Dilma Rousseff foi parar recentemente nas manchetes de jornais. Segundo o herdeiro da Odebrecht, Marcelo, ela sabia de doações feitas pela empresa à sua campanha eleitoral em 2014.
A defesa da presidenta no processo de cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nega veementemente: “Dilma Rousseff jamais teve qualquer relação de proximidade com Marcelo Odebrecht e nunca fez qualquer reunião em particular com ele, nem tratou de qualquer assunto que tivesse relação direta ou indireta com suas campanhas eleitorais”, disse o advogado Flávio Caetano.
No mesmo texto (íntegra aqui) a defesa de Dilma reage à ação movida pelo candidato derrotado Aécio Neves, presidente do PSDB:
No documento apresentado ao tribunal, os advogados reforçam a impossibilidade de a campanha da reeleição ter sido abastecida majoritariamente com recursos ilícitos, como sustenta o PSDB no processo. A defesa refuta ainda as insinuações e lembra que a campanha de Aécio recebeu dinheiro das empreiteiras, que doaram R$ 78,850 milhões do total de R$ 251,4 milhões arrecadados pelos tucanos para a disputa presidencial em 2014.
“Como cogitar de abuso de poder político dos réus se Aécio Neves e PSDB receberam 31,38% das empreiteiras em relação ao total arrecadado?”, sustenta o advogado. “O que interessa é deixar absolutamente claro que não há, e jamais haverá, qualquer afirmação ou informação, nem em depoimentos, nem em termos de colaboração premiada, de que Dilma Rousseff tenha qualquer participação direta ou indireta em atos de corrupção para obtenção de doações eleitorais, seja no âmbito da Operação Lava Jato ou de qualquer outra investigação”.
A defesa de Dilma também é contra a tese dos advogados do usurpador Michel Temer, que defende a separação da chapa:
Flávio Caetano e os advogados também rebatem a tese da separação da chapa eleita em 2014, como os advogados de Michel Temer vêm sustentando. O procurador eleitoral Nicolau Dino já se manifestou favoravelmente pela indivisibilidade da chapa. Além do mais, ao contrário de Dilma, foi Temer quem se encontrou com Marcelo Odebrecht, em 2014, no Palácio do Jaburu, residencial oficial do vice-presidente da República, onde participou de conversas destinadas a contribuições de campanha.
No sábado, 25, a Folha de S. Paulo noticiou que a Odebrecht mantinha esquema com a Itaipava através da qual a cervejaria fazia doações eleitorais no Brasil e era ressarcida no exterior.
Segundo a Folha apurou, além da estratégia para mascarar a doação, a Odebrecht utilizou a cervejaria para gerar fluxo para seu Departamento de Operações Estruturadas, setor que contabilizava pagamentos de propina. A empreiteira adquiria notas em reais da cervejaria, que tinha grande quantidade de moeda no Brasil devido aos bares e pequenos pontos de venda espalhados pelo país. O reembolso ao grupo era feito em contas no exterior. Sobre o esquema, o ex-presidente e herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht, afirmou, também em depoimento ao TSE: “Conheço [o caso] da Itaipava. Ela fazia doação oficial e a gente encontrava uma maneira de reembolsar”. “Eu tinha um problema que não consegui operar os créditos que eu tinha prometido. Não conseguia doar aquilo que tinha acertado. Aí, acho que usou a Itaipava e alguns outros terceiros”, disse Marcelo. O grupo Petrópolis pertence ao empresário Walter Faria e atuou, segundo Benedicto Junior, como laranja para doar R$ 40 milhões a campanhas eleitorais de 2014.
A reportagem da Folha cita a chapa Dilma-Temer e os partidos PDT, PSB, DEM, PT, PMDB e PCdoB como beneficiários.
Porém, quando vazou a famosa lista da contabilidade paralela da Odebrecht, apreendida na casa do executivo Benedicto Barbosa Silva Júnior, ficou claro que a Odebrecht havia feito doações eleitorais através de duas distribuidoras ligadas à cervejaria Itaipava, a Leyroz de Caxias e a Praiamar.
À época, o próprio Aécio Neves admitiu as doações (ver acima).
O Viomundo, depois da leitura da íntegra das planilhas da Odebrecht, reportou a respeito das eleições de 2010:
O senador Aécio Neves, em uma postagem no Facebook, admitiu ter recebido R$ 1.696.000,00 da Leyroz em 2010, quando foi candidato ao Senado. Naquele ano a empresa fez doações a outros candidatos tucanos: José Anibal, Arthur Virgílio, Jutahy Magalhães Junior, Antero Paes de Barros, Antonio Duarte Nogueira Jr. e Bruno Araújo. Tudo com recibo e declarado. A Leyroz também colocou dinheiro nas campanhas de José Serra ao Planalto (R$ 1,2 milhão) e Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo (R$ 600 mil). Uma pergunta que não cala: por que uma empresa de Duque de Caxias, no Rio, doaria a um candidato a governador de São Paulo e a um político que pretendia se eleger deputado federal por Pernambuco? No total, em 2010, a empresa de Duque de Caxias deu mais de R$ 4,5 milhões ao PSDB, cerca de 25% de suas contribuições eleitorais daquele ano. Já a Praiamar doou mais R$ 1.300.000, 00 às campanhas do PSDB em 2010. Na lista do TSE, foram R$ 24 mil para o candidato ao Senado Aécio Neves, R$ 100 mil para o candidato ao governo paulista Geraldo Alckmin e R$ 300 mil para o postulante tucano ao Planalto, José Serra.
As planilhas da Odebrecht revelaram doações a gregos, troianos e marcianos, num amplo espectro político-ideológico.
Por que, no entanto, isso não é refletido nas manchetes dos jornais?
Separação de chapa, como? Os recursos arrecadados elegeram a presidente juntamente com o seu vice. Ora se os recursos arrecadados pelo vice estão desvinculados da chapa, então ele não foi eleito. Este argumento de separação de chapa não passa de conversa mole para boi dormir.
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