Por Gaio Doria, no blog Resistência:
Para uma parte considerável dos observadores das últimas eleições estadunidenses, a vitória de Donald Trump apareceu como uma grande surpresa. Como foi possível um racista, misógino e “fascista” se eleger presidente no “país mais importante do mundo”? Ainda mais surpreendente, um candidato supostamente anti-establishment que enfrentou forte oposição até mesmo dentro da própria legenda por onde concorreu.
Na melhor das hipóteses, as grandes empresas de pesquisa de opinião erraram feio ao não prever a vitória de Donald Trump. Na pior, desperdiçaram milhões de dólares em propaganda subliminar em favor da democrata Hillary Clinton. Até Wall Street entrou na ciranda prevendo oscilações negativas no mercado.
Durante a apuração, de fato, os mercados sofreram as profetizadas turbulências, porém bastou um dia após o resultado para que os mercados subissem e o câmbio em favor do dólar disparasse. Acasos? Talvez, mas somente os inocentes acreditariam cegamente nas mesmas instituições que nas margens da crise de 2008, cientes do porvir, aconselharam seus clientes de alto escalão a retirarem-se dos investimentos de risco enquanto empurravam os pequenos e médios investidores a se enroscar ainda mais nos fundos prestes a colapsar.
Se a vitória de Trump pareceu inesperada para a maioria, para uma pequena parte dos observadores era uma conclusão óbvia do aprofundamento dos paradoxos existentes na sociedade estadunidense. Michael Moore, documentarista consagrado, já havia apontado, em duas ocasiões diferentes, que este seria o candidato pelo Partido Republicano e se elegeria presidente. Isto porque a vitória de Trump também expressa claramente as contradições no seio da burguesia estadunidense.
Desta forma cabe aos comunistas realizarem uma análise correta da ascensão do “fenômeno Trump” para que não mantenham ilusões que limitem a prática.
Certamente o processo eleitoral foi marcado por diversos sinais contraditórios e disputas acirradas, mas a escolha democrata por Hillary Clinton provavelmente foi a principal causa da derrota do Partido Democrata. Apesar de gozar das boas graças da grande mídia liberal e das grandes corporações, Hillary é profundamente impopular, pois representa a velha política neoliberal estadunidense na sua pior forma. Algo que os próprios estadunidenses parecem estar cansados de apoiar.
Além disso, se levarmos em conta o voto popular, Trump perdeu a eleição por uma margem de 2% (aproximadamente 2 milhões de votos). Se não fosse o sistema eleitoral distrital estadunidense, Donald Trump jamais ganharia a eleição. Contudo, a disparidade mais gritante, não reportada pelas grandes manchetes, foi a derrota democrata nos próprios currais eleitorais do partido. Ou seja, não foi simplesmente um movimento de massa “fascistizado” que deu a vitória para Trump, mas os próprios democratas que não se mobilizaram para votar em sua própria candidata.
O resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos expuseram para o mundo o aprofundamento das contradições no seio da burguesia estadunidense. Não podemos nos deixar enganar pela construção simbólica de Donald Trump como um candidato “anti-establishment”, pois esta foi cuidadosamente talhada, com ajuda de uma parte da mídia, para abarcar o eleitorado médio estadunidense. O homem de negócios que entra na política com um discurso moralista para desalojar a corja de políticos corruptos incompetentes de carreira. Fórmula velha, com roupagem nova.
A sua vitória só foi possível devido ao aprofundamento da desigualdade social experimentado pelos EUA nas últimas décadas. Desde a década de 1990, com as crescentes contradições entre o capital estadunidense e o capital chinês, a classe operária e a pequena burguesia dos Estados Unidos vêm sofrendo com os impactos negativos da globalização neoliberal. Além disso, a crise sistêmica de 2008 alavancou os problemas econômicos enfrentados pelos Estados Unidos e piorou ainda mais o quadro. As respostas dadas pela administração Obama tampouco foram capazes de lidar com os efeitos da crise.
É notória a baixa consciência de classe do proletariado estadunidense, fato expresso na ausência de um partido proletário forte na política do país. Desiludidos com o sistema e com suas condições materiais, ao invés de questionarem a raiz de seus problemas – o sistema capitalista – voltaram-se para a busca de um salvador. Nestas últimas eleições, tal papel recaiu tanto na figura de Donald Trump, como na de Bernie Sanders. Candidatos “anti-establishment” que concorreram via establishment na tentativa de mudar o status quo. Algo que já apresenta seus problemas nas suas próprias premissas.
Bernie Sanders é um senador independente que se filiou ao Partido Democrata para concorrer à presidência. Um pseudo-socialista que renovou a esquerda liberal com um discurso popular na luta pelo multiculturalismo e pelo economicismo. Apesar de opositor natural de Trump, seu discurso não convenceu os super delegados do Partido Democrata que preferiram – através do uso extensivo da máquina do partido – apostar em Hillary Clinton como candidata.
Donald Trump, por sua vez, é um clássico demagogo que através de sua retórica exaltada nacionalista-populista apela para os preconceitos e esperanças do povo para ganhar seu apoio. Mas Trump não representa os interesses do povo, pois é um elemento clássico da burguesia estadunidense. É um burguês milionário, filho de um burguês milionário, cujo programa é fazer os Estados Unidos “grande de novo” para os ricos, não para os pobres. Evidente que para concluir esse objetivo utilizará de todos os artifícios e artimanhas para jogar a vontade popular a favor de seus projetos.
Desta forma, seja Democrata ou Republicano, qualquer candidato que ganhe as eleições na “América” será um representante do sistema capitalista encabeçado pelos Estados Unidos. Tanto Trump quanto Hillary são ambos parte do mesmo establishment constituído por grandes monopólios e corporações. Existem diferenças entre os dois, mas o objetivo final é sempre o mesmo: perpetuar o sistema capitalista imperialista sob a égide estadunidense, este responsável pela produção de miséria e morte tanto fora quanto dentro do próprio EUA.
Portanto, podemos assumir que não houve uma mudança na linha política da burguesia estadunidense, apenas uma mudança tática. A vitória de Trump representa uma afastamento da burguesia estadunidense do neoliberalismo. Devemos entender o neoliberalismo como um instrumento ideológico utilizado pela burguesia estadunidense para garantir sua supremacia dentro do sistema capitalista.
Forjado na expansão do capitalismo ocidental, o neoliberalismo trouxe muito lucro para os países capitalistas avançados na era de ouro da globalização. Contudo, devido à crise sistêmica de 2008, já demonstra seu esgotamento, com a balança girando em favor de países emergentes como a China.
O capital não tem pátria, por isso, com a ameaça cada vez crescente da perda do domínio do sistema financeiro, a burguesia estadunidense quer implementar políticas protecionistas, nacionalistas e isolacionistas, tudo isto com o objetivo expresso de garantir ao capital estadunidense a manutenção do domínio do sistema financeiro, a proteção da sua industrial nacional e a dianteira frente a concorrência internacional.
Ficou evidente no pós-2008 que o neoliberalismo não pode mais restaurar a lucratividade do capitalismo, e justamente por isso, a burguesia estadunidense optou por retomar políticas clássicas do capitalismo do século XIX. Mas a história do século XX já nos demonstrou os destinos por onde essas políticas possivelmente irão nos conduzir.
O neoliberalismo, apesar de produzir consequências vorazes ao defender o livre movimento de capital, sempre fez concessões ideológicas ao multiculturalismo, muito em parte como uma forma de manter o movimento do proletariado desunido, no jogo da democracia burguesa. Processo este que se acentuou ainda mais depois da queda da União Soviética.
A vitória de Trump representa o colapso final da contradição entre o discurso floreado e a prática neoliberal, tradição que governou os EUA desde o governo Reagan. A ausência de um movimento dos trabalhadores organizado internacionalmente deixou a burguesia ocidental sem qualquer supervisão nestas últimas décadas. Ameaçada pela ascensão das classes médias e dos países em desenvolvimento, fruto da expansão da globalização capitalista, esta decidiu romper com algumas das concessões que havia previamente feito.
O proletariado e a pequena burguesia estadunidense ouviram com esperança as promessas de repatriar e expandir empregos perdidos para a globalização. No entanto, todo esse processo trará suas consequências negativas, pois para cumprir o objetivo de fazer “A América grande de novo” será necessário um ataque voraz aos já solapados direitos trabalhistas. Tudo com o objetivo de aumentar a produtividade e a extração de mais valor. Fenômeno este – guardados os devidos paralelos – visto em outros países capitalistas avançados, em especial na Europa Ocidental.
Do atual ponto de vista da burguesia ocidental, o capital só tem pátria quando é estrangeiro. E está claro que, nas últimas décadas, o eixo do sistema capitalista está se deslocando para fora do ocidente. É por isso que no fórum de Davos assistimos intrigados o presidente da China defendendo a globalização enquanto os países capitalistas avançados começam a adotar políticas protecionistas. De qualquer forma, estamos vivendo um período de transição onde as contradições do sistema capitalista estão expostas. Está claro que o mundo como conhecemos está prestes a mudar.
Por fim, não devemos alimentar a ilusão de que Donald Trump é anti-neoliberal e anti-intervencionista no sentido em que estamos acostumados a lidar com estes conceitos. Nunca podemos esquecer que se trata de uma mudança tática. É importante perceber que a linha política de garantir a supremacia do capitalismo estadunidense permanece como prioridade máxima. Na perspectiva dos povos oprimidos deste mundo, a vitória de Donald Trump pode representar um recrudescimento ainda maior das agressões imperialistas.
Para uma parte considerável dos observadores das últimas eleições estadunidenses, a vitória de Donald Trump apareceu como uma grande surpresa. Como foi possível um racista, misógino e “fascista” se eleger presidente no “país mais importante do mundo”? Ainda mais surpreendente, um candidato supostamente anti-establishment que enfrentou forte oposição até mesmo dentro da própria legenda por onde concorreu.
Na melhor das hipóteses, as grandes empresas de pesquisa de opinião erraram feio ao não prever a vitória de Donald Trump. Na pior, desperdiçaram milhões de dólares em propaganda subliminar em favor da democrata Hillary Clinton. Até Wall Street entrou na ciranda prevendo oscilações negativas no mercado.
Durante a apuração, de fato, os mercados sofreram as profetizadas turbulências, porém bastou um dia após o resultado para que os mercados subissem e o câmbio em favor do dólar disparasse. Acasos? Talvez, mas somente os inocentes acreditariam cegamente nas mesmas instituições que nas margens da crise de 2008, cientes do porvir, aconselharam seus clientes de alto escalão a retirarem-se dos investimentos de risco enquanto empurravam os pequenos e médios investidores a se enroscar ainda mais nos fundos prestes a colapsar.
Se a vitória de Trump pareceu inesperada para a maioria, para uma pequena parte dos observadores era uma conclusão óbvia do aprofundamento dos paradoxos existentes na sociedade estadunidense. Michael Moore, documentarista consagrado, já havia apontado, em duas ocasiões diferentes, que este seria o candidato pelo Partido Republicano e se elegeria presidente. Isto porque a vitória de Trump também expressa claramente as contradições no seio da burguesia estadunidense.
Desta forma cabe aos comunistas realizarem uma análise correta da ascensão do “fenômeno Trump” para que não mantenham ilusões que limitem a prática.
Certamente o processo eleitoral foi marcado por diversos sinais contraditórios e disputas acirradas, mas a escolha democrata por Hillary Clinton provavelmente foi a principal causa da derrota do Partido Democrata. Apesar de gozar das boas graças da grande mídia liberal e das grandes corporações, Hillary é profundamente impopular, pois representa a velha política neoliberal estadunidense na sua pior forma. Algo que os próprios estadunidenses parecem estar cansados de apoiar.
Além disso, se levarmos em conta o voto popular, Trump perdeu a eleição por uma margem de 2% (aproximadamente 2 milhões de votos). Se não fosse o sistema eleitoral distrital estadunidense, Donald Trump jamais ganharia a eleição. Contudo, a disparidade mais gritante, não reportada pelas grandes manchetes, foi a derrota democrata nos próprios currais eleitorais do partido. Ou seja, não foi simplesmente um movimento de massa “fascistizado” que deu a vitória para Trump, mas os próprios democratas que não se mobilizaram para votar em sua própria candidata.
O resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos expuseram para o mundo o aprofundamento das contradições no seio da burguesia estadunidense. Não podemos nos deixar enganar pela construção simbólica de Donald Trump como um candidato “anti-establishment”, pois esta foi cuidadosamente talhada, com ajuda de uma parte da mídia, para abarcar o eleitorado médio estadunidense. O homem de negócios que entra na política com um discurso moralista para desalojar a corja de políticos corruptos incompetentes de carreira. Fórmula velha, com roupagem nova.
A sua vitória só foi possível devido ao aprofundamento da desigualdade social experimentado pelos EUA nas últimas décadas. Desde a década de 1990, com as crescentes contradições entre o capital estadunidense e o capital chinês, a classe operária e a pequena burguesia dos Estados Unidos vêm sofrendo com os impactos negativos da globalização neoliberal. Além disso, a crise sistêmica de 2008 alavancou os problemas econômicos enfrentados pelos Estados Unidos e piorou ainda mais o quadro. As respostas dadas pela administração Obama tampouco foram capazes de lidar com os efeitos da crise.
É notória a baixa consciência de classe do proletariado estadunidense, fato expresso na ausência de um partido proletário forte na política do país. Desiludidos com o sistema e com suas condições materiais, ao invés de questionarem a raiz de seus problemas – o sistema capitalista – voltaram-se para a busca de um salvador. Nestas últimas eleições, tal papel recaiu tanto na figura de Donald Trump, como na de Bernie Sanders. Candidatos “anti-establishment” que concorreram via establishment na tentativa de mudar o status quo. Algo que já apresenta seus problemas nas suas próprias premissas.
Bernie Sanders é um senador independente que se filiou ao Partido Democrata para concorrer à presidência. Um pseudo-socialista que renovou a esquerda liberal com um discurso popular na luta pelo multiculturalismo e pelo economicismo. Apesar de opositor natural de Trump, seu discurso não convenceu os super delegados do Partido Democrata que preferiram – através do uso extensivo da máquina do partido – apostar em Hillary Clinton como candidata.
Donald Trump, por sua vez, é um clássico demagogo que através de sua retórica exaltada nacionalista-populista apela para os preconceitos e esperanças do povo para ganhar seu apoio. Mas Trump não representa os interesses do povo, pois é um elemento clássico da burguesia estadunidense. É um burguês milionário, filho de um burguês milionário, cujo programa é fazer os Estados Unidos “grande de novo” para os ricos, não para os pobres. Evidente que para concluir esse objetivo utilizará de todos os artifícios e artimanhas para jogar a vontade popular a favor de seus projetos.
Desta forma, seja Democrata ou Republicano, qualquer candidato que ganhe as eleições na “América” será um representante do sistema capitalista encabeçado pelos Estados Unidos. Tanto Trump quanto Hillary são ambos parte do mesmo establishment constituído por grandes monopólios e corporações. Existem diferenças entre os dois, mas o objetivo final é sempre o mesmo: perpetuar o sistema capitalista imperialista sob a égide estadunidense, este responsável pela produção de miséria e morte tanto fora quanto dentro do próprio EUA.
Portanto, podemos assumir que não houve uma mudança na linha política da burguesia estadunidense, apenas uma mudança tática. A vitória de Trump representa uma afastamento da burguesia estadunidense do neoliberalismo. Devemos entender o neoliberalismo como um instrumento ideológico utilizado pela burguesia estadunidense para garantir sua supremacia dentro do sistema capitalista.
Forjado na expansão do capitalismo ocidental, o neoliberalismo trouxe muito lucro para os países capitalistas avançados na era de ouro da globalização. Contudo, devido à crise sistêmica de 2008, já demonstra seu esgotamento, com a balança girando em favor de países emergentes como a China.
O capital não tem pátria, por isso, com a ameaça cada vez crescente da perda do domínio do sistema financeiro, a burguesia estadunidense quer implementar políticas protecionistas, nacionalistas e isolacionistas, tudo isto com o objetivo expresso de garantir ao capital estadunidense a manutenção do domínio do sistema financeiro, a proteção da sua industrial nacional e a dianteira frente a concorrência internacional.
Ficou evidente no pós-2008 que o neoliberalismo não pode mais restaurar a lucratividade do capitalismo, e justamente por isso, a burguesia estadunidense optou por retomar políticas clássicas do capitalismo do século XIX. Mas a história do século XX já nos demonstrou os destinos por onde essas políticas possivelmente irão nos conduzir.
O neoliberalismo, apesar de produzir consequências vorazes ao defender o livre movimento de capital, sempre fez concessões ideológicas ao multiculturalismo, muito em parte como uma forma de manter o movimento do proletariado desunido, no jogo da democracia burguesa. Processo este que se acentuou ainda mais depois da queda da União Soviética.
A vitória de Trump representa o colapso final da contradição entre o discurso floreado e a prática neoliberal, tradição que governou os EUA desde o governo Reagan. A ausência de um movimento dos trabalhadores organizado internacionalmente deixou a burguesia ocidental sem qualquer supervisão nestas últimas décadas. Ameaçada pela ascensão das classes médias e dos países em desenvolvimento, fruto da expansão da globalização capitalista, esta decidiu romper com algumas das concessões que havia previamente feito.
O proletariado e a pequena burguesia estadunidense ouviram com esperança as promessas de repatriar e expandir empregos perdidos para a globalização. No entanto, todo esse processo trará suas consequências negativas, pois para cumprir o objetivo de fazer “A América grande de novo” será necessário um ataque voraz aos já solapados direitos trabalhistas. Tudo com o objetivo de aumentar a produtividade e a extração de mais valor. Fenômeno este – guardados os devidos paralelos – visto em outros países capitalistas avançados, em especial na Europa Ocidental.
Do atual ponto de vista da burguesia ocidental, o capital só tem pátria quando é estrangeiro. E está claro que, nas últimas décadas, o eixo do sistema capitalista está se deslocando para fora do ocidente. É por isso que no fórum de Davos assistimos intrigados o presidente da China defendendo a globalização enquanto os países capitalistas avançados começam a adotar políticas protecionistas. De qualquer forma, estamos vivendo um período de transição onde as contradições do sistema capitalista estão expostas. Está claro que o mundo como conhecemos está prestes a mudar.
Por fim, não devemos alimentar a ilusão de que Donald Trump é anti-neoliberal e anti-intervencionista no sentido em que estamos acostumados a lidar com estes conceitos. Nunca podemos esquecer que se trata de uma mudança tática. É importante perceber que a linha política de garantir a supremacia do capitalismo estadunidense permanece como prioridade máxima. Na perspectiva dos povos oprimidos deste mundo, a vitória de Donald Trump pode representar um recrudescimento ainda maior das agressões imperialistas.
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