quarta-feira, 1 de março de 2017

Sandro Mabel, o sinistro assessor de Temer

Por Renato Rovai, em seu blog:

O escarafunchar dos documentos do Tabapuã Papers parece ser infindável. A cada nome, endereço, empresa ou grupo que se vai acessando surge um novo fio da meada que leva a investigação jornalística para outro caminho.

A Stargate do Brasil, empresa de Yunes com Arlito Caires Santos, fundada a partir de uma offshore, tem como endereço a Avenida Takaoka, 4384, sala 605.

Na checagem do endereços de outras empresas neste mesmo local e do seu quadro societário eis que surge a Oxitec, cujo objeto social é muito próximo das empresas de Yunes e Arlito Caires abordadas nessa matéria.

A Oxitec está localizada na Avenida Yojiro Takaoka, 4384, sala 701, e foi constituída para fazer a “gestão de ativos intangíveis não financeiros e holdings de instituições não-financeiras”.

Seu capital é baixo, 1 mil reais. Mas duas coisas chamam a atenção. A primeira, o nome de um dos seus sócios, Sandro Antonio Scodro, mais conhecido como Sandro Mabel, ex-deputado federal pelo PMDB-GO e considerado um dos homens mais fortes do governo Temer. Ele não tem cargo de fato e nem salário no Palácio, mas é um assessor especial e manda.



A segunda coisa a chamar a atenção é a data da constituição da empresa, 8/9 2016. Nove dias após o Senado confirmar o impeachment de Dilma.



Mabel, o lobista de Temer

Há várias matérias sustentando a força e a influência de Mabel no governo Temer, numa delas, no site Antagonista, conhecido pela defesa do golpe e do atual governo, ele é chamado em título de “o lobista de Temer”.

E definido assim nas duas primeiras linhas da nota:

“Michel Temer instalou um lobista no Palácio do Planalto.

Trata-se de Sandro Mabel, que manda e desmanda no governo.”

Mabel é sócio de Otavio Hiroyuki Harano na Oxitec. Harano é dono entre outras empresas da rede de supermercados Shibata, que tem várias unidades na região do Vale do Paraíba e no Litoral Norte de São Paulo.

Mabel é de Goiás e seu sócio é do Vale do Paraíba. Nenhum deles é de Santana do Parnaíba ou tem seus negócios nas cidades próximas. Por que então teriam decidido criar uma empresa exatamente no mesmo prédio da Stargate de Yunes, que também foi assessor especial de Temer?

Além da coincidência dos endereços também há coincidências nas áreas de atuação da Stargate e da Oxitec.

Homem do Cunha

Uma reportagem da revista Época revela um pouco mais de quem é Sandro Mabel para Temer.

“Do 3º andar do Palácio do Planalto, mesmo piso em que fica a sala do presidente da República, Michel Temer, despacha o ex-deputado Sandro Mabel, do PMDB. Empresário milionário, o veterano Mabel atua como assessor especial de Temer para assuntos relacionados à Câmara dos Deputados, que conhece como poucos. Mabel é presença frequente e prestigiada ali. Neste ano, já articulou, a mando do governo, votos para tentar salvar o colega de partido, Eduardo Cunha, atuou na escolha do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM, e compareceu às votações decisivas do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Quem fala com Mabel sabe que ele é uma das vozes do governo Temer.”

Na época do impeachment uma nota do colunista Lauro Jardim de O Globo também colocou Sandro Mabel no centro das atenções.

Segundo Jardim, ele “prometeu ao grupo de quatorze deputados do Partido da República (PR) 2 mil dos 30 mil cargos que o PT deverá desocupar caso Michel Temer assuma o Palácio do Planalto – o que equivale a 142 cargos por parlamentar”.

O blogue tentou entrar em contato ontem com Sandro Mabel via seu perfil oficial no Facebook, mas não obteve retorno.

Para entender o caso:

No dia 24, este blogue publicou a primeira matéria sobre os documentos do Tabapuã Papers, criado em 31/12 do ano passado.

A partir disso, o Anonymous entrou no jogo e espalhou a documentação na rede.

Na sequência, outros blogueiros começaram a destrinchar o material.

O Miguel do Rosário, do Cafezinho, fez uma matéria chamando a atenção para a sociedade de Roberto Marinho na Maraú, empresa da qual o filho Marcos de José Yunes se torna sócio logo depois da sessão do impeachment.

O Azenha chamou a atenção para a ZHouse, empresa dos Marinhos, que acaba ficando com uma parte da Maraú.

Nassif fez dois textos abrindo novas trilhas do material e num deles destaca o banco Pine, uma parte importante dessa história e que ainda merece um olhar mais atento.

Em outro texto Nassif também joga luzes sobre a Maraú.

Ontem este blogue publicou outra matéria que revela uma teia de empresas por baixo da Stargate.

Antes de iniciar a série o blogue fez uma matéria introdutória para explicar as relações de Yunes e Temer.

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