Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
As notícias da demissão do ministro das Relações Exteriores, o senador José Serra (PSDB-SP), por problemas na coluna, na noite de quarta-feira (22), e da licença do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, hoje (24), para fazer uma cirurgia na próstata, repercutiram amplamente nos três poderes. Principalmente, pelas versões desencontradas que envolvem estas informações e mostram mais uma grave crise no Executivo federal.
Padilha, que já teve problemas anteriores de pressão e estafa, anunciou a cirurgia na noite de ontem, pouco depois de ter tido seu nome envolvido em denúncias feitas pelo advogado José Yunes. A acusação de Yunes na Procuradoria-Geral da República (PGR) é que Padilha teria lhe pedido, em 2014, que recebesse um pacote de documentos no seu escritório, em São Paulo. Esse pacote, suspeito de ter dinheiro para pagamento de propinas, teria sido entregue pelo doleiro Lúcio Funaro, que, conforme o advogado, “teria sido usado como mula” pelo atual ministro da Casa Civil.
No Palácio do Planalto, foram feitas tentativas de afastar, ao máximo, o trânsito de repórteres pelos gabinetes – o que, aliás, foi determinado oficialmente, dias atrás. Perdura, também, preocupação por parte de servidores de nada comentar e evitar vazamentos sobre agenda do ministro da Casa Civil prevista dias atrás para esta sexta-feira (devidamente cancelada), bem como decisões tomadas por Padilha em reuniões das últimas semanas.
Mas são duas as versões que circulam em relação à situação de Eliseu Padilha, segundo parlamentares e assessores próximos. A primeira é que, embora tenha feito exames na próstata na última segunda-feira (20), o ministro não tinha falado em cirurgia até poucos minutos da divulgação das declarações de Yunes.
Outra é que é grande a possibilidade de ele não retornar mais ao cargo, diante da metralhadora giratória disparada em sua direção. E a cirurgia, que não seria um procedimento de emergência e poderia aguardar mais alguns meses, terminou se tornando uma alternativa providencial.
Por outro lado, a declaração de Yunes é computada como uma espécie de vingança em relação a Padilha. E, ainda, de inabilidade política por parte do próprio ministro e do presidente Michel Temer. Isto porque, segundo políticos ligados ao titular da Casa Civil, a avaliação feita esta manhã foi de que quando pediu para deixar o cargo, em meio a denúncias contra o seu nome, Yunes – que até bem pouco tempo era assessor no Planalto e é considerado grande amigo de Temer – esperava que Padilha fizesse o mesmo. Ou, ao menos, que passasse a adotar uma postura mais reservada na Casa Civil, o que não aconteceu.
Oficialmente, Padilha será hospitalizado amanhã em Brasília. E retorna da licença médica no próximo dia 6 de março. Mas ninguém dá esta previsão como certa e há quem fale na continuidade da licença, diante da intensidade das denúncias de delatores contra ele na Operação Lava Jato – prestes a ter o sigilo judicial quebrado.
Padilha, que já teve problemas anteriores de pressão e estafa, anunciou a cirurgia na noite de ontem, pouco depois de ter tido seu nome envolvido em denúncias feitas pelo advogado José Yunes. A acusação de Yunes na Procuradoria-Geral da República (PGR) é que Padilha teria lhe pedido, em 2014, que recebesse um pacote de documentos no seu escritório, em São Paulo. Esse pacote, suspeito de ter dinheiro para pagamento de propinas, teria sido entregue pelo doleiro Lúcio Funaro, que, conforme o advogado, “teria sido usado como mula” pelo atual ministro da Casa Civil.
No Palácio do Planalto, foram feitas tentativas de afastar, ao máximo, o trânsito de repórteres pelos gabinetes – o que, aliás, foi determinado oficialmente, dias atrás. Perdura, também, preocupação por parte de servidores de nada comentar e evitar vazamentos sobre agenda do ministro da Casa Civil prevista dias atrás para esta sexta-feira (devidamente cancelada), bem como decisões tomadas por Padilha em reuniões das últimas semanas.
Mas são duas as versões que circulam em relação à situação de Eliseu Padilha, segundo parlamentares e assessores próximos. A primeira é que, embora tenha feito exames na próstata na última segunda-feira (20), o ministro não tinha falado em cirurgia até poucos minutos da divulgação das declarações de Yunes.
Outra é que é grande a possibilidade de ele não retornar mais ao cargo, diante da metralhadora giratória disparada em sua direção. E a cirurgia, que não seria um procedimento de emergência e poderia aguardar mais alguns meses, terminou se tornando uma alternativa providencial.
Por outro lado, a declaração de Yunes é computada como uma espécie de vingança em relação a Padilha. E, ainda, de inabilidade política por parte do próprio ministro e do presidente Michel Temer. Isto porque, segundo políticos ligados ao titular da Casa Civil, a avaliação feita esta manhã foi de que quando pediu para deixar o cargo, em meio a denúncias contra o seu nome, Yunes – que até bem pouco tempo era assessor no Planalto e é considerado grande amigo de Temer – esperava que Padilha fizesse o mesmo. Ou, ao menos, que passasse a adotar uma postura mais reservada na Casa Civil, o que não aconteceu.
Oficialmente, Padilha será hospitalizado amanhã em Brasília. E retorna da licença médica no próximo dia 6 de março. Mas ninguém dá esta previsão como certa e há quem fale na continuidade da licença, diante da intensidade das denúncias de delatores contra ele na Operação Lava Jato – prestes a ter o sigilo judicial quebrado.
Sem comunicado prévio
Já por parte do ministro José Serra, o dia também foi marcado por surpresas. Serra tem problemas de saúde, fez uma cirurgia na coluna em dezembro passado e se queixa há tempos de dores durante as viagens internacionais que o exercício do cargo lhe impõe. Mas a surpresa neste caso se dá, principalmente, pelo fato de ele não ter comunicado a decisão aos companheiros do PSDB com certa antecedência.
E também por ter se apressado, ontem mesmo, a assinar o termo que o reintegrou ao cargo de senador no Congresso Nacional, em vez de ficar licenciado do Senado para fazer um tratamento extenso de fisioterapia que duraria cerca de quatro meses, conforme afirmou a Temer que procederia ao pedir demissão.
Embora para muitos a postura de Serra seja vista como uma atitude isolada de irritação dele com determinadas omissões do governo em relação à pasta que ocupava e que soaram como desprestígio, para alguns parlamentares a iniciativa representou um gesto do PSDB como um todo, para se afastar do governo. E, sobretudo, ficar longe das denúncias que têm como foco, pelo menos neste momento, peemedebistas (embora vários tucanos tenham sido citados por delatores).
Há quem tenha mencionado, no Itamaraty, que os assessores mais próximos observaram um estado de depressão por parte do então ministro há alguns meses. Não apenas por conta das dores na coluna, como também em função das denúncias que o envolvem na Lava Jato. Um servidor de carreira do ministério disse que desde janeiro Serra não vinha trabalhando mais da mesma forma. “Era visível o seu desestímulo, seja pela falta de respostas a muitas das demandas junto ao Planalto, seja por causa das dores”, contou.
A assessoria do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que evitou fazer maiores comentários sobre José Serra, confirmou que Aécio só soube da saída do colega tucano do governo aproximadamente 30 minutos antes do pedido de demissão. Da mesma forma, foram surpreendidos vários integrantes do PSDB, que tentaram não responder aos pedidos de entrevista feitos hoje pela RBA.
“Foi uma decisão que surpreendeu a todos”, disse um dos poucos a falar a respeito, o senador Paulo Bauer (SC). Neste ambiente, o PSDB tenta, agora, emplacar na vaga de Serra o ministro Aloysio Nunes Ferreira (SP), líder do governo no Senado.
Mas a agenda que se segue após o carnaval – com novas delações premiadas e a expectativa de quebra de sigilo das delações dos executivos da Odebrecht – pode tornar ainda mais difíceis os dias para o Executivo. E já fez com que repórteres, assessores e consultores que esperavam uma sexta-feira (24) tranquila em Brasília nesta véspera do sábado de carnaval, se enganassem mais uma vez. Nos últimos tempos, com ou sem carnaval, tranquilidade tem sido algo pouco comum na capital do país.
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