Por Flavio Aguiar, de Berlim, no site Carta Maior:
Marine Le Pen lançou oficialmente sua candidatura à presidência francesa durante um comício na cidade de Lyon, com o comparecimento de milhares de pessoas.
Le Pen prometeu tirar a França da zona do Euro e da União Europeia, se necessário. Também falou vigorosamente contra a globalização e prometeu melhores salários, mais empregos, menor tempo e melhor pensão para aposentadorias. Mas tudo isto veio envolto nas propostas xenófobas, anti-imigrantes, anti-refugiados, no estilo Donald Trump: “a França em primeiro lugar”.
A multidão gritava: “on est chez nous”, “estamos em casa”, traduzindo literalmente, mas conotando “esta casa é só nossa”. E Le Pen exortava uma política de “tolerância zero”, o que, fora de obediência às leis de trânsito, em geral significa discriminação e xenofobia. Resumindo, antes eram os judeus, hoje são os muçulmanos e outros “estrangeiros” à “família francesa.
O crescimento de Le Pen, para além do público tradicional do chauvinismo francês, significa que ela penetra num duplo vácuo. Primeiramente, no vácuo do desamparo promovido pelas políticas neoliberais da austeridade, ou austericídio, como vêm sendo chamadas com muita justiça, que promovem o desemprego, a redução das aposentadorias, a precarização do trabalho, o encolhimento das políticas sociais - mais ou menos como ocorreu na Alemanha pré-nazista, depois da crise de 29.
Marine Le Pen lançou oficialmente sua candidatura à presidência francesa durante um comício na cidade de Lyon, com o comparecimento de milhares de pessoas.
Le Pen prometeu tirar a França da zona do Euro e da União Europeia, se necessário. Também falou vigorosamente contra a globalização e prometeu melhores salários, mais empregos, menor tempo e melhor pensão para aposentadorias. Mas tudo isto veio envolto nas propostas xenófobas, anti-imigrantes, anti-refugiados, no estilo Donald Trump: “a França em primeiro lugar”.
A multidão gritava: “on est chez nous”, “estamos em casa”, traduzindo literalmente, mas conotando “esta casa é só nossa”. E Le Pen exortava uma política de “tolerância zero”, o que, fora de obediência às leis de trânsito, em geral significa discriminação e xenofobia. Resumindo, antes eram os judeus, hoje são os muçulmanos e outros “estrangeiros” à “família francesa.
O crescimento de Le Pen, para além do público tradicional do chauvinismo francês, significa que ela penetra num duplo vácuo. Primeiramente, no vácuo do desamparo promovido pelas políticas neoliberais da austeridade, ou austericídio, como vêm sendo chamadas com muita justiça, que promovem o desemprego, a redução das aposentadorias, a precarização do trabalho, o encolhimento das políticas sociais - mais ou menos como ocorreu na Alemanha pré-nazista, depois da crise de 29.
Em segundo lugar, ela penetra no vácuo deixado pelas esquerdas, incapazes, como na Espanha, de promover uma política comum e consistente em defesa daqueles valores sociais que ela abraça e embrulha em seu pacote de inspiração fascista - como aconteceu na Itália e na Alemanha nas décadas de 20, 30 e 40 do século passado.
Neste fim de semana houve também comícios promovidos pelos candidatos Jean-Luc Mélenchon, dos partidos mais à esquerda, e Emmanuel Macron, um político egresso do Partido Socialista que se apresenta como de centro, liberal em matéria econômica mas mais progressista em outros temas, como imigrantes, refugiados, salários e política sociais.
Neste fim de semana houve também comícios promovidos pelos candidatos Jean-Luc Mélenchon, dos partidos mais à esquerda, e Emmanuel Macron, um político egresso do Partido Socialista que se apresenta como de centro, liberal em matéria econômica mas mais progressista em outros temas, como imigrantes, refugiados, salários e política sociais.
As chances de Macron chegar ao segundo turno (em maio), depois do primeiro (em abril), cresceram com o declínio do conservador François Fillon, acuado por acusações de corrupção e nepotismo. Também cores eram depois que o Partido Socialista escolheu Benoît Hamon, da sua ala esquerda, como candidato presidencial. O atual primeiro-ministro, Manuel Valls, da ala direita, declarou ter dificuldades para apoiar Hamon, o que pode levar esta ala a apoiar Macron.
Os analistas dizem que Mélenchon, como na eleição passada, quando chegou em quarto lugar, continua tendo poucas chances. Em contrapartida, o candidato pediu que as pessoas, mesmo que não votem nele, leiam o seu programa.
Por sua parte, eufórica com a vitória de Trump e do Brexit na Inglaterra, Le Pen proclamou que “chegou a hora da virada” e que a Europa “acorda”.
Um detalhe interessante: apesar de deterem apenas 4% dos votos, os chamados “departamentos d’além-mar” (Martinique e Guadeloupe no Caribe, a Guiana Francesa na América do Sul, Mayotte e La Réunion no Oceano Índico) podem se tornar decisivos na eleição apertada que esta promete ser. Com altas taxas de desemprego e pobreza, seu eleitorado pode também migrar para a extrema-direita da Frente Nacional.
Os analistas dizem que Mélenchon, como na eleição passada, quando chegou em quarto lugar, continua tendo poucas chances. Em contrapartida, o candidato pediu que as pessoas, mesmo que não votem nele, leiam o seu programa.
Por sua parte, eufórica com a vitória de Trump e do Brexit na Inglaterra, Le Pen proclamou que “chegou a hora da virada” e que a Europa “acorda”.
Um detalhe interessante: apesar de deterem apenas 4% dos votos, os chamados “departamentos d’além-mar” (Martinique e Guadeloupe no Caribe, a Guiana Francesa na América do Sul, Mayotte e La Réunion no Oceano Índico) podem se tornar decisivos na eleição apertada que esta promete ser. Com altas taxas de desemprego e pobreza, seu eleitorado pode também migrar para a extrema-direita da Frente Nacional.
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