Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Estamos comendo e exportando carne estragada.
Em poucas palavras, foi isso que a Polícia Federal denunciou após deflagrar a Operação Carne Fraca, na sexta-feira da semana passada, para logo ganhar as manchetes no mundo inteiro. Foi um escarcéu.
Uma semana depois, o que aconteceu?
Você conhece alguém que passou mal por comer carne brasileira?
Até agora, a PF não apresentou um único laudo técnico comprovando suas graves acusações, e os responsáveis maiores pela operação desapareceram do noticiário.
Sumiram de cena o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, citado no esquema de corrupção montado entre fiscais e empresas, e o diretor geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, que não se manifestou até agora.
De concreto, frigoríficos foram fechados, funcionários começaram a ser demitidos e os principais mercados mundiais suspenderam a compra de carne brasileira.
Nesta sexta-feira, com a queda nas vendas, a JBS suspendeu a produção de 33 de suas 36 unidades por três dias e, em Hong Kong, as redes McDonald´s e KFC decidiram tirar a carne brasileira do cardápio, o que muitos restaurantes daqui também já fizeram.
Está na hora de começarmos a discutir seriamente o papel dos profissionais de mídia na cobertura acrítica e cheia de oba-oba das operações da Polícia Federal.
Compramos o prato feito servido pelos delegados e investigadores nos shows midiáticos que se sucedem, sem checar as informações e pedir provas do que falam, como se fossem a mais perfeita expressão da verdade.
Desta forma, em nome do combate à corrupção e, agora, na defesa da saúde pública, ajudamos a criar o clima de velho oeste da luta entre bandidos e mocinhos, o bem e o mal.
No vale tudo que se instalou, os agentes da lei estão sempre certos e não precisam dar satisfações.
"Esfola, prende e arrebenta!", gritam os indignados nos comentários das redes sociais, ao reproduzir o que leem e ouvem na grande mídia.
Poucos são os que param para pensar no que realmente está em jogo e nas consequências trágicas destas operações para a economia brasileira, alvejada justamente nos setores, até outro dia, mais competitivos e maiores geradores de empregos.
Os concorrentes mundiais nas áreas de óleo e gás, construção civil e naval e do agronegócio esfregam as mãos. A China, por exemplo, já anunciou que quer renegociar os contratos com o Brasil para comprar mais barato e vender mais caro.
"Precisamos investigar as investigações da Polícia Federal", ousou pedir esta semana o senador Roberto Requião (PMDB-PR), mas ninguém lhe deu bola. Vão dizer que ele está defendendo os corruptos.
Não há mais diálogo, é pau ou pedra, tudo ou nada, como aconteceu no célebre caso da Escola Base, quando setores da imprensa, atiçados pela ira da opinião pública ou vice-versa, compraram o prato feito de um delegado e destruíram uma família inocente.
Pelo que a Polícia Federal revelou até agora, a Operação Carne Fraca tem pouco a oferecer em defesa da saúde pública, mas muito com a descoberta tardia de um mega-esquema criminoso de fraudes fiscais e corrupção sistêmica formado, como de costume, por empresas, agentes públicos e políticos.
Para combater esta praga, tem que haver um trabalho permanente de inteligência, identificando e punindo os criminosos.
Antes de mais nada, é preciso acabar com as indicações políticas para cargos técnicos, como fez Osmar Serraglio, segundo a denúncia da ex-ministra Katia Abreu.
Desta forma, a PF não vai mais precisar mobilizar tropas com mais de mil homens fardados e armados para a guerra, carros de combate, helicópteros e todo o arsenal que faz a festa da mídia.
Antes que alguém diga que estou defendendo os corruptos, como muitos leitores deste blog já fizeram, recomendo que leiam a matéria de Nivaldo Souza no UOL, sob o título "Forma como Carne Fraca foi divulgada cria mal-estar entre PF e juiz do caso".
Para o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, base da investigação, a expectativa era de que a PF concentrasse suas explicações no esquema de corrupção envolvendo as empresas, incluindo as gigantes BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão) e JBS (Friboi, Seara, Swift), e na conduta irregular de servidores do Ministério da Agricultura.
Segundo fontes ouvidas pelo repórter, que cumpriu seu papel, o destaque dado à qualidade da carne foi visto pela Justiça como "excessivo" pelo fato de a operação ganhar "uma conotação mais técnica e sanitária, que não estava no escopo da investigação".
Resposta para a pergunta do título: quem já está pagando a conta dos prejuízos somos todos nós, que até ficamos com medo de comer carne brasileira, por conta da irresponsabilidade da comunicação na Operação Carne Fraca.
E vida que segue.
Em poucas palavras, foi isso que a Polícia Federal denunciou após deflagrar a Operação Carne Fraca, na sexta-feira da semana passada, para logo ganhar as manchetes no mundo inteiro. Foi um escarcéu.
Uma semana depois, o que aconteceu?
Você conhece alguém que passou mal por comer carne brasileira?
Até agora, a PF não apresentou um único laudo técnico comprovando suas graves acusações, e os responsáveis maiores pela operação desapareceram do noticiário.
Sumiram de cena o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, citado no esquema de corrupção montado entre fiscais e empresas, e o diretor geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, que não se manifestou até agora.
De concreto, frigoríficos foram fechados, funcionários começaram a ser demitidos e os principais mercados mundiais suspenderam a compra de carne brasileira.
Nesta sexta-feira, com a queda nas vendas, a JBS suspendeu a produção de 33 de suas 36 unidades por três dias e, em Hong Kong, as redes McDonald´s e KFC decidiram tirar a carne brasileira do cardápio, o que muitos restaurantes daqui também já fizeram.
Está na hora de começarmos a discutir seriamente o papel dos profissionais de mídia na cobertura acrítica e cheia de oba-oba das operações da Polícia Federal.
Compramos o prato feito servido pelos delegados e investigadores nos shows midiáticos que se sucedem, sem checar as informações e pedir provas do que falam, como se fossem a mais perfeita expressão da verdade.
Desta forma, em nome do combate à corrupção e, agora, na defesa da saúde pública, ajudamos a criar o clima de velho oeste da luta entre bandidos e mocinhos, o bem e o mal.
No vale tudo que se instalou, os agentes da lei estão sempre certos e não precisam dar satisfações.
"Esfola, prende e arrebenta!", gritam os indignados nos comentários das redes sociais, ao reproduzir o que leem e ouvem na grande mídia.
Poucos são os que param para pensar no que realmente está em jogo e nas consequências trágicas destas operações para a economia brasileira, alvejada justamente nos setores, até outro dia, mais competitivos e maiores geradores de empregos.
Os concorrentes mundiais nas áreas de óleo e gás, construção civil e naval e do agronegócio esfregam as mãos. A China, por exemplo, já anunciou que quer renegociar os contratos com o Brasil para comprar mais barato e vender mais caro.
"Precisamos investigar as investigações da Polícia Federal", ousou pedir esta semana o senador Roberto Requião (PMDB-PR), mas ninguém lhe deu bola. Vão dizer que ele está defendendo os corruptos.
Não há mais diálogo, é pau ou pedra, tudo ou nada, como aconteceu no célebre caso da Escola Base, quando setores da imprensa, atiçados pela ira da opinião pública ou vice-versa, compraram o prato feito de um delegado e destruíram uma família inocente.
Pelo que a Polícia Federal revelou até agora, a Operação Carne Fraca tem pouco a oferecer em defesa da saúde pública, mas muito com a descoberta tardia de um mega-esquema criminoso de fraudes fiscais e corrupção sistêmica formado, como de costume, por empresas, agentes públicos e políticos.
Para combater esta praga, tem que haver um trabalho permanente de inteligência, identificando e punindo os criminosos.
Antes de mais nada, é preciso acabar com as indicações políticas para cargos técnicos, como fez Osmar Serraglio, segundo a denúncia da ex-ministra Katia Abreu.
Desta forma, a PF não vai mais precisar mobilizar tropas com mais de mil homens fardados e armados para a guerra, carros de combate, helicópteros e todo o arsenal que faz a festa da mídia.
Antes que alguém diga que estou defendendo os corruptos, como muitos leitores deste blog já fizeram, recomendo que leiam a matéria de Nivaldo Souza no UOL, sob o título "Forma como Carne Fraca foi divulgada cria mal-estar entre PF e juiz do caso".
Para o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, base da investigação, a expectativa era de que a PF concentrasse suas explicações no esquema de corrupção envolvendo as empresas, incluindo as gigantes BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão) e JBS (Friboi, Seara, Swift), e na conduta irregular de servidores do Ministério da Agricultura.
Segundo fontes ouvidas pelo repórter, que cumpriu seu papel, o destaque dado à qualidade da carne foi visto pela Justiça como "excessivo" pelo fato de a operação ganhar "uma conotação mais técnica e sanitária, que não estava no escopo da investigação".
Resposta para a pergunta do título: quem já está pagando a conta dos prejuízos somos todos nós, que até ficamos com medo de comer carne brasileira, por conta da irresponsabilidade da comunicação na Operação Carne Fraca.
E vida que segue.
A PF do tucanistão foi procurar o Lulinha (filho do Lula) na Friboi e encontrou carne podre...
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