Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
O apego ao poder costuma turvar os sentidos. Se estivesse compreendendo bem a gravidade de sua situação política, e quisesse poupar seu chefe Michel Temer, Eliseu Padilha não reassumiria, nesta segunda-feira, 13, o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, como anunciado pelo próprio Temer. Padilha volta no olho do furacão, depois que o ex-executivo da Odebrecht, José de Carvalho Filho, revelou ao TSE, na sexta-feira, que Padilha acertou pessoalmente com Claudio Mello Filho, ex-vice presidente de relações institucionais da empreiteira, a entrega de parte dos R$ 10 milhões solicitados no jantar do Jaburu, com a participação de Temer. Que teriam combinado inclusive as senhas que deveriam ser usadas por entregador e receptor: foguete, angorá, árvore, morango e pinguim. Voltando agora, Padilha pode criar para seu chefe um constrangimento semelhante ao gerado por Geddel Vieira Lima quando se agarrou ao cargo, obrigando Temer a defenestrá-lo.
Padilha volta da licença médica, na qual poderia se abrigar por mais tempo para se proteger do temporal, amparado pelo discurso de que sua atuação é fundamental para as reformas no Congresso. Volta na semana em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentará ao STF os pedidos de investigação contra políticos delatados na Lava Jato, numa lista que dificilmente não o incluirá. Com os pedidos de inquérito de Janot, o ministro Luiz Fachin, relator da Lava Jato no STF, deve suspender o sigilo sobre as delações, expondo completamente os esquemas acertados entre políticos do PMDB, PSDB e outros partidos com a Odebrecht. Volta na condição de bode que Temer pode ser obrigado a remover do Palácio do Planalto.
O depoimento de José de Carvalho Filho ao relator da ação contra a chapa-Dilma Temer no TSE, ministro Hermann Benjamin, agravou não apenas a situação de Padilha como também a de Temer e a de seu dileto amigo José Yunes. Com Padilha, ele disse ter tratado diretamente da entrega parcelada de R$ 4 milhões, parte do R$ 10 milhões acertados em 2014 no jantar no Jaburu, na presença de Temer, depois que Eduardo Cunha reclamou de não ter recebido sua parte, que seria de R$ 500 mil. Ele informou que foram várias entregas, por volta do mês de setembro (auge da campanha), e que Claudio Mello Filho era que acertava com Padilha os locais, nomes de pessoas e senhas a serem usadas pelos entregadores. Em seguida, ele mesmo repassava os dados ao departamento de propinas da empreiteira. Ora, se Padilha arrecadava para o partido, era com autorização do presidente do PMDB, que era Temer. Então, Temer tem tudo a ver com esta grana.
Já Yunes foi desmentido por José de Carvalho Filho naquela história que contou aos procuradores, dizendo ter sido “mula involuntária” de Padilha. O depoente afirmou que não foi Lucio Funaro, como disse Yunes, quem pegou o dinheiro com a Odebrecht e o entregou a Yunes. O amigo de Temer alegou ter apenas recebido de Funaro um pacote de conteúdo desconhecido. Segundo o delator, ele foi indicado por Padilha para receber exatamente R$ 4 milhões, em parcelas que foram entregues por outros operadores, e não por Funaro (que também clama por uma acareação em que deseja desmentir Yunes). Funaro era parceiro de Eduardo Cunha, especialmente nos negócios da CEF mas jura que nunca foi operador da Odebrecht. Então, porque Yunes o envolveu? Por que mentiu? Para blindar Temer? Com sua história contestada, ficou evidente que ele foi “mula”, mas não involuntária, e não de Padilha, mas daquele a quem caberiam os quatro dos dez milhões de reais acertados com Marcelo Odebrecht.
Temer, Padilha e Yunes foram terrivelmente expostos pelo depoimento de Carvalho Filho. Voltando hoje para o lado do chefe – talvez seguindo o conselho de Renan Calheiros para que o faça logo antes que um representante de Eduardo Cunha seja posto na cadeira – Padilha complica ainda mais a situação de Temer, pelo menos no TSE. Pois, na Lava Jato, ele não pode ser investigado por conta daquele artigo da Constituição. O presidente da República não pode responder por atos estranhos ao exercício do mandato. Quando tudo isso aconteceu, Temer ainda não era presidente. Mas seu problema maior hoje é com o TSE, onde a chapa Dilma-Temer só não será cassada se o tribunal estiver disposto a se desmoralizar para salvar-lhe o mandato.
O apego ao poder costuma turvar os sentidos. Se estivesse compreendendo bem a gravidade de sua situação política, e quisesse poupar seu chefe Michel Temer, Eliseu Padilha não reassumiria, nesta segunda-feira, 13, o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, como anunciado pelo próprio Temer. Padilha volta no olho do furacão, depois que o ex-executivo da Odebrecht, José de Carvalho Filho, revelou ao TSE, na sexta-feira, que Padilha acertou pessoalmente com Claudio Mello Filho, ex-vice presidente de relações institucionais da empreiteira, a entrega de parte dos R$ 10 milhões solicitados no jantar do Jaburu, com a participação de Temer. Que teriam combinado inclusive as senhas que deveriam ser usadas por entregador e receptor: foguete, angorá, árvore, morango e pinguim. Voltando agora, Padilha pode criar para seu chefe um constrangimento semelhante ao gerado por Geddel Vieira Lima quando se agarrou ao cargo, obrigando Temer a defenestrá-lo.
Padilha volta da licença médica, na qual poderia se abrigar por mais tempo para se proteger do temporal, amparado pelo discurso de que sua atuação é fundamental para as reformas no Congresso. Volta na semana em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentará ao STF os pedidos de investigação contra políticos delatados na Lava Jato, numa lista que dificilmente não o incluirá. Com os pedidos de inquérito de Janot, o ministro Luiz Fachin, relator da Lava Jato no STF, deve suspender o sigilo sobre as delações, expondo completamente os esquemas acertados entre políticos do PMDB, PSDB e outros partidos com a Odebrecht. Volta na condição de bode que Temer pode ser obrigado a remover do Palácio do Planalto.
O depoimento de José de Carvalho Filho ao relator da ação contra a chapa-Dilma Temer no TSE, ministro Hermann Benjamin, agravou não apenas a situação de Padilha como também a de Temer e a de seu dileto amigo José Yunes. Com Padilha, ele disse ter tratado diretamente da entrega parcelada de R$ 4 milhões, parte do R$ 10 milhões acertados em 2014 no jantar no Jaburu, na presença de Temer, depois que Eduardo Cunha reclamou de não ter recebido sua parte, que seria de R$ 500 mil. Ele informou que foram várias entregas, por volta do mês de setembro (auge da campanha), e que Claudio Mello Filho era que acertava com Padilha os locais, nomes de pessoas e senhas a serem usadas pelos entregadores. Em seguida, ele mesmo repassava os dados ao departamento de propinas da empreiteira. Ora, se Padilha arrecadava para o partido, era com autorização do presidente do PMDB, que era Temer. Então, Temer tem tudo a ver com esta grana.
Já Yunes foi desmentido por José de Carvalho Filho naquela história que contou aos procuradores, dizendo ter sido “mula involuntária” de Padilha. O depoente afirmou que não foi Lucio Funaro, como disse Yunes, quem pegou o dinheiro com a Odebrecht e o entregou a Yunes. O amigo de Temer alegou ter apenas recebido de Funaro um pacote de conteúdo desconhecido. Segundo o delator, ele foi indicado por Padilha para receber exatamente R$ 4 milhões, em parcelas que foram entregues por outros operadores, e não por Funaro (que também clama por uma acareação em que deseja desmentir Yunes). Funaro era parceiro de Eduardo Cunha, especialmente nos negócios da CEF mas jura que nunca foi operador da Odebrecht. Então, porque Yunes o envolveu? Por que mentiu? Para blindar Temer? Com sua história contestada, ficou evidente que ele foi “mula”, mas não involuntária, e não de Padilha, mas daquele a quem caberiam os quatro dos dez milhões de reais acertados com Marcelo Odebrecht.
Temer, Padilha e Yunes foram terrivelmente expostos pelo depoimento de Carvalho Filho. Voltando hoje para o lado do chefe – talvez seguindo o conselho de Renan Calheiros para que o faça logo antes que um representante de Eduardo Cunha seja posto na cadeira – Padilha complica ainda mais a situação de Temer, pelo menos no TSE. Pois, na Lava Jato, ele não pode ser investigado por conta daquele artigo da Constituição. O presidente da República não pode responder por atos estranhos ao exercício do mandato. Quando tudo isso aconteceu, Temer ainda não era presidente. Mas seu problema maior hoje é com o TSE, onde a chapa Dilma-Temer só não será cassada se o tribunal estiver disposto a se desmoralizar para salvar-lhe o mandato.
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