Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Anunciada pomposamente na manhã de sexta-feira como "a maior operação da história", a Polícia Federal mobilizou 1.100 agentes para prender 30 pessoas, certamente um recorde mundial.
Três dias depois, o principal efeito da "Operação Carne Fraca" foi um estrago sem precedentes causado na economia brasileira.
União Européia, China, Coréia do Sul, um a um os maiores importadores mundiais começaram a fechar as portas para a carne brasileira.
Para se ter uma ideia dos prejuízos, o agronegócio ligado à pecuária, que emprega 7 milhões de trabalhadores, foi responsável por mais de US$ 14 bilhões em exportações no ano passado.
Antes da operação, o Brasil era o maior exportador mundial de carnes, respeitado pela qualidade dos seus produtos distribuídos por mais de 150 países, uma posição de liderança agora seriamente ameaçada.
Já duravam dois anos as investigações sobre os esquemas de corrupção e fraudes praticadas por agentes públicos e privados em 40 empresas, entre elas as duas maiores do setor, a JBS e a BRF.
Segundo a denúncia apresentada pelo delegado Maurício Moscardi Grillo, que comandou a operação, estas empresas comercializavam aqui dentro e exportavam produtos imprestáveis para o consumo, com riscos para a saúde.
Se eram só 30 os criminosos identificados pela Polícia Federal, como o presidente Michel Temer disse em discurso na manhã desta segunda-feira, eles não poderiam ter sido presos ao longo desse período em operações de rotina, para garantir a segurança alimentar, sem tanto estardalhaço midiático?
Mais perdido do que cachorro em dia de mudança, o governo federal só se deu conta da gravidade da situação no domingo, quando o presidente Michel Temer reuniu ministros e convidou um grupo de embaixadores para jantar numa churrascaria.
O objetivo era provar a excelência da nossa carne. Só que não era: segundo um gerente do restaurante revelou ao Estadão, em entrevista gravada, a churrascaria escolhida pelo Palácio do Planalto trabalha apenas com carnes importadas da Austrália, da Argentina e do Uruguai, justamente nossos grandes concorrentes no mercado internacional. A Secretaria de Imprensa do governo apressou-se em desmentir esta informação.
A "maior operação da história da Polícia Federal" acabou, desta forma, lembrando mais uma "Operação Tabajara" do antigo programa "Casseta e Planeta", trazendo prejuízos incalculáveis ao país.
E vamos que vamos.
Vida que segue.
***
Em tempo:
Resumo da ópera bufa federal, segundo o professor Robson Sávio Reis Souza, doutor em Ciências Sociais, publicado no portal 247:
"Uma coisa é apurar a participação de pessoas físicas em esquemas fraudulentos e puni-las nos limites da lei. Outra coisa, é transformar operações policiais em panfletagem midiática direcionada a acabar com o nome e a reputação das empresas, o que pode destruí-las. E, assim, destruir também uma das bases da economia".
Anunciada pomposamente na manhã de sexta-feira como "a maior operação da história", a Polícia Federal mobilizou 1.100 agentes para prender 30 pessoas, certamente um recorde mundial.
Três dias depois, o principal efeito da "Operação Carne Fraca" foi um estrago sem precedentes causado na economia brasileira.
União Européia, China, Coréia do Sul, um a um os maiores importadores mundiais começaram a fechar as portas para a carne brasileira.
Para se ter uma ideia dos prejuízos, o agronegócio ligado à pecuária, que emprega 7 milhões de trabalhadores, foi responsável por mais de US$ 14 bilhões em exportações no ano passado.
Antes da operação, o Brasil era o maior exportador mundial de carnes, respeitado pela qualidade dos seus produtos distribuídos por mais de 150 países, uma posição de liderança agora seriamente ameaçada.
Já duravam dois anos as investigações sobre os esquemas de corrupção e fraudes praticadas por agentes públicos e privados em 40 empresas, entre elas as duas maiores do setor, a JBS e a BRF.
Segundo a denúncia apresentada pelo delegado Maurício Moscardi Grillo, que comandou a operação, estas empresas comercializavam aqui dentro e exportavam produtos imprestáveis para o consumo, com riscos para a saúde.
Se eram só 30 os criminosos identificados pela Polícia Federal, como o presidente Michel Temer disse em discurso na manhã desta segunda-feira, eles não poderiam ter sido presos ao longo desse período em operações de rotina, para garantir a segurança alimentar, sem tanto estardalhaço midiático?
Mais perdido do que cachorro em dia de mudança, o governo federal só se deu conta da gravidade da situação no domingo, quando o presidente Michel Temer reuniu ministros e convidou um grupo de embaixadores para jantar numa churrascaria.
O objetivo era provar a excelência da nossa carne. Só que não era: segundo um gerente do restaurante revelou ao Estadão, em entrevista gravada, a churrascaria escolhida pelo Palácio do Planalto trabalha apenas com carnes importadas da Austrália, da Argentina e do Uruguai, justamente nossos grandes concorrentes no mercado internacional. A Secretaria de Imprensa do governo apressou-se em desmentir esta informação.
A "maior operação da história da Polícia Federal" acabou, desta forma, lembrando mais uma "Operação Tabajara" do antigo programa "Casseta e Planeta", trazendo prejuízos incalculáveis ao país.
E vamos que vamos.
Vida que segue.
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Em tempo:
Resumo da ópera bufa federal, segundo o professor Robson Sávio Reis Souza, doutor em Ciências Sociais, publicado no portal 247:
"Uma coisa é apurar a participação de pessoas físicas em esquemas fraudulentos e puni-las nos limites da lei. Outra coisa, é transformar operações policiais em panfletagem midiática direcionada a acabar com o nome e a reputação das empresas, o que pode destruí-las. E, assim, destruir também uma das bases da economia".
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