Por Renato Rovai, em seu blog:
No dia 31 de dezembro do ano passado, numa data pouco provável para este tipo de matéria, surgiu o blogue Tabapuã Papers, com um texto assinado por Joel Assis e Larissa Monteiro. A reportagem, até o momento a única do blogue, tinha como ponto central as “relações sombrias” entre José Yunes e Michel Temer. Ou seja, o blogue parece ter sido criado para divulgar este material.
Há aproximadamente um mês o blogueiro foi apresentado ao blogue por uma colega jornalista. Vasculhou-o, fez relatórios, checou dados, mas não conseguiu avançar muito nos emaranhados de suas ramificações. De qualquer forma, não encontrou incoerências ou formulações inverídicas.
Com a declaração dada por Yunes sobre ter sido “mula” de Eliseu Padilha com o conhecimento de Temer, há necessidade de que outros jornalistas também possam ter acesso a esses documentos.
Histórico dos negócios suspeitos de Yunes com Temer
No dia 31 de dezembro do ano passado, numa data pouco provável para este tipo de matéria, surgiu o blogue Tabapuã Papers, com um texto assinado por Joel Assis e Larissa Monteiro. A reportagem, até o momento a única do blogue, tinha como ponto central as “relações sombrias” entre José Yunes e Michel Temer. Ou seja, o blogue parece ter sido criado para divulgar este material.
Há aproximadamente um mês o blogueiro foi apresentado ao blogue por uma colega jornalista. Vasculhou-o, fez relatórios, checou dados, mas não conseguiu avançar muito nos emaranhados de suas ramificações. De qualquer forma, não encontrou incoerências ou formulações inverídicas.
Com a declaração dada por Yunes sobre ter sido “mula” de Eliseu Padilha com o conhecimento de Temer, há necessidade de que outros jornalistas também possam ter acesso a esses documentos.
Histórico dos negócios suspeitos de Yunes com Temer
Boa parte do relatado abaixo foi extraído do blogue citado. Alguns trechos literalmente. O blogueiro, porém, achou necessário fazer uma edição para que a leitura pudesse ser mais fluente.
A criação da Stargate
Em agosto de 2001, Glorybel Sousa assinava papéis na sala 400 de um prédio em forma de ‘S’ no estado de Delaware, famoso paraíso fiscal norte-americano, no escritório da Coporation Service Company (CCS), criando uma empresa da qual seria “diretora”. Poucos dias depois, Glorybel nomeava José Yunes como procurador da companhia no Brasil, autorizando o advogado a agir como melhor entendesse na gestão da recém-fundada Stargate Esthetics LLC.
A sede da Stargate Esthetics, no papel, é o próprio escritório da CCS, agente registrado de “milhares de entidades corporativas”. O principal trabalho de um agente registrado é, simplesmente, oferecer um endereço legal aos clientes.
A CCS aparece nos Papéis do Panamá como sede de mais de vinte offshores – empresas em paraísos fiscais. Os papéis reúnem dados de quase meio milhão de companhias desse tipo.
O anonimato garantido por offshores facilita lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, fraude e outros crimes.
Dois meses depois de receber a procuração de Glorybel para agir em nome da Stargate Esthetics, José Yunes abriu, em Santana de Paranaíba, na região metropolitana de São Paulo, cidade famosa por permitir tributação mais baixa, uma firma cujas atividades iam da venda de produtos de estética à “participação em empreendimentos de qualquer natureza”.
Era a Stargate do Brasil Estética, Produtos e Serviços, que nasceu quando a companhia de Delaware se associou ao “empresário” Arlito Caires Santos. A sociedade funcionava da seguinte forma: a firma americana entrava com R$ 2,499 milhões e Arlito com mil reais.
Em troca de um salário mensal “pró-labore”, Arlito seria o “diretor”, mas precisaria da aprovação da Stargate Esthetics para pegar empréstimos, por exemplo. Como José Yunes era o procurador da companhia americana, as mais importantes operações da Stargate do Brasil tinham de passar pelo crivo do advogado.
Em março de 2004, o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, anunciava um pacote de estimulo à construção civil, com R$ 1,6 bilhão em crédito para a compra de casas próprias. Naquele mês, Arlito e Yunes alteravam o campo de atuação da Stargate do Brasil. A companhia também passaria a comprar, vender e alugar imóveis. Shirley Siqueira Gomes assinou como testemunha da mudança do objeto de atuação da empresa.
Após quase uma década, a Stargate do Brasil criava outras duas companhias de “consultoria empresarial”. Juntas, a Golden Star Serviços e Participações e a Lighted House Serviços e Participações tinham um capital de R$ 11,1 milhões. Desse total, dois mil reais saíram dos bolsos de Arlito e o restante da Stargate do Brasil, que José Yunes controla.
As duas empresas funcionam no mesmo endereço, uma casa de fachada amarela e grades pretas no Brooklin Paulista. O blogue Tabapuã Papers revela que tentou encontrar, sem sucesso, Arlito. Também teria enviado repórteres à sede das empresas no último dia 28 de dezembro. Lá, havia somente uma placa indicando que funcionava um escritório de contabilidade.
Yuni Incorporadora Ltda e os bancos do empréstimo da Schahin com a Petrobras
Há quinze minutos de caminhada dos prédios das duas empresas, no bairro Vila Olímpia, localiza-se a Yuny Incorporadora S.A. José Yunes e dois filhos, Marcos Mariz de Oliveira Yunes, o mais velho, e Marcelo, fundaram a companhia em 1996. Na época, a Yuny cuidava apenas de empreendimentos de “altíssimo padrão”, como informa a página da incorporadora na Internet. Uma grande mudança ocorreu no dia 31 de agosto de 2006, quando José Yunes a transformou em uma sociedade anônima fechada, com ações divididas apenas entre os sócios. O capital da Yuny em nome dos donos era de R$ 3,5 milhões. Mais uma vez, Shirley Siqueira Gomes era a testemunha nos contratos.
Nesses 20 anos a imobiliária dos Yunes cresceu e, atualmente, os sócios têm na empresa um capital superior a R$ 174 milhões. José Yunes deixou de assinar pela Yuny, mas os filhos Marcos e Marcelo permanecem nela.
No dia 3 de setembro de 2010, os irmãos Yunes autorizavam uma das empresas do grupo a pegar empréstimos de até R$ 5 milhões com o Banco Pine S.A. Dois meses depois, no dia 10 de novembro, enquanto Temer já celebrava a vitória nas eleições, Marcos e Marcelo voltavam ao prédio ondulado da Vila Olímpia para autorizar outro empréstimo, de R$ 4 milhões com o Banco Fibra S.A.
Até junho de 2013, os filhos de José Yunes autorizaram empréstimos de, pelo menos, outros R$ 10 milhões com o Pine e outros R$ 7 milhões com o Banco ABC Brasil S.A. No total, eram R$ 26 milhões com o Pine, o Fibra e o ABC Brasil juntos.
Não há nada de irregular nisso, mas há uma coincidência que une os três bancos: todos estiveram na mira de investigações sobre desvios em contratos do grupo Schahin com a Petrobras.
Uma reportagem de 2016 do jornal Estadão diz que a Receita Federal encontrou indícios de que essas e outras 10 instituições financeiras “criaram uma estrutura para emprestar e receber dinheiro em paraísos fiscais”. E que, na avaliação da Receita, esses empréstimos abriram “espaço para dar ‘aparência lícita’ a dinheiro que poderia ter sido obtido em operações ilegais no Brasil, como fraude a licitações e sonegação fiscal”.
O artigo ainda afirma que o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), responsável pela Lava-Jato, avaliava se abriria um inquérito contra os bancos.
Maraú Administração de Bens e Participações, sociedade com Marinho e Tutinha
Em 25 de abril de 2016, uma semana depois de a Câmara dos Deputados aprovar o impeachment da então presidente Dilma Rousseff e enviar o caso ao Senado, Marcos Yunes ficava sócio da Maraú Administração de Bens e Participações. A Maraú existia desde 2007 e, supostamente, servia apenas para cuidar de bangalôs de luxo na paradisíaca cidade de Maraú, na Bahia.
Um dos sócios de Marcos Yunes na Maraú é Alba Maria Juaçaba Esteves Pinheiro, que foi esposa de Noberto Nogueira Pinheiro, do conselho de administração do Banco Pine. Também faz parte da sociedade Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, dono da rádio Jovem Pan. E, vejam só que coisa, José Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo de Comunicação.
Entre os sócios de toda essa gente na Maraú está a empresa Shadowscape Corporation, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, território que, assim como Delaware, muitos chamam de paraíso fiscal.
A Shadowscape nasceu no dia 4 de janeiro de 2011, tendo como agente registrado o célebre Mossack Fonseca, escritório de advocacia panamenho pivô dos Papéis do Panamá e responsável por abrir offshores ao redor do mundo. Os papéis panamenhos, aliás, também citam a Shadowscape. O registro do banco de dados mostra que o escritório de administração da firma fica em Douglas, capital da Ilha de Man. Por coincidência, muitos também classificam a ilha entre a Inglaterra e a Irlanda como um paraíso fiscal.
O representante da Shadowscape no Brasil seria José Arnaldo da Silva, morador no bairro Vila Dona Meta, em São Paulo. A reportagem do Tabapuã Papers teria ido até o local mas não encontrou o endereço do representante da Shadowscape que constava nos registros da empresa. Vizinhos afirmaram que um homem chamado José morava por ali, numa casa de aparência humilde, mas que havia se mudado em setembro do ano passado.
Quem também é sócia da Maraú é Andrea Capelo Pinheiro, que também é sócia da Agropecuária Vila dos Pinheiros, especialista na criação e no comércio de gado. A administração do haras é de Francisco Jaime Nogueira Pinheiro Filho, da família de Andrea e também de Noberto Nogueira Pinheiro, do Banco Pine.
Andrea também é diretora do BR Partners, um banco de investimentos que ocupa o 25º e o 26º andares do edifício Spazio Faria Lima, no Itaim Bibi.
As duas salas do 25º andar ocupadas pelo BR Partners pertencem a uma empresa chamada Tabapuã Investimentos e Participações. O dono da Tabapuã seria, justamente, o grande amigo de José Yunes, seu “irmão”, Michel Temer.
A Tabapuã, empresa de Temer
No dia 19 de novembro de 2010, Temer abriu com uma das filhas, Luciana, a Tabapuã, que cuidaria do aluguel das duas salas do 25º Andar do edifício Spazio Faria Lima, no Itaim Bibi. Curiosamente na reunião daquele 19 de novembro estavam presentes duas pessoas próximas a José Yunes. Uma delas era o advogado Marcelo Beserra. A outra, a mesma Shirley Siqueira Gomes, testemunha de alguns dos contratos que o amigo de Temer assinou
Essa não é a única das coincidências que liga a família Yunes ao atual presidente da República. As declarações de bens do presidente mostram que Temer participou de uma sociedade com José Yunes e sua família por, no mínimo, quatro anos. Em 2006, quando concorria ao cargo de deputado federal, Temer declarou possuir uma sociedade para um empreendimento imobiliário no valor de R$ 639.378,50. Quatro anos depois, a declaração de bens de Temer mostra uma sociedade com a Yuny – que no papel não tinha mais José Yunes entre os donos – no valor de R$ 639.378,49.
Reportagem da revista Veja afirma que essa sociedade do presidente com a incorporadora dos Yunes começou em 2003, quando Temer adquiriu – ainda na planta – o imóvel ocupado pelo BR Partners.
Pode não haver nada de errado com os negócios acima citados. Mas alguns são de fato suspeitos, já que envolvem criação de offshores e empréstimos heterodoxos. De qualquer forma, uma coisa está mais do que clara, Yunes parece ser muito mais do que um amigo, muito mais do um irmão de Temer. E pode acabar com o seu governo.
A criação da Stargate
Em agosto de 2001, Glorybel Sousa assinava papéis na sala 400 de um prédio em forma de ‘S’ no estado de Delaware, famoso paraíso fiscal norte-americano, no escritório da Coporation Service Company (CCS), criando uma empresa da qual seria “diretora”. Poucos dias depois, Glorybel nomeava José Yunes como procurador da companhia no Brasil, autorizando o advogado a agir como melhor entendesse na gestão da recém-fundada Stargate Esthetics LLC.
A sede da Stargate Esthetics, no papel, é o próprio escritório da CCS, agente registrado de “milhares de entidades corporativas”. O principal trabalho de um agente registrado é, simplesmente, oferecer um endereço legal aos clientes.
A CCS aparece nos Papéis do Panamá como sede de mais de vinte offshores – empresas em paraísos fiscais. Os papéis reúnem dados de quase meio milhão de companhias desse tipo.
O anonimato garantido por offshores facilita lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, fraude e outros crimes.
Dois meses depois de receber a procuração de Glorybel para agir em nome da Stargate Esthetics, José Yunes abriu, em Santana de Paranaíba, na região metropolitana de São Paulo, cidade famosa por permitir tributação mais baixa, uma firma cujas atividades iam da venda de produtos de estética à “participação em empreendimentos de qualquer natureza”.
Era a Stargate do Brasil Estética, Produtos e Serviços, que nasceu quando a companhia de Delaware se associou ao “empresário” Arlito Caires Santos. A sociedade funcionava da seguinte forma: a firma americana entrava com R$ 2,499 milhões e Arlito com mil reais.
Em troca de um salário mensal “pró-labore”, Arlito seria o “diretor”, mas precisaria da aprovação da Stargate Esthetics para pegar empréstimos, por exemplo. Como José Yunes era o procurador da companhia americana, as mais importantes operações da Stargate do Brasil tinham de passar pelo crivo do advogado.
Em março de 2004, o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, anunciava um pacote de estimulo à construção civil, com R$ 1,6 bilhão em crédito para a compra de casas próprias. Naquele mês, Arlito e Yunes alteravam o campo de atuação da Stargate do Brasil. A companhia também passaria a comprar, vender e alugar imóveis. Shirley Siqueira Gomes assinou como testemunha da mudança do objeto de atuação da empresa.
Após quase uma década, a Stargate do Brasil criava outras duas companhias de “consultoria empresarial”. Juntas, a Golden Star Serviços e Participações e a Lighted House Serviços e Participações tinham um capital de R$ 11,1 milhões. Desse total, dois mil reais saíram dos bolsos de Arlito e o restante da Stargate do Brasil, que José Yunes controla.
As duas empresas funcionam no mesmo endereço, uma casa de fachada amarela e grades pretas no Brooklin Paulista. O blogue Tabapuã Papers revela que tentou encontrar, sem sucesso, Arlito. Também teria enviado repórteres à sede das empresas no último dia 28 de dezembro. Lá, havia somente uma placa indicando que funcionava um escritório de contabilidade.
Yuni Incorporadora Ltda e os bancos do empréstimo da Schahin com a Petrobras
Há quinze minutos de caminhada dos prédios das duas empresas, no bairro Vila Olímpia, localiza-se a Yuny Incorporadora S.A. José Yunes e dois filhos, Marcos Mariz de Oliveira Yunes, o mais velho, e Marcelo, fundaram a companhia em 1996. Na época, a Yuny cuidava apenas de empreendimentos de “altíssimo padrão”, como informa a página da incorporadora na Internet. Uma grande mudança ocorreu no dia 31 de agosto de 2006, quando José Yunes a transformou em uma sociedade anônima fechada, com ações divididas apenas entre os sócios. O capital da Yuny em nome dos donos era de R$ 3,5 milhões. Mais uma vez, Shirley Siqueira Gomes era a testemunha nos contratos.
Nesses 20 anos a imobiliária dos Yunes cresceu e, atualmente, os sócios têm na empresa um capital superior a R$ 174 milhões. José Yunes deixou de assinar pela Yuny, mas os filhos Marcos e Marcelo permanecem nela.
No dia 3 de setembro de 2010, os irmãos Yunes autorizavam uma das empresas do grupo a pegar empréstimos de até R$ 5 milhões com o Banco Pine S.A. Dois meses depois, no dia 10 de novembro, enquanto Temer já celebrava a vitória nas eleições, Marcos e Marcelo voltavam ao prédio ondulado da Vila Olímpia para autorizar outro empréstimo, de R$ 4 milhões com o Banco Fibra S.A.
Até junho de 2013, os filhos de José Yunes autorizaram empréstimos de, pelo menos, outros R$ 10 milhões com o Pine e outros R$ 7 milhões com o Banco ABC Brasil S.A. No total, eram R$ 26 milhões com o Pine, o Fibra e o ABC Brasil juntos.
Não há nada de irregular nisso, mas há uma coincidência que une os três bancos: todos estiveram na mira de investigações sobre desvios em contratos do grupo Schahin com a Petrobras.
Uma reportagem de 2016 do jornal Estadão diz que a Receita Federal encontrou indícios de que essas e outras 10 instituições financeiras “criaram uma estrutura para emprestar e receber dinheiro em paraísos fiscais”. E que, na avaliação da Receita, esses empréstimos abriram “espaço para dar ‘aparência lícita’ a dinheiro que poderia ter sido obtido em operações ilegais no Brasil, como fraude a licitações e sonegação fiscal”.
O artigo ainda afirma que o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), responsável pela Lava-Jato, avaliava se abriria um inquérito contra os bancos.
Maraú Administração de Bens e Participações, sociedade com Marinho e Tutinha
Em 25 de abril de 2016, uma semana depois de a Câmara dos Deputados aprovar o impeachment da então presidente Dilma Rousseff e enviar o caso ao Senado, Marcos Yunes ficava sócio da Maraú Administração de Bens e Participações. A Maraú existia desde 2007 e, supostamente, servia apenas para cuidar de bangalôs de luxo na paradisíaca cidade de Maraú, na Bahia.
Um dos sócios de Marcos Yunes na Maraú é Alba Maria Juaçaba Esteves Pinheiro, que foi esposa de Noberto Nogueira Pinheiro, do conselho de administração do Banco Pine. Também faz parte da sociedade Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, dono da rádio Jovem Pan. E, vejam só que coisa, José Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo de Comunicação.
Entre os sócios de toda essa gente na Maraú está a empresa Shadowscape Corporation, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, território que, assim como Delaware, muitos chamam de paraíso fiscal.
A Shadowscape nasceu no dia 4 de janeiro de 2011, tendo como agente registrado o célebre Mossack Fonseca, escritório de advocacia panamenho pivô dos Papéis do Panamá e responsável por abrir offshores ao redor do mundo. Os papéis panamenhos, aliás, também citam a Shadowscape. O registro do banco de dados mostra que o escritório de administração da firma fica em Douglas, capital da Ilha de Man. Por coincidência, muitos também classificam a ilha entre a Inglaterra e a Irlanda como um paraíso fiscal.
O representante da Shadowscape no Brasil seria José Arnaldo da Silva, morador no bairro Vila Dona Meta, em São Paulo. A reportagem do Tabapuã Papers teria ido até o local mas não encontrou o endereço do representante da Shadowscape que constava nos registros da empresa. Vizinhos afirmaram que um homem chamado José morava por ali, numa casa de aparência humilde, mas que havia se mudado em setembro do ano passado.
Quem também é sócia da Maraú é Andrea Capelo Pinheiro, que também é sócia da Agropecuária Vila dos Pinheiros, especialista na criação e no comércio de gado. A administração do haras é de Francisco Jaime Nogueira Pinheiro Filho, da família de Andrea e também de Noberto Nogueira Pinheiro, do Banco Pine.
Andrea também é diretora do BR Partners, um banco de investimentos que ocupa o 25º e o 26º andares do edifício Spazio Faria Lima, no Itaim Bibi.
As duas salas do 25º andar ocupadas pelo BR Partners pertencem a uma empresa chamada Tabapuã Investimentos e Participações. O dono da Tabapuã seria, justamente, o grande amigo de José Yunes, seu “irmão”, Michel Temer.
A Tabapuã, empresa de Temer
No dia 19 de novembro de 2010, Temer abriu com uma das filhas, Luciana, a Tabapuã, que cuidaria do aluguel das duas salas do 25º Andar do edifício Spazio Faria Lima, no Itaim Bibi. Curiosamente na reunião daquele 19 de novembro estavam presentes duas pessoas próximas a José Yunes. Uma delas era o advogado Marcelo Beserra. A outra, a mesma Shirley Siqueira Gomes, testemunha de alguns dos contratos que o amigo de Temer assinou
Essa não é a única das coincidências que liga a família Yunes ao atual presidente da República. As declarações de bens do presidente mostram que Temer participou de uma sociedade com José Yunes e sua família por, no mínimo, quatro anos. Em 2006, quando concorria ao cargo de deputado federal, Temer declarou possuir uma sociedade para um empreendimento imobiliário no valor de R$ 639.378,50. Quatro anos depois, a declaração de bens de Temer mostra uma sociedade com a Yuny – que no papel não tinha mais José Yunes entre os donos – no valor de R$ 639.378,49.
Reportagem da revista Veja afirma que essa sociedade do presidente com a incorporadora dos Yunes começou em 2003, quando Temer adquiriu – ainda na planta – o imóvel ocupado pelo BR Partners.
Pode não haver nada de errado com os negócios acima citados. Mas alguns são de fato suspeitos, já que envolvem criação de offshores e empréstimos heterodoxos. De qualquer forma, uma coisa está mais do que clara, Yunes parece ser muito mais do que um amigo, muito mais do um irmão de Temer. E pode acabar com o seu governo.
a impressão que dá é que o gov Temer se aproxima do fim.
ResponderExcluirDe um jeito ou de outro: renúncia ou "despejo jurídico".
--- E não é só desejo meu ou necessidade premente do país.
São os fatos que ampliam essa perspectiva.