contratações a serem feitas, a estrutura da empresa ficará com menos 32 pessoas daqui para frente (considerando o número de funcionários antes dos cortes promovidos hoje).
“Percebemos, em meio ao trabalho de unificação das redações, que tínhamos alguns quadros ‘dobrados’ e áreas comuns nos dois jornais e fizemos ajustes”, diz o diretor de O Globo, que destaca: com a integração, as equipes de jornalismo dos dois diários deixarão a Rua Irineu Marinho e vão se mudar para um “prédio novo”, que fica na Rua Marquês de Pombal (no mesmo espaço mantido pela Infoglobo no bairro carioca de Cidade Nova).
A mudança não será apenas física. Com a redação integrada, o conteúdo produzido por Extra e O Globo terá cada vez mais um olhar para além do meio impresso. É o que promete o próprio Seleme. “Estamos preparando um novo jornal com foco total no digital, principalmente para dispositivos móveis”, afirma o executivo.
Profissionais demitidos
Na parte responsável pelo noticiário voltado aos bairros da capital fluminense, uma dispensa foi levantada pela reportagem do Portal Comunique-se. Trata-se do editor-assistente Natanael Damasceno, que cuidava do suplemento semanal ‘Zona Sul’. Profissional que construiu carreira na casa, ele estava na publicação desde 2000, quando ingressou como estagiário.
Da equipe de cultura, que cuida do ‘Segundo Caderno’, dois jornalistas foram dispensados: o editor-assistente Eduardo Fradkin e a repórter Natalia Castro. Assim como Damasceno, Fradkin estava há mais de uma década na lista de funcionários de O Globo.
Em economia, mais uma dupla deixa a publicação. Com a decisão da direção da empresa de mídia em reduzir o quadro de colaboradores, a repórter Andrea Freitas (no jornal desde 2010) pediu o seu desligamento. Enquanto isso, Juliana Garçon (contratada desde 2013), também integrante da equipe de reportagens econômicas, foi dispensada.
O caderno de esportes do diário sofreu um corte. Quem deixa a editoria é o repórter Marcelo Alves, outro jornalista que pertencia ao time que estava há mais de 10 anos no jornal. Contratado por O Globo desde maio de 2006, ele passou pelas editorias de ‘País’ e ‘Rio’ – até chegar a crônica esportiva em 2010, seção em que cuida do blog ‘Planeta que Rola‘.
Na editoria de saúde, quem deixa o jornal é Jaqueline Falcão (contratada desde 2009), da sucursal em São Paulo. Editor da home page de oglobo.com, Leonardo Pimentel estava na empresa de comunicação desde 2010. Por meio de sua página no Facebook, ele informou que está disponível a novas propostas de emprego. “Povo, escapei de um monte de passaralhos, mas desta vez ele me alcançou, e estou nas estatísticas de desemprego. É ruim? Com certeza. Mas, como disse uma amiga que já me ligou hoje, grave é doença”, escreveu.
Demissões no Extra
Outra publicação mantida pela Infoglobo, o Extra também foi impactado pela onda de cortes desta quinta-feira, 19. De acordo com informações levantadas pela reportagem do Portal Comunique-se deixaram o jornal carioca três profissionais da redação: Clarissa Monteagudo, Fabiana Silva e Samantha Vicentini.
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A explosão da internet
Deixando de lado as bravatas dos prepostos da famiglia Marinho, as demissões confirmam a grave crise vivida pela mídia impressa. Entre outros fatores, ela decorre da perda de credibilidade destes veículos – cada dia mais partidarizados e de péssimo conteúdo – e da explosão da internet. Em novembro do ano passado, o IBGE divulgou um estudo que confirma o crescimento da rede no país. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 57,5% da população acessou a internet em 2015. Houve um aumento de 54,4% em relação a 2014. O país atingiu 102,1 milhões de pessoas que acessaram à internet em 2015. Foi a primeira vez que o Brasil superou a marca de 100 milhões de internautas.
Ainda há fortes gargalos nesta expansão. A população do Nordeste é a que menos tem acesso à rede: 45,1% – diferença é de vinte pontos percentuais em relação à população do Sudeste, de 65,1%. Os serviços prestados pelas teles ainda são caros e de péssima qualidade. Há também mudanças sensíveis no setor, com a queda do acesso à internet através do microcomputador nos domicílios – redução de 3,4% – e o aumento do seu uso através dos celulares. Em 2015, eram 31,4 milhões de lares com o equipamento. Desse total, 27,5 milhões (ou 40,5%) tinham acesso à internet. Já o uso do celular cresceu no período. O país encerrou 2015 com 139,1 milhões de brasileiros maiores de dez anos que dispõe do equipamento móvel, uma alta de 1,8% em relação ao ano anterior.
Mamando nas tetas do Estado
A expansão da internet, com todas as suas limitações, atingiu em cheio à mídia tradicional, principalmente os jornalões e revistonas. Em matéria postada no UOL em final de dezembro, o jornalista Fernando Rodrigues informou que “os principais jornais brasileiros registraram queda de assinantes. Nos últimos 23 meses, o saldo das assinaturas das versões impressa e digital foi de 229,1 mil exemplares a menos quando se consideram 11 diários: ‘A Tarde’ (BA), ‘Correio Braziliense’ (DF), ‘Estadão’ (SP), ‘Estado de Minas’ (MG), ‘Folha’ (SP), ‘Gazeta do Povo’ (PR), ‘Globo’ (RJ), ‘O Povo’ (CE), ‘Super Notícia’ (MG), ‘Valor Econômico’ (SP) e ‘Zero Hora’ (RS)”. A crise é tão violenta que afetou a própria entidade patronal do setor. “A Associação Nacional dos Jornais enfrenta inadimplência de muitos de seus membros. Em tempo de vacas magras, ela reduziu a equipe e mudou de sede. A ANJ agora ocupa uma sala da sua prima rica, a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão)”, relata Fernando Rodrigues.
Já o Instituto Reuters divulgou, também em dezembro, um estudo realizado em 26 países que confirma as mudanças no padrão de acompanhamento das notícias. No caso do Brasil, ele mostra que os telejornais ainda têm a audiência de 74% dos entrevistados. Mas o consumo de notícias nas mídias sociais tem aumentado. Disseram usar a internet para se informar 91%. A maioria (72%) lê notícias pelo Facebook. Isso coloca o país em 3º lugar no ranking da pesquisa. O consumo de notícia na web é alto, mas o número de pagantes ainda é baixo. Cerca de 1 em cada 5 brasileiros pagou para ter acesso às notícias em 2015. Em média, o valor pago foi de R$ 46”.
Diante destes dados assombrosos, está explicado porque os barões de mídia protagonizaram o “golpe dos corruptos” e têm feito de tudo para blindar o Judas Michel Temer. Afinal, eles hoje dependem mais do que nunca do covil golpista para salvar o seu falido modelo de negócios. Apesar do discurso em defesa do “estado mínimo” e da austeridade fiscal, a mídia monopolista só sobrevive mamando nas tetas dos cofres públicos. Numa pequena notinha, o mesmo Fernando Rodrigues informou recentemente que “nas contas de quem acompanha os gastos de propaganda estatal, as verbas destinadas às revistas impressas já aumentaram algo como 900% sob Michel Temer. Nas últimas décadas, essa plataforma vinha recebendo pouca ou nenhuma atenção da publicidade oficial federal. A revista predileta de Michel Temer é a ‘IstoÉ’”. Está explicado porque a revista também é chamada de “QuantoÉ”.
Talvez o repórter também queira lamentar as condições insalubres dos soldados do tráfico.
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