Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:
Michel Temer chamou de ''acidente pavoroso'' o Massacre de Manaus.
Nesse acidente, 56 pessoas acabaram assassinadas.
Acidentalmente, cabeças foram decapitadas e membros separados dos corpos no presídio Anísio Jobim, em Manaus.
Por acidente, o lugar estava superlotado.
Um acidente fez com que facções criminosas comandassem o local.
Outro acidente garantiu que a política de segurança pública do Estado brasileiro fosse falida e incompetente para garantir a reinserção social dos encarcerados.
Mais um acidente levou à adoção de uma política de combate às drogas totalmente ineficaz, que apenas aumentou o poder de organizações criminosas, armando-as até o dentes.
E, é claro, um acidente fez com que leis brasileiras tenham sido criadas para proteger os mais ricos em detrimento dos mais pobres e para que um racismo institucionalizado siga enviando para a cadeia relativamente mais negros do que sua participação na população brasileira.
E, apesar de Temer ter tentado tirar o corpo fora da história, acidentalmente ele é o presidente e, portanto, responsável por esse problema estrutural do país – que não se resolve apenas com a construção de presídios e aumento no efetivo de segurança.
As palavras têm significados, apesar de tentarmos torturá-las sistematicamente no desejo de que atendam nossas necessidades. Procurei em dicionários mas não achei o significado de ''acidente'' que Michel Temer quis imputar a um massacre que possui responsáveis diretos e indiretos – dos próprios presos até a cúpula da República.
Pois o que aconteceu não foi casual, inesperado e fortuito, mas proposital, esperado e previsto.
Precisamos parar de culpar o acaso por crimes intencionais. Não se estupra por acidente, não se atropela e mata embriagado ao volante por acidente, não se espanca alguém na rua por acidente, não se põe fogo em uma pessoa em situação de rua que estava dormindo por acidente.
Manaus não foi acidente.
Mas o Brasil, há muito tempo, parece estar sendo conduzido por acidente.
Nesse acidente, 56 pessoas acabaram assassinadas.
Acidentalmente, cabeças foram decapitadas e membros separados dos corpos no presídio Anísio Jobim, em Manaus.
Por acidente, o lugar estava superlotado.
Um acidente fez com que facções criminosas comandassem o local.
Outro acidente garantiu que a política de segurança pública do Estado brasileiro fosse falida e incompetente para garantir a reinserção social dos encarcerados.
Mais um acidente levou à adoção de uma política de combate às drogas totalmente ineficaz, que apenas aumentou o poder de organizações criminosas, armando-as até o dentes.
E, é claro, um acidente fez com que leis brasileiras tenham sido criadas para proteger os mais ricos em detrimento dos mais pobres e para que um racismo institucionalizado siga enviando para a cadeia relativamente mais negros do que sua participação na população brasileira.
E, apesar de Temer ter tentado tirar o corpo fora da história, acidentalmente ele é o presidente e, portanto, responsável por esse problema estrutural do país – que não se resolve apenas com a construção de presídios e aumento no efetivo de segurança.
As palavras têm significados, apesar de tentarmos torturá-las sistematicamente no desejo de que atendam nossas necessidades. Procurei em dicionários mas não achei o significado de ''acidente'' que Michel Temer quis imputar a um massacre que possui responsáveis diretos e indiretos – dos próprios presos até a cúpula da República.
Pois o que aconteceu não foi casual, inesperado e fortuito, mas proposital, esperado e previsto.
Precisamos parar de culpar o acaso por crimes intencionais. Não se estupra por acidente, não se atropela e mata embriagado ao volante por acidente, não se espanca alguém na rua por acidente, não se põe fogo em uma pessoa em situação de rua que estava dormindo por acidente.
Manaus não foi acidente.
Mas o Brasil, há muito tempo, parece estar sendo conduzido por acidente.
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